SABOR DA LEITURA

DR. MARIANO PERES

Carro a lenha

Certamente alguém vai torcer o nariz e dizer que isso é fantasia de quem não tem o que dizer. Outros menos educados, dirão simplesmente: MENTIRA. É conhecimento geral que o motor a explosão, esse que é utilizado em todos os automóveis em que se usa gasolina, gás ou etanol, quando foi inventado, o combustível então usado era o gás. Mas o gás então disponível para uso comum do povo era gás encanado, fato que impedia a utilização dos motores a explosão em algo móvel como o carro. Então alguém inventou o carburador, uma máquina puramente mecânica, capaz de converter gasolina em gás. Essa maquininha incrível foi utilizada até o início do século XXI, quando foi substituído por equipamento eletrônico, mais eficiente e mais confiável. Esse motor a explosão de que falo é aquele que o povo chama de motor a gasolina. Entre os entendidos, é aquele conhecido motor de quatro tempos (ADMISSÃO, COMPRESSÃO, EXPLOSÃO E DESCARGA).

Há também o motor de dois tempos muito utilizado nos equipamentos de pequenas embarcações, e pequenos veículos, como ciclomotores. Isso inobstante, aqui no Brasil já funcionou a fábrica de automóveis DKV WEMAG, que utilizava motores de dois tempos. Um dos carros dessa fábrica era a excelente e conhecida VEMAGUET. Entretanto os usuários preferem os motores de quatro tempos por serem mais econômicos e mais confiáveis, não porque o sistema seja melhor, mas porque vem sendo aperfeiçoado desde a sua invenção na segunda metade do século XIX.

Mas “cadê” o tal motor a lenha? Alguém deve estar indagando. É para falar desse motor que estou elaborando esse texto. Pretendo com isso provocar algumas discussões sobre o assunto. Com efeito, nunca vi um gasogênio funcionando. Mas a final, o que é esse tal de gasogênio?

Aconteceu que no curso da primeira grande Guerra Mundial, faltava gasolina para o povo. A gasolina produzida era utilizada somente nos carros oficiais. O povo estava a pé. As máquinas acionadas a motor estavam paradas e a economia, de um modo geral se deteriorando pela falta dos motores, que foram silenciados pela falta de combustível. Então alguém teve a brilhante ideia de utilizar o gás produzido pela lenha, aquele gás que na fogueira de São João se transforma em labaredas, não somente nas festas juninas, mas também nas velas nas lamparinas, nos fogões a lenha. Inventou-se o “GASOGÊNIO”, um aparelho que extrai o gás da lenha. Limitando o fornecimento de ar para a queima, o gasogênio realiza uma combustão/oxidação incompleta, resultando no processo de gaseificação/gasificação, que produz uma mistura de gases genericamente conhecida como gás de síntese.

Vinte anos depois de sua invenção, o gasogênio chegou ao Brasil e, ainda hoje, existem carros rodando por aí, usando lenha como combustível.

Vale esclarecer que não somente da lenha pode ser extraído o gás de síntese, mas sim de qualquer material combustível sólido ou líquido.

A propósito do assunto, lembro-me de que há alguns anos, quando se falou muito e muito se fez na área de produção caseira de gás metano, vi em Britânia uma caminhoneta que funcionava com gás armazenado em um tambor, desses metálicos de duzentos litros. O gás era produzido a partir do estrume de bovinos, no biodigestor que o fazendeiro, dono da camioneta, tinha em sua fazenda. Segundo o motorista, o carro, com gás, funcionava melhor de que com gasolina. Fazendeiro. Se você cria gado, aproveite o estrume e produza gás para substituir o gás de cozinha e a gasolina em sua fazenda. Construa um biodigestor. O Dr. Valdir Bento Fiusa tem o projeto.

 

Uruaçu, 1º de julho de 2018.

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