‘Uma ROSA nas mãos’ – Doutor Cláudio Brandão
‘Perde a cidade; perde o Estado; e, perde nosso País uma poderosa guerreira. Mas, sua história e seus ensinamentos nos fizeram mais ricos, mais preparados e conscientes do que viria pela frente’.
Uma ROSA nas mãos.
Eu ainda era adolescente e estudava no Colégio Nossa Senhora Aparecida (CNSA). Tanto eu como os colegas da época recebemos a notícia que uma nova professora iria nos dar aulas de português. Mistura de ansiedade e preocupação de quem viria nos ministrar aulas da língua mãe.
Lembro-me como hoje quando entrou uma elegantíssima senhora com destacados anéis em seus dedos longos.
Dona de um marcante carisma que fazia todos prestarem atenção em suas lições. Seu magnetismo aquietava a todos, como uma sessão de hipnose.
Eu, e todos, sentíamos o encantamento daquela que depois daria também aulas de matemática para toda uma geração.
Além disso, era ela quem se sentava com um ou outro “brigão” para dizer que não se resolvia nenhum problema com a força bruta, mas com o diálogo, com entendimento e boa vontade.
Ela era o que conhecemos hoje como “curinga”.
E só após um tempo viemos a saber que se tratava da promotora de Justiça da cidade. Isso nos dava uma ponta de orgulho. Muitos de nós nem sabíamos o que fazia uma promotora.
Mas, logo buscamos saber que era ela que fazia as leis serem cumpridas.
Sem, contudo, perder a habilidade de bem se relacionar com os cidadãos uruaçuenses.
Não era servidora pública do tipo que se fecha em copas, deixando de ser relacionar com os munícipes. Era sempre solicitada e sempre atendia aos que se achegava, com um olhar acolhedor e ouvidos abertos.
Para muitos, assistir suas habilidosas atuações nos inúmeros tribunais de júri era como assistir um espetáculo tamanha a emoção que transbordava de si para todos. Sua desenvoltura suscitava temor nos que infringiam a lei. Mas, ao mesmo tempo, devolvia o senso de justiça retirado da parte contrária.
Sua inteligência e sagacidade orientaram inúmeras carreiras nos jovens uruaçuenses. Não só no meio jurídico, mas, em todos os setores do conhecimento humano.
É impossível hoje não sentir um aperto no coração pelo seu falecimento.
Se a malha social é composta por fios entrelaçados, é inegável que essa perda nos rasga de cima para baixo.
Quem com ela conviveu facilmente se lembrará do seu perfil impoluto, altivo e acolhedor.
Nossa cidade tem perdido muitos nomes queridos e que fizeram nossa cidade melhor. Seja com seu auto exemplo de vida, seja com contribuições pessoais de ensino didático do que é o “bem viver”. Corrigindo o que está torto, apontando-lhe o caminho, até se “endireitar”. Era assim que ela dizia em suas preleções.
Como já lhe disse pessoalmente, repito agora neste sofrido texto:
–Professora, que orgulho imenso ser seu aluno!
Aprendi muito com suas lições, muito além do português e da matemática. Lições de vida, recheadas de conceitos de honra e civilidade.
Que entravam nos nossos ouvidos e nos tatuava a alma, de forma permanente.
Perde a cidade; perde o Estado; e, perde nosso País uma poderosa guerreira.
Mas, sua história e seus ensinamentos nos fizeram mais ricos, mais preparados e conscientes do que viria pela frente.
Não posso deixar de agradecê-la publicamente. E o faço em meu nome e também em nome de seus inúmeros alunos que hoje lhe abraçam simbolicamente com uma ROSA (LYDIA) nas mãos!
Doutor Cláudio Brandão reside em Goiânia, morou em Uruaçu durante anos e mantém empreendimentos em Uruaçu e, é médico, advogado e idealizador da Associação Estadual de Apoio à Saúde (AAS) – Organização Cláudio Brandão
Nota da Redação do JORNAL CIDADE – Leia também: Luto na advocacia goiana. Morre doutora Rosa Lydia
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