HISTÓRIA DE URUAÇU [Publicado originalmente, neste espaço, na primeira quinzena de setembro de 2013; e, na edição de 15/09/2013
[1º/julho/2013
I – QUADRO POLÍTICO
Começo do Século Vinte
fim do século passado
O poder provinciano
Exercia-se alternado
Entre duas oligarquias
Guiadas pelas famílias
De Bulhões e de Caiado
Não era civilizado
O poder municipal
Pois não existia respeito
Do ganhador ao rival
Toda glória ao vencedor
Reservado ao perdedor
Tudo que se vê de mal
Quando mudava o partido
No poder estadual
O que se dava aos vencidos
No âmbito municipal
Somente impostos e taxa
Cadeia, multa e borracha
– castigo policial –
II – A FAMÍLIA
Na vila de São José
No estado de Goiás
Os Fernandes de Carvalho
Então eram os maiorais
O poder mudou de lado
Mandante virou mandado
E não teve pra eles mais
Dos Fernandes de Carvalho
O seu líder era Gaspar
Coronel mui ponderado
Grande líder popular
Comandava sua gente
De forma inteligente
Competente pra mandar
Dos Ribeiro de Freitas
O que era deputado
Representava o clã
No governo do estado
Fernandes e ribeiros
Foram sempre companheiros
Lutando do mesmo lado
O deputado era sogro
Duma filha de Gaspar
Dois corpos uma cabeça
No jeito de liderar
Na capital do estado
Benedito, o deputado
Em São José, o Gaspar
Por conveniência política
Ou mesmo materiais
“Se uniram” as famílias
Por laços casamentais
Matrimônios arranjados
Porém nunca contestados
Se eram Bons para os casais
Um filho de Gaspar
Com a filha do deputado
Uniram-se em matrimônio
Casamento encomendado
Um filho do deputado
Com a filha de Gaspar
Igualmente se casaram
No civil e no altar
Aquelas duas famílias
Compunham o mesmo clã
Origens dos mesmos troncos
O porvir e o amanhã
Não concebo uma figura
Que venha dessa mistura
Sem pecar contra Tupã
III – A MUDANÇA
Os Fernandes de Carvalho
Se sentiam amparados
Protegido por Gaspar
Seu chefe idolatrado
Que para uma decisão
Convocou reunião
Ficou tudo combinado
Vender as propriedades
E sair daquele lugar
– Há momentos na batalha
Que melhor é recuar –
Buscar vida mais tranquila
Fundar a própria vila
A que possa comandar
Os preparativos da viagem
Consumiram alguns meses
Venda das propriedades
Abate de algumas reses
O que não era pra levar
Mas não devia abandonar
Outra venda que se fez
Estocou-se mantimento
Pra passar um ano inteiro
Rapadura e toucinho
O que se guardou primeiro
Também arroz e feijão
Farinha e café em grão
E criações de terreiro
Dez carros de bois lotados
“Trem” de casa e
mantimentos
Dez bobos numa carroça
Puxada por dois jumentos
Entre eles muitas brigas
Por causa das intrigas
De um bobo ciumento
A caravana partiu
São José ficou pra trás
A poeira da estrada
Sujou o céu de Goiás
Gaspar leva o seu clã
Em busca dum amanhã
De trabalho e muita paz
Trinta léguas de seu pago
Está a vila de Pilar
Onde os Fernandes vão
Por pouco tempo morar
Até achar uma fazenda
Boa que esteja à venda
E tenham paz para morar
Saltando o Maranhão
Município de Pilar
A duas léguas do rio
Conheceram um lugar
Tal e qual se pretendia
Para fixar a família
E crescer e prosperar
IV – A FAZENDA
Adquirida a fazenda
Voltemos a nossa história
A história de Uruaçu
Cidade cheia de glória
Terra linda de Santana
Padroeira Soberana
Que não me sai da memória
Acampados em Pilar
Em paz e tranquilidade
O Coronel mais a família
Vasculharam a cidade
Buscando informação
De como encontrar um chão
Para sua comunidade
Se lembraram de voltar
