‘EDITORIAL’ – Edição 352 (16 a 30/04/2021) – ‘Ilha de excelência na radioterapia’
Em informações importantes sobre a saúde, o texto Ilha de excelência na radioterapia é alerta essencial e sua publicação original foi publicada originalmente na edição de 26 de abril do jornal O Popular (Goiânia). O autor é Cláudio Francisco Cabral, presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás. Leia.
A escalada da Covid-19 está colocando em segundo plano doenças que são problemas graves para a saúde pública. É o caso do câncer, segunda maior causa de mortes por doença. Em 2019, antes da pandemia, ela tirou a vida de mais de 230 mil pessoas –número que deve aumentar cerca de 42% até 2030. Os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) ficam ainda mais críticos com a diminuição da busca por atendimento e até o abandono do tratamento por medo do coronavírus, o que, certamente, aumentará os casos avançados, piorando um quadro por si só ameaçador.
A conjuntura se agrava quando olhamos para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) e sente na pele a penúria da maioria dos hospitais filantrópicos que oferecem assistência integral no combate ao câncer, o que inclui cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Segundo o Ministério da Saúde, dos 363 aceleradores lineares do Brasil, 122 estão obsoletos. Destes, 95 pertencem a serviços que atendem a população carente. Além disso, o Centro-Oeste conta com apenas 6% do total.
Na Radioterapia do Hospital de Câncer Araújo Jorge, por exemplo, onde são tratados cerca de 350 pacientes por dia, não é diferente. Apesar de todo esforço e das valiosas parcerias firmadas ao longo de anos, 2 dos nossos 3 aceleradores lineares tinham mais de 20 anos de uso, exigindo substituição que não poderia esperar por programas ministeriais. Por isso, nada poderia ser mais emblemático do que colocarmos em funcionamento, logo depois de comemorarmos o Dia Mundial de Combate ao Câncer e em meio à maior pandemia já ocorrida, nosso novo acelerador linear, o Infinity. A conquista é resultado da união de esforços de dirigentes e colaboradores, do voto de confiança dos associados e do planejamento que prioriza o paciente.
O feito ganha ainda maior relevância se pensarmos que para 2021 são esperados 21 mil novos casos de câncer em Goiás. À frente da estimativa, torcemos para que o passo dado pela Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) sirva de exemplo, estimulando a viabilização de políticas públicas em prol das organizações legitimamente focadas no paciente e ampliando o leque da atenção oncológica.
Mas acima de tudo, esperamos que o apoio e a remuneração justa dos serviços dessas organizações, em especial das que já prestavam a assistência aos portadores de câncer antes do dever constitucional e do próprio SUS, sejam vistas como as formas mais eficazes, e menos onerosas, de suprir as necessidades de quem mais precisa.
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