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‘Um homem precisa viajar’ – Amyr Klink

Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.

Um homem precisa viajar.

Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV.

Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.

Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.

Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto.

Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.

Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser.

Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.

O mar não é um obstáculo: é um caminho.

Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir

Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão.

Um estado interior que não depende da distância… Nem do isolamento; um vazio que invade as pessoas…

E que a simples companhia ou presença humana não pode preencher.

Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti… Nunca… Em momento algum.

Estava, sim, atacado de uma voraz saudade.

De tudo e de todos, de coisas e de pessoas que há muito tempo não via.

Mas a saudade às vezes faz bem ao coração.

Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias.

Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudade… Mas não estará só!

Um homem precisa viajar, por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros e tevês, precisa viajar, por si, com os olhos e pés, para entender o que é seu…

Descobri como é bom chegar quando se tem paciência.

E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão.

É preciso, antes de mais nada, querer.

 

Amyr Klink (1955), natural de São Paulo-SP, é navegador, escritor, palestrante. Famoso por ter feito viagens ao redor do mundo, retratou suas aventuras em livros. Realizada em 1984, a primeira travessia – solitária a remo do Atlântico Sul, em jornada de 3.700 milhas e 100 dias pelo Atlântico –, foi retratada no best seller Cem Dias entre o Céu e o Mar

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