Ao Porto do Maranhão
Onde viram a fazenda
Que lhes deu boa impressão
A volta não foi à toa
A fazenda muito boa
Negócio de ocasião
Escrivão do primeiro ofício
Joaquim Gomes Tição
No livro número quinze
Formalizou a transação
Vinte e um de abril de dez
Por só um conto de réis
Mudou a fazenda de mão
Figurou a família Mendes
Como donos vendedores
Os Fernandes de Carvalho
Que foram os compradores
Desse grande trato de terra
Do Maranhão até a serra
Um “ermo sem moradores”
Uma gleba muito grande
Tamanho descomunal
Do porto a Serra Dourada
Do Passa Três ao Taquaral
Nesses pontos se encerra
A medida dessa terra
De beleza sem igual
Saindo de São José
Por amor à liberdade
Desejava o Coronel
construir uma cidade
Ainda que não igual
A sua terra natal
Amenizaria a saudade
Adquirida a fazenda
Nela estabeleceram
O coronel e a família
E quantos a conheceram
Cresceram e progrediram
Houve deles que cuspiram
No prato em que comeram
Deu-se nome à fazenda
Senhora do Bonsucesso
Construiu-se então a sede
Com a marca do progresso
Casa grande pra Gaspar
Pra cada filho um lar
Tudo isso um sucesso
Dum capão perto da Sede
Várias minas existentes
Tirou-se um rego d’águas
Águas puras transparentes
Pra consumo das moradas
Rio abaixo implantadas
Do coronel e sua gente
O capão tinha beleza
Que a nada se compara
Muito tempo preservado
Por ser uma coisa rara
Mas chegou a ambição
O bosque virou carvão
Depois Parque das Araras
Água em abundância
Presente da natureza
Correndo dentro do rego
Como é bela a correnteza
A força que precisava
E as máquinas que tocava
Produziam grande riqueza
Monjolo socando arroz
Engenho de rapadura
Roda d’água pra moinho
– queda d’água tinha altura –
Farinha, açúcar, fubá
De tudo que a terra dá
Tinha ali grande fartura
Morar assim a família
Reunida num lugar
Motivo de segurança
Defesa familiar
Proceder de outro jeito
Poderia ficar sujeito
A malfeitor atacar
Distância de muitas léguas
Mais próximos moradores
Fato que facilitava
A ação de malfeitores
Agrupar-se com certeza
Era uma boa defesa
Contra os salteadores
Homens em suas fazendas
Mulheres ficam por cá
Protegidas pelo grupo
Na casa de pai Gaspar
Assim com tranquilidade
Cuidam da propriedade
Pra crescer e prosperar
Campo formoso mais perto
Coube a Chico, primeiro
Ponte Alta mais além
Ao Aristides Ribeiro
Para o filho Enéas
Aquele das boas ideias
Foi entregue o Barreiro
E para os demais filhos
Foi distribuído assim
Para Artur a Palmeira
A Neco o Bom Jardim
Zeca, Vereda de Lage
Com bonita paisagem
E Conceição coube
a Joaquim
Para o Major Adelino
Coube a Paineira
Que por causa do seu nome
Deixei para derradeira
Para evitar confusão
Com a do outro irmão
Que tem nome de Palmeira
V – FUNDAÇÃO DA CIDADE
Instalados na fazenda
É hora de trabalhar
E que a gente de fora
Venha para ajudar
O processo é demorado
Pra formar um povoado
Ao ponto de emancipar
Veio muita gente do Norte
Do estado do Maranhão
Vieram muitos baianos
Oriundos do Sertão
Com todos veio o sucesso
Crescimento e progresso
De Santana e região
Veio gente do Ceará
Famílias do Piauí
Que vieram trabalhar
Com quem já tava aqui
Aqui se estabelece
Com isso Santana cresce
Como cresce o buriti
A beleza do lugar
E mais as facilidades
Liberadas por Gaspar
Doando a propriedade
De um pedaço de chão
Pra fazer sua construção
Com inteira liberdade
Assim depressa cresceu
A nova povoação
Nem três anos se passaram
Da primeira construção
