CIÊNCIA NO COTIDIANO

WOLNEY HELENO DE MATOS

Vacinar é preciso!!!

No mês de setembro de 2019 foi comemorado 46 anos do Programa Nacional de Imunizações e no dia 17 de outubro comemorou-se o Dia Nacional da Imunização. Mas qual a relevância desse programa?

Em 1990, a taxa de mortalidade para menores de cinco anos no Brasil era de 52,5 por mil nascidos vivos. Isso quer dizer que, para cada mil crianças que nasciam, 52 morriam antes de completar cinco anos de idade. No ano de 2015 esse valor era de 17 por mil nascidos vivos, ou seja, uma redução de 67% em apenas 25 anos. Doenças como meningite, coqueluche e sarampo foram responsáveis por 8.091 óbitos em 1990, enquanto em 2015 as três doenças vitimaram 1.028 crianças menores de cinco anos. Certamente o principal motivo para drástica redução destas mortes foi o sucesso do Programa Nacional de Imunizações.

Estes dados revelam claramente a importância da vacinação na prevenção da morte de crianças por doenças que podem ser facilmente prevenidas com a adesão de pais e responsáveis à vacinação de seus filhos e filhas.

As vacinas funcionam induzindo uma resposta rápida do sistema de defesa do nosso organismo. Isso porque quando temos contato com o agente causador de determinada doença, para a qual fomos previamente sensibilizados pela vacinação, nosso organismo responde mais rápido e de forma mais eficiente no combate ao invasor.

Vacinas são produzidas a partir do agente causador de uma certa doença. Esse agente é enfraquecido ou morto em laboratório, sendo parcial ou integralmente utilizado para fabricar vacinas que serão inoculadas no corpo dos pacientes.

Após a vacinação, o organismo cria o que chamamos de memória imunológica, uma espécie de “lembrança” daquele agente infeccioso causador de certa enfermidade. Assim, caso o paciente, no futuro, entre em contato com esse agente infeccioso, o corpo responde produzindo anticorpos que vão combater essa tentativa de invasão, evitando assim a instalação da doença. Os anticorpos trabalham como “soldados” protegendo um território da invasão de inimigos.

Apesar da importância e da segurança das vacinas, dados do Ministério da Saúde revelam redução na taxa de cobertura vacinal de doenças como, por exemplo, a poliomielite e o sarampo. Um dos resultados práticos dessa redução da vacinação da população brasileira é o atual surto de sarampo e de febre amarela silvestre. Em 2016 não foi registrado nenhum caso de sarampo no Brasil, já em 2019 foram confirmados mais de 6.600 casos de sarampo em vários estados do País.

A reintrodução da doença ocorreu em virtude do intenso fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil, mas a redução na cobertura vacinal dos brasileiros fez eclodir uma epidemia de sarampo por aqui. Muitos adultos não foram vacinados quando crianças e muitas crianças não foram levadas por pais ou responsáveis para tomar a vacina, que deve ser ministrada a partir dos seis meses de idade, no caso do sarampo.

Até agora foram registradas quatro mortes por sarampo no Brasil, uma campanha de vacinação teve início em Goiás no mês de outubro, inicialmente destinada a crianças que não receberam a vacina no período adequado. Entre 18 e 30 de novembro serão vacinados adultos de 20 a 29 anos de idade que não receberam a vacina na infância. Portanto, procure o Posto de Saúde de seu bairro e se informe sobre a campanha de vacinação, leve sua caderneta para atualização das vacinas. Pais e responsáveis também devem levar crianças para vacinação, mesmo que fora do período da campanha.

Não acredite em informações mentirosas, como a de movimentos antivacinas, os dados revelam que as vacinas são seguras e altamente eficientes na prevenção e erradicação de doenças infecciosas. Se você tem dúvidas, procure um médico de sua confiança e peça esclarecimentos, mas não deixe de vacinar seus filhos e filhas com base apenas em informações falsas veiculadas em redes sociais da internet.

 

Fonte de dados:

Principais causas da mortalidade na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de Carga Global da Doença. Revista Brasileira de Epidemiologia, maio 2017, p. 46-60. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v20s1/1980-5497-rbepid-20-s1-00046.pdf

Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico 28. Vol. 50. out. 2019. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/outubro/04/BE-multitematico-n28.pdf

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