Estudantes do interior e zonas rurais reconhecem melhor a biodiversidade do cerrado

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) comparou estudantes do interior e da região metropolitana de Goiânia.

Pesquisador comenta que estudantes de escolas interioranas têm maior conhecimento da fauna e flora, como já era esperado, porém não conseguem aplicar o que sabem a favor de conhecimentos que adquirem nas salas de aula – Imagem (acima e da home): Divulgação

 

Um estudo da UFG observou que os alunos com mais contato com a natureza possuem maior percepção da biodiversidade. Ao todo foram avaliadas cinco unidade de ensino da região metropolitana (duas em Senador Canedo) e de cidades do interior do Estado (uma em Novo Brasil e duas em Rio Verde). A pesquisa é fruto de dissertação de mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e buscou avaliar os diferentes níveis de percepção dos estudantes sobre a biodiversidade do cerrado.

Todo o processo do estudo foi realizado por meio de questionários aplicados em três etapas, denominadas respectivamente A fauna e flora do cerrado, A percepção da biodiversidade e A divulgação científica. As perguntas foram pensadas para medir o discernimento dos estudantes em relação aos três tópicos. Ao analisar os resultados, o pesquisador César Coutinho constatou que alunos de escolas do interior e de zonas rurais têm uma maior percepção a respeito da biodiversidade do cerrado, acertando em média 0,4 questões a mais que os alunos de escolas da região metropolitana. “Pode parecer pouco, mas devido ao número amostral que eu tive, 385 estudantes, é um número grande”.

O pesquisador ainda explica que estudantes de escolas interioranas têm maior conhecimento da fauna e flora, como já era esperado, porém relata que eles não conseguem aplicar o que sabem a favor dos conhecimentos que adquirem em salas de aula. “Eles sabem que sabem, mas não sabem utilizá-lo na escola”. Outros pontos também foram obtidos, como aumento na aplicabilidade dos conhecimentos nas salas, em virtude da participação em atividades de iniciação científica. “É proveitoso que eles participem de atividade de iniciação científica, quanto mais atividades, mais propensos são a acertar questões”.

 

Pesquisa

A pesquisa, desenvolvida entre 2020 e 2022, foi realizada em sua primeira etapa para entender como os alunos enxergavam o cerrado, sua fauna e flora. “Queria ver como a percepção que eles tinham, estava relacionada ao que aprendiam na escola”, frisa o pesquisador.

Algumas dificuldades foram enfrentadas no desenvolver do estudo. Como explica César, a pandemia foi um dos fatores, por ter forçado a pesquisa a mudar o trajeto, como a implementação de questionários e o processo feito à distância, devido às medidas protetivas implementadas à época. Outro fator relatado pelo pesquisador está ligado à linha de pesquisa a ser seguida, devido à dualidade de perspectivas que encontra-se presente nas bibliografias disponíveis, que se referem à percepção dos estudiosos quanto à biodiversidade do cerrado.

 

Resultados

Como destaca Coutinho, mesmo com as hipóteses confirmadas, o nome que os estudantes deram aos animais o surpreendeu. Em sua maioria, nomearam espécimes do cerrado por sua semelhança com outros animais mais amplamente divulgados, como o teiú nomeado por muitos por dragão-de-komodo ou o lobo-guará muito denominado de raposa.

A falta de compreensão a respeito de como o conhecimento é construído, é um dos fatores percebidos por César. Esse obstáculo, como explica, corrobora para que os estudantes de forma geral tenham dificuldade em relacionar o que está sendo visto no ambiente escolar com as experiências que vivenciam fora dele. “Há falta de estímulo aos estudantes para pensarem cientificamente”, afirma o pesquisador.

Confira o estudo completo clicando aqui!

 

(Informações: Secretaria de Comunicação da UFG [Secom UFG])

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