Já havia tanta gente
Carecendo urgentemente
Da cidade o embrião
Como embrião da cidade
Projetou o herói Gaspar
Um patrimônio para a Igreja
Que a família pudesse dar
Seria essa doação
Um bom pedaço de chão
Para a Igreja lotear
O conselho de Família
Em mil novecentos e treze
No decurso do outono
Já decorridos dois meses
Na casa de Pai Gaspar
Reuniu pra combinar
Como noutras tantas vezes
Vinte de maio de treze
Foi o dia da doação
Nesse dia se concebeu
Da cidade o embrião
Como registrado em ata
Não pode ter outra data
Como dia da fundação
Imóvel assim doado
Ficou então definido
Onde seria o povoado
Por força do estatuído
No documento de doação
Que foi escrito a mão
Nem por isso desvalido
Escrito particular
Feito pelos doadores
Descendentes de Gaspar
Da fazenda os senhores
Tinham plena liberdade
Pra dar a propriedade
Os donos e possuidores
Foi a tal liberalidade
Das maiores que se viu
Em valor e quantidade
Que o documento incluiu
Porém nessa doação
Fora imposta condição
Donatária não cumpriu
Era condição imposta
No papel de doação
Não se vendessem os lotes
Fossem dados ao cidadão
Que quisesse construir
Viesse morar aqui
Fosse rancho ou mansão
Em vez de serem vendidos
Deviam ser aforados
Por um pequeno foro
Previamente fixado
E pago pelo foreiro
Direto ao fabriqueiro
Que seria nomeado
Ocorreu que a Igreja
Não cumpriu a condição
Vendendo todos os lotes
Que seriam do povão
Pensando só no dinheiro
Relegando o fabriqueiro
Prevaleceu a ambição
VI – A CAPELA DE SANTANA
O capítulo a seguir
O sexto desta história
Juquinha de Sá Maria
Se não me falha a memória
Escreveu por encomenda
Inda que o vulgo não entenda
Não teve paga nem glória
Este texto do Juquinha
Aluno do Maranhão
Reproduz o original
Portanto sem escansão
Flui seu verso livremente
De uma beleza eloquente
No ritmo duma canção
Mil, novecentos e vinte e um
Junho, vinte e cinco
Fazenda Bonsucesso
Bela como um brinco
Em reunião mui singela
Fundou-se uma capela
Construída com afinco
Na mesma reunião
Fez-se abaixo-assinado
Todos contribuíram
Numerário de contado
Arrecadado o dinheiro
Pra pagar ao empreiteiro
O serviço foi começado
Os cobres conseguidos
Na dita subscrição
Foi um conto e duzentos
– Em moeda de então –
Passando-se o dinheiro
Para as mãos do obreiro
Pra pagar a construção
O construtor dessa obra
Vale a pena revelar
Um cidadão de valor
E sem querer parodiar
“O seu nome é ENÉAS”
Dono de grandes ideias
E era filho de Gaspar
Conheci o Seu Enéas
Na sua Fazenda Barreiro
Onde ele fez uma hidrelétrica
Sem auxílio de engenheiro
O lugar todo iluminado
Luz elétrica pra todo lado
Da casa grande ao chiqueiro
Quando luz elétrica era
Privilégio da capital
Enéas fez sua usina
Utilizando o material
Disponível na propriedade
Adiantou-se à cidade
Achando isso natural
Passemos à Capela
Deste CORDEL, o motivo
Uma parte Dr. Cristovam
Registrou em seu livro
Mas outra parte da narração
É fruto da tradição
E pesquisas de arquivo
Quarenta palmos
de comprimento
Por vinte e seis, de largura
As paredes de adobe
Com três palmos
de espessura
O piso feito em madeira
Os esteios de aroeira
Trinta palmos de altura
A altura que se revela
Medida desde o chão
Não é só de pé-direito
É altura da construção
Essa medida que vem à luz
Era até o topo da cruz
Nosso símbolo de devoção
Os caibros eram roliços
O travamento era lavrado
Tudo em madeira de lei
Conforme o combinado
Ripas de caranã madura
Que até cem anos dura
