Agro cria mais de 7 mil novos postos de trabalho em Goiás neste ano

Setor que cresce e emprega, o agro é sinônimo de trabalho e boas oportunidades para crescimento pessoal e profissional, tanto no campo quanto na cidade. Profissionais compartilham expectativas e trajetória de carreira.

Médica veterinária Saruy Guimarães: “Fiz muitos treinamentos, enquanto profissional, e sei o quanto aprender é fundamental para nosso crescimento pessoal e profissional” – Fotos: Comunicação Sistema Faeg/Senar. Foto da página principal (Arquivo): Marcello Dantas (https://www.facebook.com/levephotoart)

 

Mário César Resende de Paulo: “Intuito é entender as transformações que impactam o agro e adquirir uma propriedade. Quero me tornar um produtor rural e seguir na sublime batalha de ajudar o Brasil a alimentar o mundo”

 

O agro é sinônimo de trabalho e boas oportunidades para crescimento pessoal e profissional, tanto no campo quanto na cidade. De janeiro a julho deste ano, o setor agropecuário foi responsável pela criação de 7.064 novos postos de trabalho em Goiás, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. O levantamento também aponta que o segmento registrou saldo positivo de empregos em todos os meses de 2020. Isso significa que o número de admissões superou a quantidade de demissões, mês a mês. Só em julho, foram 1.649 novas vagas em atividades ligadas à agricultura, pecuária, produção florestal, pesca, aquicultura, somando com a indústria da área de alimentação – cuja matéria-prima tem origem animal e vegetal.

Segundo o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, apesar de a Covid-19 ter impactado diversos setores da economia, a agropecuária não parou as atividades ao longo do ano e isso refletiu de forma positiva na criação de empregos. “Enquanto outros segmentos passaram por dificuldades na contratação de mão de obra e por desemprego, a agropecuária se manteve na contramão dos índices, promovendo a inclusão de pessoas no mercado de trabalho e contribuindo para a geração de renda e o desenvolvimento de cidades”, relatou.

Antônio Carlos enfatiza que o agro contribuiu não só para criar novos postos de trabalho no campo, mas também por incentivar, principalmente nos últimos dois meses, a retomada de vagas em setores como a indústria. “Algumas áreas dependem do agro como fonte de matéria-prima para suas atividades, como é o caso da indústria de alimentos, que registrou um dos maiores saldos positivos de emprego no mês passado”, comemora.

O secretário acrescenta, também, que o setor agropecuário alcança resultados expressivos, principalmente na safra de grãos e em exportações, o que proporciona mais segurança para que produtores possam investir na atividade e, por consequência, oportunizar mais vagas de trabalho. Os números recordes alcançados pelo agro goiano e as ações voltadas para desenvolver o setor no Estado atraem cada vez mais a atenção de empresas e indústrias, o que permite, inclusive, investimentos na construção de novas unidades em Goiás.

Uma das novas vagas abertas em Goiás foi conquistada pelo médico veterinário, Sandro Velasco, de 27 anos. Ele foi contratado pela multinacional BRF para atuar na unidade em Rio Verde, região sudoeste de Goiás, exercendo o cargo de extensionista júnior. Sandro será responsável pelo acompanhamento de granjas, na área de recria e engorda de suínos em fase de terminação. Feliz em poder exercer sua profissão pela primeira vez e em integrar a equipe de uma empresa renomada, Sandro diz que tem sido bem recebido pelos colegas. “A cada dia tenho aprendido mais novidades sobre as etapas da BRF no ciclo de produção de suínos”, conta. Em agosto, ele finalizou cinco semanas de treinamento.

O bem-estar animal é foco do veterinário. “Interesso muito por este tema. Afinal, nada mais justo do que colaborar para a melhoria na qualidade de vida dos animais dentro e fora da empresa”, explica o médico veterinário. Sandro morava em Catalão, onde lecionava inglês em uma escola de idiomas. Se candidatou à vaga por meio dos Portais LinkedIn e Vagas.com. A seleção começou no mês de abril e a vaga surgiu quando o profissional que ocupava o cargo foi promovido a supervisor. “Foram três etapas, incluindo testes e entrevistas com profissionais de recursos humanos, gestores e sanitaristas”, relembra.

Sandro acredita que a pouca experiência com a suinocultura foi superada pela sua vontade e disposição em aprender e em entregar bons resultados. Sandro é curioso e deseja construir uma carreira na multinacional. Ele adora aprender novas línguas, atualmente está estudando francês e espanhol. Acredita que esta habilidade facilitará o acompanhamento de visitas de fiscais internacionais à multinacional.

Como forma de preparação, Saruy visitou, inclusive, a fazenda Caiçara, em Bela Vista de Goiás, do produtor Valdevi Ribeiro Guimarães. A propriedade possui 58 vacas em lactação, com produção diária de 1.060 litros, e é assistida pela técnica de campo do Senar Mais, Kellen Sousa Alves.

