‘Sigo em frente’
Thiago Peixoto
Ao decidir não disputar a próxima eleição, completo uma caminhada de 12 anos dedicados à vida pública. O sentimento não é de alívio, mas sim de desapego, de dever cumprido e de conquistas. Tive a oportunidade de trabalhar muito por Goiás. Confesso que a intensidade das funções me deixou mais distante da família e dos amigos, mas isso era movido por forte espírito público e pelo propósito de fazer a diferença na vida das pessoas.
Se a política, por um lado, nos afasta dos mais próximos, ela também apresenta mundos, situações e pessoas fascinantes. Conheci muita gente, fiz muitos amigos e aliados que levarei para o resto da vida. Passei a compartilhar das dores e das esperanças de muitos. A boa política permite a aproximação dos diferentes e desperta a habilidade de valorizarmos aquilo que nos une e deixar de lado o que nos separa. É o exercício constante da tolerância e do diálogo.
A vida pública deve ser lugar de se mostrar a efetividade do poder público, no sentido de promover avanços para a sociedade. Mas tal espaço é desacreditado pela ação de gente mesquinha, que se contenta em usufruir do poder pelo poder, assentando-se sobre o passado e fazendo mais do mesmo. Deve ser também a instância onde justificam-se apenas valores e ações transformadoras. Na minha trajetória, o poder jamais foi o objetivo, mas sim o meio necessário para transformar a política que temos na política que precisamos.
O homem público, volta e meia, encara o dilema sobre as limitações da função que ocupa para promover transformações. Quando isso ocorre, é chegada a hora de avançar, de ocupar outras funções, até para buscar novas conquistas para a sociedade. No meu caso, isso não foi permitido. Portas foram fechadas.
Minha saída da política, pela força das circunstâncias, é um ato político. O homem, afinal, é um ser político. Na caminhada que ora sigo, mantenho a crença da boa política e combaterei, como sempre, a politicagem. Este é um papel que não cabe apenas ao homem público, mas a cada um dos cidadãos.
Churchill disse que a política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa, pois na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas, na política, diversas vezes. No entanto, mais do que determinar um final em si, essa reflexão abre perspectiva para novas oportunidades, novos caminhos. E é com esse pensamento que sigo em frente.
Thiago Peixoto (PSD) é deputado federal por Goiás
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