Sustentando o telhado
O piso de madeira
Como acima já foi dito
Em tábuas de aroeira
Plainadas, muito bonito
O melhor da carpintaria
E em tudo obedecia
O padrão do gabarito
As telhas eram comuns
Fabricadas em olaria
Com argila de primeira
Oleiro deu garantia
Palavra de homem honrado
Um fio de barba arrancado
Era o título que valia
O altar era rústico
Porém de grande beleza
Era o nicho da Padroeira
Que sem ostentar riqueza
Abrigava a Poderosa
Que reinava majestosa
Em sua santa altiveza
No interior da capela
Um coreto foi construído
Onde apresentava um coral
Muito bem constituído
Com Ti Tone e Tia Floza
Combinação melodiosa
Ao gosto do bom ouvido
Mais tarde nesse coreto
Apresentou-se uma bandinha
Com destaque pra magia
Da flauta do Zequinha
Roque, músico exigente
Nenen e Domingos Vicente
O melhor que Goiás tinha
Concluída a construção
Faltava pra inaugurar
A Santa Padroeira
Dona daquele lar
Foi-se então em viagem
Para obter a imagem
Na vila de Pilar
Primogênito Chico Fernandes
Incumbido por Pai Gaspar
Dois dias a cavalo
Da fazenda até Pilar
Chegando à cidade
Negociou com autoridades
A imagem que foi buscar
Uma imagem de Santana
Resplandecente de beleza
Do tempo colonial
De arte portuguesa
A mãe de nossa Senhora
Que o Mundo Cristão adora
Bela e santa por natureza
Pelo triunfo da missão
Chico, de orgulho peito cheio
Regressou trazendo a Santa
Na cabeça do arreio
Embora viajando a passo
Sentiu grande cansaço
Mas a Santa com ele veio
Num refugo do cavalo
A Santa escapuliu
Chico grudado com ela
Pelo mau jeito que caiu
Na queda quebrou um braço
Suportou dor e cansaço
Mas a imagem não partiu
Na Fazenda Bonsucesso
Nossa Santa Padroeira
Foi recebida com festa
Dança de roda e fogueira
Teve baile pra moçada
A festança foi animada
E durou a noite inteira
No dia quinze de maio
Houve a inauguração
Fez-se a festa do Divino
Com alvorada e procissão
Por muitos anos repetida
Mas a capela foi demolida
E acabou-se a tradição
A capela de Santana
Não tinha luxo nem vitrais
Mas era uma igreja linda
Que não se imitará jamais
Sua beleza estava na fé
E enquanto esteve em pé
Foi a fé de nossos pais
No altar da Padroeira
Nossos antepassados
Receberam o batismo
Também foram casados
Pela fé nos sacramentos
– Batismos e casamentos –
Fomos todos embalados
Instalada a Diocese a
Capela abandonada
Virou biblioteca
Até ser derrubada
Finalmente a prefeitura
Num ato de loucura
Deu a história por acabada
Essa mesma prefeitura
Que mutilou a história
Um arremedo da capela
Ela fez buscando glória
Na verdade uma emenda
Muito aquém da encomenda
Ainda assim, uma vitória
Hoje, da capela de Santana
Só saudade e nada mais
Das noites de novenas
Das alvoradas matinais
Leilões, fogueiras e prendas
– Das famílias por oferendas –
Nos meus tempos de rapaz
Lembrança que dói na alma
E responde aqui no peito
Uma dor que não se acalma
E me deixa contrafeito
Um sentimento que
me invade
A dor dorida da saudade
Que me maltrata desse jeito
Se eu pudesse voltar o tempo
E nos dias de folguedos
Contemplar
– de azul e branco –
As meninas com
seus segredos
Fingindo estar rezando
Na verdade cochichando
Sobre príncipes, sonhos e medos
VII – DISTRITO DE SANTANA
No ano de vinte e quatro
O Intendente municipal
Premiou a Bonsucesso
Com status distrital
Sendo o povoado grande
Projeto Neco Fernandes
Virou diploma legal
A área do distrito
Ficou assim limitada
Pela Lavrinha ao sul