 

Emprego na maior Escola do Campo

Apaixonada pela produção leiteira desde pequena, a médica veterinária, Saruy Guimarães, de 28 anos, também está se preparando para assumir um novo desafio profissional. Ela acaba de ser credenciada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) para atuar como técnica de campo em bovinocultura leiteira. Saruy dará assistência técnica para 30 produtores de leite da região de Trindade, onde terá oportunidade de compartilhar a experiência acumulada em diferentes sistemas de produção leiteira.

Ela conta que é filha e neta de produtores de leite. “Desde a infância, já tinha vivência no campo, com produção de leite, em Palmeiras de Goiás”, relata. “Minhas duas paixões sempre foram equinos e bovinos leiteiros e, durante a faculdade, eu já fiquei na área de grandes animais”, resume. Enquanto universitária, participou do programa de Assistência a Bovinocultura Leiteira na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde teve contato com fazendas de sistemas de produção e produtividade diferentes.

O primeiro emprego foi na fazenda Leite Verde, com a produção do Leitíssimo, no Município de Jaborandi-BA. A marca produz leite UHT de alta qualidade, por meio de tecnologia neozelandesa. Ela retornou a Goiás para colaborar na criação de animais das raças gir leiteiro e girolando, na fazenda Mutum, em Alexânia, referência em genética própria.

Saruy afirma que o interesse em fazer parte da equipe do Senar Goiás surgiu quando ela trabalhava na fazenda Kiwi Pecuária, em Anápolis. A propriedade é uma fazenda modelo, que usa sistema de leite a pasto semelhante às propriedades da Nova Zelândia, só que adaptada às condições climáticas do cerrado, com suplementação. “Acompanhei um treinamento sobre qualidade do leite promovido pela consultoria QConz para os técnicos e supervisores de campo do Programa Senar Mais, em convênio com a embaixada da Nova Zelândia. Apresentei ao grupo como fazíamos a criação de bezerros da fazenda e tive oportunidade de conhecer a atuação da equipe de campo do Senar”, conta.

A experiência adquirida em diferentes equipes e sistemas de produção leiteira para propriedades de grande produção diária permitiram que a veterinária acompanhasse diversos problemas enfrentados pelos produtores e trabalhadores rurais. “Sempre podemos colaborar para encontrarmos novas soluções para o trato com os animais, o manejo de ordenhas e as questões de sanidade animal”, afirma.  Saruy quer auxiliar os produtores a conhecerem os diferentes sistemas que podem ser usados na produção leiteira. “Quero colaborar com a capacitação da equipe e com o resultado final da fazenda, começando pelos apontamentos referentes à produção. Estes dados são de suma importância”, destaca.

Ela quer ajudar o produtor a conhecer a realidade da sua propriedade para que os produtores de leite gerenciem melhor seus custos. “Tudo isso era muito natural nas fazendas onde estive e gostaria de mostrar ao produtor como isso pode ajudar na propriedade”, frisa. Ela destaca, ainda, o gosto pela capacitação. “Fiz muitos treinamentos, enquanto profissional, e sei o quanto aprender é fundamental para nosso crescimento pessoal e profissional.” Ela pretende conciliar a atividade de técnica de campo com a retomada da produção leiteira na fazenda dos seus pais em Palmeiras de Goiás. “Estou com as melhores expectativas possíveis. Com comprometimento e um trabalho bem realizado sempre podemos ganhar espaço”, resume. “O Senar investe na sua equipe. Prepara não só para área técnica, como para o gerenciamento e a gestão de pessoas. Espero ser uma profissional melhor e contribuir com cada produtor assistido para que ele alcance suas metas”, finaliza.

Como forma de preparação, Saruy visitou, inclusive, a fazenda Caiçara, em Bela Vista de Goiás, do produtor Valdevi Ribeiro Guimarães. A propriedade possui 58 vacas em lactação, com produção diária de 1.060 litros, e é assistida pela técnica de campo do Senar Mais, Kellen Sousa Alves. De acordo com ela, a maior conquista alcançada pelo produtor, com apoio da assistência, foi baixar custo de alimentação dos animais e ofertar uma alimentação de qualidade superior produzida na própria propriedade. Eles implantaram o sistema de piquete, tirando o gado da cocheira e do confinamento em tempo integral. Montaram o bezerreiro individual. Introduziram um subproduto (concentrado à base de cevada adicionado ao resíduo da extração do amido do milho e silagem). Com essas medidas sugeridas pelo Senar +, o gasto da propriedade com alimentação do gado caiu para 28,7% da receita. No ano de 2019, este custo representava 56% da receita da propriedade.

 

Crescimento e novos desafios

O campo é um terreno fértil para o desenvolvimento de uma carreira. A identificação com a agricultura também aconteceu desde pequeno para Mário César Resende de Paulo. Ele deixou a casa dos pais, aos 16 anos, para cursar a Escola Agrícola em tempo integral e estudou na Escola Agrotécnica Federal, em Ceres, hoje Instituto Federal Goiano (IF Goiano). Após a formatura como técnico agrícola, com licenciatura em agropecuária, fez graduação tecnológica em Gestão de Agronegócio e pós-graduação em Gestão Executiva. Aliando teoria e prática, aos 37 anos tem uma sólida carreira no campo.

