“Essas medidas, se prolongadas, por um lado podem gerar demissões, fechamento de empresas e diminuição de arrecadação de tributos, potencializando a crise econômica. Por outro, se não adotadas, podem gerar colapso no sistema de saúde pública, além de aumentar o número de óbitos pela doença”, dizem os pesquisadores”, destacam pesquisadores.
A Secretaria de Planejamento, Avaliação e Informações Institucionais da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou um estudo técnico sobre os impactos da Covid-19 na saúde e na economia em Goiás. A pesquisa tem o objetivo de prever o comportamento futuro da epidemia na Unidade Federativa, em relação aos contextos internacional e nacional, prevendo os possíveis impactos socioeconômicos das medidas adotadas pela gestão estadual.
O estudo avaliou a evolução da pandemia em outros Países e concluiu que o número de casos tende a crescer de forma exponencial a partir do 50º caso. De acordo com a pesquisa, o Brasil segue a mesma tendência verificada na França e apresenta uma taxa média de 29,3% novos casos por dia. Em Goiás, a taxa de crescimento é de 22% ao dia. Mantendo essa tendência, o 50º caso pode ocorrer dia 31 de março.
Em um dos principais epicentros da epidemia no País, São Paulo, a taxa média é de 28,3% ao dia. Em comparação com o cenário paulista, os números de Goiás não são tão altos. No entanto, os pesquisadores alertam que pode haver subnotificação dos casos. Esse número também pode refletir os efeitos da quarentena decretada pelo governo estadual. “Caso sejam efeitos das restrições à circulação de pessoas, a disseminação da Covid-19 pode ser controlada”, afirmam os pesquisadores.
Medidas restritivas e impactos econômicos
A pesquisa verificou que as medidas adotadas até o momento pelo Governo de Goiás estão alinhadas ao que foi feito na cidade chinesa de Wuhan, onde não há mais transmissão comunitária do vírus. O principal foco dos casos de infecção em Goiás está localizado em Goiânia. Segundo os pesquisadores, o Estado deve atuar para conter o surgimento de novos focos e evitar uma situação parecida com a da Itália, onde a existência de diversos focos dificulta a concentração de esforços.
As medidas restritivas, no entanto, geram impactos econômicos significativos nas atividades de diversos setores, pois alteram a dinâmica de funcionamento das estruturas de serviços e do comércio em Goiás. A situação de emergência foi decretada em Goiás no dia 13 de março. As aulas escolares foram suspensas e os eventos esportivos passaram a ser realizados sem a presença do público.
Novos decretos foram publicados posteriormente, suspendendo atividades econômicas em Feiras e centros comerciais, academias, bares e restaurantes. Também foi proibida a circulação de transportes interestaduais. De acordo com o estudo, a manutenção de tais medidas é importante para diminuir a velocidade de disseminação da doença. No entanto, elas podem provocar impactos significativos na economia estadual.
“Essas medidas, se prolongadas, por um lado podem gerar demissões, fechamento de empresas e diminuição de arrecadação de tributos, potencializando a crise econômica. Por outro, se não adotadas, podem gerar colapso no sistema de saúde pública, além de aumentar o número de óbitos pela doença”, dizem os pesquisadores.
Apesar do cenário preocupante, a realização de estudos sobre os impactos das restrições pode contribuir para a elaboração de políticas públicas com o objetivo de normalizar a economia no Estado. “São duas frentes de ação necessárias: uma na área de saúde e outra na área de economia”, concluem.
(Informações: Secom/UFG. Em ufg.br, confira o estudo completo)