A oeste Serra Dourada
Ao leste o Maranhão
Ao Norte, Mula, o ribeirão
A divisa decretada
É preciso esclarecer
a data da fundação
Que não é quatro de julho
Como pensa o povão
Não querendo ser hostil
Mas foi doze de abril
A data da doação
A data de aniversário
Carece ser retocada
Não foi em quatro de julho
Que a cidade foi fundada
Dia da emancipação
Não é data de fundação
Mas deve ser lembrada
VIII – EMANCIPAÇÃO DE SANTANA
Julho de trinta e um
Distrito emancipado
Sim, é de quatro de julho
O decreto do estado
Que a pedido de Gaspar
E líderes do lugar
Foi o diploma assinado
Julho quatro trinta e um
Ato governamental
Cria a vila de Santana
Decreto-lei estadual
Vila então equivalia
Ao que é hoje em dia
O ente municipal
A vila então criada
Era um mundão aberto
Território de Santana
Amaro Leite e Descoberto
Dividia com Mato Grosso
Esse estado colosso
Que daqui não está perto
Tinha nosso território
Essa confrontação
Do lado Sul Pirenópolis
Lado Leste Maranhão
A Oeste Rio Araguaia
Infestado de arraia
De venenoso ferrão
Na divisa norte, Peixe,
Uma terra de tradição
Com a sede incrustada
Na margem do Maranhão
Terra do Bena Queiroz
Poderosa e grande voz
Comandante do sertão
IX – INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO
Foi no dia três de setembro
Do ano de trinta e um
Que “instalou-se” o município
Festa bela e incomum
Discurso, foguete e dança
Bebidas e comilança
Acabando-se o jejum
Distrito de Descoberto
Amaro Leite e Santana
Nasce a nova unidade
Da bela terra goiana
E os pupilos de Gaspar
Poderão comemorar
Essa vitória bacana
Lá na casa do prefeito
Fez-se toda atividade
Pra a posse dos nomeados
Comandantes da cidade
Dos pequenos e dos grandes
Do prefeito Chico Fernandes
A maior autoridade
Nos atos de importância
Em que haja reunião
Tudo em ata se registra
Com máxima precisão
Muito mais essa vitória
Capítulo da História
Dessa grande região
Juiz Moacir Ribeiro
Preside a reunião
Pelos presentes eleito
Para ocupar a função
Para redigir a ata
Outro grande de gravata
O advogado Sebastião
Instalado o município
O prefeito já empossado
Abílio Teles Secretário
Para o cargo nomeado
Feliciano o fiscal
E juiz municipal
Foi Gaspar o consagrado
Isaías Efe de Carvalho
Pra escrivão foi nomeado
Zé Fernandes promotor
Por todos foi aprovado
E ao fazendeiro Enéas
Aquele das boas ideias
O posto de delegado
Zé Bigu foi nomeado
Oficial de justiça
Um emprego sem trabalho
Só para encher linguiça
Não combina com Bigu
Filho de Uruaçu
Que não rima com preguiça
X – PRIMEIRO PREFEITO ELEITO
Ano de trinta e sete
Eleição para prefeito
Escolhido pelo povo
Primeiro então eleito
Neco filho de Gaspar
Teve como auxiliar
Só pessoas de respeito
O prefeito foi cassado
Uma vil perseguição
Interventor nomeado
Numa longa sucessão
Sofrimento para o povo
Suportando o estado novo
E o Getúlio por mandão
XI – MUDA O NOME DE SANTANA
Na década de quarenta
Em sua primeira metade
Havia muita confusão
Com os nomes das cidades
Correspondência urgente
Chegava frequentemente
A outra comunidade
Muitas cidades homônimas
Cada qual em um estado
Impedia ao correio
Um trabalho organizado
Pra debelar esse mal
Por decreto federal
Tudo foi renomeado
Previamente o IBGE
Consultou a população
Sobre a mudança do nome
E pleiteou sugestão
A sugestão não agradou
Então o Governo adotou
A sua própria opinião
Uruaçu era Santana
Itapaci era Floresta
Niquelândia, são José
Que mudou sem fazer festa.