O primeiro degrau foi o estágio na Agroquima, em Goiânia, no projeto Safristas, da empresa Dow Agrosciences. A experiência abriu as portas para o cargo de assistente técnico na DuPont do Brasil, atualmente chamada Corteva – multinacional americana, no ramo de proteção de cultivos e sementes. Na empresa, o rapaz alçou novas posições: assistente de vendas, analista de marketing e pesquisa, na qual pode colaborar nos testes a campo das inovações da empresa e no lançamento de novos produtos. “Foram 15 anos de trajetória e muito aprendizado na DuPont do Brasil. Encerrei meu ciclo como representante comercial da empresa. Foram cinco anos nesta atividade”. Ele conta que este cargo era o seu objetivo na empresa.

Com sede de novos desafios, Mário aceitou o convite da Tchê Produtos Agrícolas para liderar e gerenciar a implantação de uma nova loja do grupo na região da Estrada de Ferro. Um ano após abrir o canal de vendas em Vianópolis, Mário foi convidado para atuar na Helm do Brasil, uma multinacional de origem alemã, especializada em produtos químicos, matérias-primas e produção para as indústrias farmacêutica, de nutrição humana e animal, e de proteção de cultivos área em que atua. “A Helm é uma empresa de pós-patente que tende a crescer no mercado nacional e quero colaborar com as etapas deste sucesso”, afirma o representante comercial da multinacional. Para o executivo, o campo sempre foi um terreno fértil de boas oportunidades. Mário está sempre conectado aos avanços da agricultura. Ele se inscreveu no curso de Inovação e Tecnologias Digitais no Campo, oferecido pelo Senar Goiás, na modalidade de Ensino a Distância (EAD). “Intuito é entender as transformações que impactam o agro e adquirir uma propriedade. Quero me tornar um produtor rural e seguir na sublime batalha de ajudar o Brasil a alimentar o mundo”, resume.

Mário César compreende a dimensão do setor e o universo de oportunidades que a agropecuária dispõe. O Brasil é um dos maiores players globais da produção de alimentos, fibras e bioenergia. E, segundo os especialistas, essa liderança tem sido conquistada por meio do esforço individual de milhares de profissionais que como ele, Saruy e Saulo dão suporte ao produtor rural e às atividades rurais, tanto no campo quanto na cidade, com competência e habilidade.

De acordo com a gerente de Recursos Humanos do Senar Goiás, Rafaella Souza Fraga, os profissionais que desejam trilhar uma carreira de destaque pela agropecuária devem desenvolver o autoconhecimento e se manter atualizados. “É importante desenvolver as ‘soft skills’, ou seja, qualidades como: saber trabalhar em equipe, ter boa comunicação, estar aberto ao novo, atuar com flexibilidade e ter uma atitude positiva frente aos desafios da profissão”. Para a gerente de Recursos Humanos também cabe desenvolver habilidades como a liderança e o gerenciamento das emoções, sem esquecer de investir nas competências técnicas ligadas à profissão escolhida. Rafaella Fraga afirma que o profissional precisa se posicionar de forma ativa diante da carreira. “É fundamental ser protagonista e assumir a sua carreira e os seus sonhos”, direciona.

 

Fique atento!

Expert no setor, o professor Marcos Fava Neto, conhecido como Doutor Agro, disponibilizou um vídeo em seu Portal – doutoragro.com/videos/ – relacionando as dez caraterísticas mais importantes ao profissional que deseja um futuro de sucesso na agropecuária. Confira:

Sintonizado;

Ser simples (trazer soluções fáceis);

Adaptativo;

Inovador (buscar a novidade);

Investidor;

Relacionado;

Ampla Visão (lembre: quem briga são as ideias e não as pessoas, é impreterível buscar o consenso);

Sonhador (ter gana em conseguir, em crescer);

Resultados (entregar resultados e construir valor para quem nos demanda é fundamental);

Comunicativo (saber no momento adequado como e quando se comunicar. Lembrando que o time deve aparecer com generosidade).

 

‘Agro Goiás’ e a criação de empregos em 2020

Janeiro: 1.144; fevereiro: 1.601; março: 996; abril: 685; maio: 178; junho: 1.956; julho: 504. Total: 7.064 novos postos de trabalho.

Os dados são do Caged/Ministério da Economia.

 

Sintonizados com a formação profissional rural

O Senar é a maior escola da Terra, como mostra o volume de produtores rurais, trabalhadores e profissionais do agro capacitados pela instituição em 2019. No ano passado, 553 mil pessoas foram beneficiadas.

Na área de Formação Profissional Rural, foram mais de 64,4 mil e de Educação Formal, 25,6 mil alunos. Para participar gratuitamente dos cursos ofertados pelo Senar Goiás, acesse os Portais – http://sistemafaeg.com.br e http://ead.senargo.org.br.

 

(Informações, sob adaptações: Comunicação Sistema Faeg/Senar, especial revista Campo)

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