CULTURA & EDUCAÇÃO

DIVERSOS

‘O poeta, o leitor e a poesia’ – Itaney Francisco Campos

Sai a poesia pelo mundo, seminua,

a mendigar pelo olhar do leitor,

como a tenra planta que se curva

em busca incansável da meridiana luz.

Nasce o poeta da leitura

do poema,

porque descamba pelo despenhadeiro do silêncio

a voz que ninguém ouve,

a palavra que não vibra nos ouvidos do mundo.

O homem ou a mulher imersos na exegese do mundo,

navegantes nos rios da alma da vida,

eis o que são aqueles destinados à poesia.

E se equilibram, feito trapezistas,

à beira do abismo, onde a muito custo o horizonte os retém

chorosos pelo esgotamento da humana seiva.

No vale que os ameaça

proliferam os latidos de cães raivosos

e os uivos de hienas esfomeadas.

O que resta ao poeta se não o voo da borboleta azul

ou as marcas imprecisas dos pés humanos

que por ali, nos velhos tempos, transitaram?

Quem poderá decifrar os diálogos

insuspeitados que o poeta mantém com a ventania?

Quem poderá represar as canções

que o poeta recolhe do transparente riacho?

No exercício de sua poesia

o poeta desvela o roteiro do movimento das formigas,

os segredos dos trinados das cigarras.

E tudo é bom para a Poesia, pérola

incrustada na concha da palavra.

 

Itaney Francisco Campos (doutor Itaney) é natural de Uruaçu e reside em Goiânia. Desembargador e professor universitário, também é, entre outras funções, poeta, membro da Academia Goiana de Letras (AGL), da Academia Goiana de Direito (ACAD), da Academia Uruaçuense de Letras (AUL) e associado da União Brasileira de Escritores – Seção Goiás (UBE – Goiás)

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