Esta, a lista aqui de perto
Porangatu, descoberto
Mas lista não é só esta
XII – ETIMOLOGIA DE URUAÇU
Não! Uru não é um pássaro
É uma ave galiforme
Não é grande nem pequena
No tamanho é conforme
A uma perdiz bem graúda
Ou uma galinha miúda
Mas dizem que é enorme
Mas poderá ser também
Cesto em palha de palmeira
Que serve para os indígenas
Em suas andanças ligeiras
Guardarem seus badulaques
Anzóis, cachimbos, polaques
Substituindo a algibeira
Não pode ser uma ave
O uru de Uruaçu
Conhecida capoeira
Também chamada uru
Essa ave galiforme
Tem tamanho uniforme
Não podendo ser Açu
Também não pode ser cesto
De tamanho regular
Sendo cesto muito grande
Vai descaracterizar
Deixando de ser uru
O nome Uruaçu
Não pode significar
Na língua de antiga tribo
Que habitou neste lugar
Uru então será rio
E permite determinar
URUAÇU É RIO GRANDE
Cuja beleza expande
E ninguém pode contestar
XIII – SEGUNDO PREFEITO ELEITO
Extinta a ditadura
Faz-se nova eleição
Aristides Erre Freitas
Novo chefe da gestão
E o secretário do prefeito
Estudante de direito
Tem importante missão
O jovem secretário
Importante intelectual
Cristovam Francisco de Ávila
Estudava na Capital
Chamado pelo intendente
Embora fosse parente
Foi uma escolha ideal
Cristovam levou consigo
Suas ideias de academia
Reformou a administração
E tudo que se fazia
Tinha sua orientação
Punha ali o coração
E a sua sabedoria
A gleba da Igreja
Inda não era dividida
Estava tudo em comum
Sem lotes sem avenida
Cristovam loteou a terra
Arrostou uma grande guerra
Pra ser a ordem cumprida
Certo que o loteamento
Incomoda a comunidade
Interesses contrariados
Aflora-se a maldade
Mas Cristovam foi em frente
Apaziguou a sua gente
E melhorou nossa cidade
XIV – FINAL
Interrompe-se aqui
A história de Uruaçu
A cidade da ave grande
O galiforme uru
Com hábitos de galinha
Não é uma avezinha
Mas não chega a ser Açu
- 10/05/2023 09:16:02 - LAMENTO EM DUETO
- 15/08/2019 20:12:56 - Sant’Ana Terra Adorada
- 01/07/2019 06:13:50 - Pássaro grande
- 10/02/2019 16:11:57 - Acróstico
- 14/01/2019 18:30:30 - DONA LAURA
- 20/08/2018 12:02:31 - A filha de criação
- 04/07/2018 00:02:09 - HISTÓRIA DE URUAÇU [Publicado originalmente, neste espaço, na primeira quinzena de setembro de 2013; e, na edição de 15/09/2013
- 02/07/2018 22:58:32 - Carro a lenha
- 29/06/2018 18:01:23 - Breves considerações sobre os mandatos eleitorais
- 29/06/2018 17:09:03 - Falando de natureza
- 01/06/2018 17:29:28 - Honra e ética
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