Nascer>Aprender>Crescer>Formar
Somente com as refinadas ciências, a exemplo das neurociências e da psicologia positiva e social, se torna mais assimilável e compreensível o processo de formação da pessoa, no que concerne aos seus valores morais, éticos, sociais, críticos e de caráter. De forma mais breve e menos complexa: a formação mental, a personalidade e o comportamento da pessoa, nas suas mais diferentes relações com o ambiente que a circunda e com as pessoas à sua volta traz influência da composição genética (da herança constitucional dos pais) e de todos os influxos e as interferências sociais.
Seriam então esses dois determinantes. Qual o de maior relevo e de maior expressão no fenótipo e características psíquicas, mentais, éticas, sociais e índole do indivíduo, só o tempo se encarregará de mostrar, qual o mais preponderante. O que há de concreto é que a herança social, o legado educacional familiar deixa consequências indeléveis e infinitas. Parodiando o provérbio popular, pau que nasce reto, pode-se tornar torto pelo legado, pela educação tolerante, canhestra e superprotetora da família. Pau reto pode entortar! Geneticamente, pau que nasce torto (um mentecapto, um debiloide) morre torto.
Existem teorias, teses e vários ensaios científicos demonstrando o quanto a herança ética e social familiar pode fazer muito bem ou mal à pessoa. Nesse contexto é que entram o papel e contribuição dos ramos científicos, os estudos humanísticos muito acreditáveis, em nos auxiliarem a compreender o porquê das diferenças de caráter, de conduta e comportamento das pessoas; tendo em conta que elas nascem em condições ambientais e biológicas muito idênticas.
As neurociências entram nessa explicação e vêm os mecanismos biológicos e plásticos da formação cerebral e cognitiva do sujeito. Ao nascimento, uma criança encontra-se absolutamente analfabeta e inapta para uma vida de relações sociais e ambientais. Ela porta vários reflexos de sobrevivência como a sucção (sugar o leite materno), o choro como alarme de dor, fome, frio e proteção; mais as funções excretoras; e, esta criança estabelece conexões com a mãe. Esta ligação com a mãe vem desde o desenvolvimento fetal.
Em se tratando das funções mais nobres na constituição humana, temos então toda a organização cognitiva, os atributos psíquicos e emocionais. Entram nesse sistema funcional abstrato o início das funções sociais, as relações com o ambiente. E a criança vai-se desenvolvendo. Como citado, o cérebro, as sinapses cerebrais são estruturas com muita plasticidade, permeabilidade e acessibilidade ao aprendizado. É a criança em estágio de formatação física, social, emocional e de conhecimento de tudo à sua volta.
Lembremos então: todo ser humano nasce analfabeto e zerado em informações sobre o mundo que o cerca. É bem conhecido o enunciado do contratualista Rousseau: “O ser humano nasce bom, a sociedade é que o corrompe”. Ora, torna-se de fácil e ordinária compreensão, se o sujeito nada sabe alguém terá que ensiná-lo, ser bom ou mau, a ser honesto ou desonesto, a ser correto, probo e civilizado ou desonesto, vil e com outros vícios e sestros nada humanos e pouco adaptativos sociais. E porquê dessa proposição? Vivemos tempos tenebrosos.
Até a política foi duramente contaminada. E nem longe precisa ir o saber do quanto o indivíduo é o produto mal ou bem acabado de duas heranças, uma genética e outra social familiar. Como modelos e paradigmas, existem aquelas pessoas, que levam a vida que receberam como legado educacional. E nada, absolutamente nada faz que essas pessoas penitenciem, se achem que precisam mudar. O modus vivendi delas está impregnado, incrustado, marchetado, arraigado, gravado perpetuamente em sua mente, em suas sinapses, em sua cognição. Perpetua e pernosticamente. E como recuperá-las? Seria preciso volta-las à vida intrauterina e começar tudo de novo. Nascer, aprender, educar, formar.
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