URUAÇU-HISTÓRIA

DA REDAÇÃO, COM COLABORADORES

5. A criação do município

A notícia de elevação do distrito de Sant’Ana à categoria de município, enviada por José Fernandes ao Coronel Gaspar e da qual fora portador Júlio Antunes da Silva, encheu de justo orgulho e júbilo toda população santanense. A nova correu veloz, atingindo os distritos de Amaro Leite e Descoberto, que, como Sant’Ana, eram subordinados ao município de Pilar.

A jovem comunidade, localizada na média distância entre aquelas duas vilas e Pilar, era passagem forçada para quem, vindo do norte, demandasse à sede do município, situada do lado sul.

Criado o município de Sant’Ana, embora centenariamente mais novo que os lendários sertões de Amaro Leite e Descoberto, estes dois últimos distritos ficaram subordinados ao de Sant’Ana, já que se reduzia de metade a distância entre a sede e os povoados.

Da cidade de Pilar a Porangatu, antigo Descoberto, a distância era de 45 léguas, e Amaro Leite ficava a um terço dessa distância para cá, na direção de Sant’Ana. Já este distrito se situava a 12 léguas, ou 72 quilômetros, dois dias de viagem a cavalo, para quem de Amaro Leite (hoje Mara Rosa) ou de Descoberto quisesse chegar à sede de seu próprio município para registrar uma escritura de imóvel, tirar documentos, obter decisões do Poder Judiciário etc.

Com a criação do município de Sant’Ana, resultante da elevação do distrito de mesmo nome, esses atos, ligados à justiça e a cartórios, seriam aqui mesmo resolvidos, trazendo, assim, a criação do novo município enormes benefícios e facilidades para a gente do norte. Por essa razão, os povos de ambos os distritos se rejubilaram com a criação de Sant’Ana, e os seus chefes políticos – dentre outros, Benedito Coelho Furtado, Aristóteles Ribeiro de Freitas, Otávio Alves, José Maurício de Moura, José do Carmo, todos de Amaro Leite e Euzébio Martins, Adelino Américo de Azevedo e Eudóxio Pinheiro, Francisco Borges, Ângelo Rosa de Moura e muitos outros, de Porangatu (antigo Descoberto) – congratularam-se com o Coronel Gaspar e seus filhos pela brilhante vitória, mercê da Revolução de 30, de Getúlio Vargas, no país, e de Pedro Ludovico Teixeira, em Goiás.

Das duas comunidades vieram representantes para, pessoalmente, expressar o contentamento do povo de cada uma delas pela instituição do novo município, sonho sempre acalentado pelo Coronel Gaspar e demais Fernandes, agora transformado em realidade, ao ser concretizado por ato do interventor em Goiás.

Os ilustres visitantes foram festivamente recebidos pelo pai Gaspar, por sua esposa, dona Cândida, apoiados pelos tios.

No dia seguinte à chegada, Adelino Fernandes, um dos filhos do Coronel, ofereceu aos conspícuos cidadãos um lauto banquete, concentrando, num abraço confraternal, as elites dos três distritos irmãos, que durante os discursos aplaudiram a Revolução e os chefes Getúlio e Pedro Ludovico. Os comensais se mostraram entusiasmados com fartas doses de requintado vinho do Porto e do saboroso licor de canela, especialmente preparado pela extremosa esposa do Coronel Adelino, dona Mariquinha Ribeiro de Freitas, e por suas filhas, as graciosas meninas Adelaide, Sanica, Colá.

Horas bem vividas foram aquelas: os ilustrados hóspedes não se cansavam de repetir a manifestação de seu contentamento, e o povo de Sant’Ana, por intermédio dos representantes, expressava calorosamente a gratidão pela valiosa solidariedade dos dois distritos.

Um mês depois desse memorável evento, o Coronel Gaspar recebeu, vindas pelo correio, correspondências enviadas de Goiás, por Benedito Ribeiro de Freitas, dando conta da publicação no Correio Oficial do Estado do decreto da criação do município e fixação de seus limites. Essa notificação era acompanhada de uma carta de congratulações, de um exemplar do órgão oficial, do qual guardo ainda uma fotocópia. (…).

Publicado o decreto que criou o município de Sant’Ana, hoje, Uruaçu, o Coronel Gaspar e os filhos preocuparam-se com a elaboração do programa das solenidades de instalação do novo município (texto transcrito fielmente do livro A família Fernandes e a fundação de Uruaçu: Reminiscências, páginas 156 a 157. Cristovam Francisco de Ávila. Editora Bandeirante Ltda. Goiânia. 2005). Postagem original no site do JORNAL CIDADE: setembro de 2005.

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