SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

‘JOÕES-NINGUÉM’

CONFORME A EDUCAÇÃO OFERECIDA AS FAMÍLIAS FARÃO DO FILHO UMA PESSOA GENIAL OU UM JOÃO-NINGUÉM

 

Uma das grandes mudanças que veio com os avanços científicos e tecnológicos se refere à Educação dos Filhos (com maiúsculas para sublinhar a importância). Se há uma coisa que deveria ser atemporal, imortal e inalterável é a educação infantil. Ressalvados os casos mórbidos e desviantes OU funcionais toda criança nasce com o mesmo potencial de se tornar uma pessoa adulta boa, correta, ética, cidadã e produtiva. É nesses termos que discorro o presente artigo. Para contextualizar eu busco uma ajuda de alguns grandes pensadores que muito falaram de ética, cidadania, educação e conhecimento. Diretrizes esses, repito, consideradas atemporais.

Aristóteles deu tanto relevo à educação e ética que escreveu um livro dedicado ao seu filho: Ética a Nicômaco. Para ele todo conhecimento advém da assimilação sensorial. Só se aprende através de ensinamentos recebidos e pela experiência (empirismo). Sua teoria contrariou as teses de Plantão, que considerava o ser humano já dotado de conhecimentos potenciais inatos (teoria do inatismo).

Um outro grande pensador que muito dissertou sobre os mecanismos da aprendizagem e aquisição de conhecimento foi o inglês John Locke, autor das teorias do empirismo. Segundo suas ideias, uníssonas com o pensamento de Aristóteles, toda criança nasce completamente virgem (analfabeta) de conhecimentos. Através dos sentidos, da experiência sensorial é que se vai gravando as informações, os conhecimentos. É de Locke a teoria da tábula rasa (lousa em branco).

Ao nascer toda criança tem o sistema sensorial, o cérebro comparado a uma lousa ou disco rígido (HD) em branco. Aos poucos, através dos olhos, audição e outros sentidos esse cérebro vai registrando todas as informações que o mundo, a natureza, o meio social; a família em primeiro plano, vai lhe ensinando. Ou seja, a aquisição de toda informação, de todo conhecimento, normas sociais de convivência, a ética são aprendidos com uma educação correta, com experiência e treinamento.

Um outro cientista, não pedagogo, que fala muito sobre o desenvolvimento da criança foi o psicólogo suíço Jean Piaget, autor do construtivismo; nada mais é do que a educação com menos formalismo e mais prática e experiência em se tocar nas coisas e nos objetos do aprendizado. É o que muito fazia e defendia o brasileiro e educador Paulo Freire.

Ao se trazer as teses e diretrizes desses grandes pensadores e cientistas sociais para as novas gerações surgem-nos muitas indagações e incertezas. Muito se tem debatido, por exemplo, sobre o futuro cultural, ético e moral de nossas crianças e jovens, notadamente para a geração dos millennials ou geração Y e geração Z da internet.

O que se tem de concreto é que a internet, os recursos digitais e as redes sociais permitiram o nascimento de uma nova cultura, uma nova linguagem, uma forma simbólica de comunicação. Os filhos da geração dos novos pais (pais na faixa 25-35 anos) já constituem a chamada geração Z (novos millennials). São crianças e adolescentes nascidos e educados completamente imersos nas mídias sociais.

Os jovens dessas novas gerações (Y, Z) não nos parecem menos ou mais inteligentes do que os das gerações baby boomer e X de antes da internet. Nós já dispomos de indícios e convicção dos atributos de nossos jovens, educados totalmente imersos no mundo tecnológico da informática e internet. O uso excessivo, desmedido, viciante e dependente da internet, tem se mostrado nocivo, danoso à cognição e aprendizado das crianças.

O que nos soa de certo e constatável é que os novos pais das gerações Y e Z, também criados (eles pais) quase o tempo todo conectados na internet e dispositivos móveis têm sido muito permissivos na educação dos filhos quanto ao uso dos recursos digitais. Mais  seletivamente no uso dos smartphones, tablets e redes sociais.

Quando falamos e tentamos dialogar com os adolescentes e jovens de hoje percebemos a enorme dificuldade que eles têm em elaborar frases no português padrão, em formular um pensamento mais longo e elaborado, ou escrever um simples e resumido bilhete ou solicitação formal de qualquer coisa. Pelo visto, o bom português falado e escrito está em risco de extinção em favor de fotos, imagens, vídeos, carinhas e emojis, os códigos das novas gerações.

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