Gravidez assintomática
Há certas histórias que a gente só se convence da veracidade porque há muitos indícios, testemunhos, substratos, evidências. Foi o que se passou com essa narrativa, porque se baseia no noticiado, nos depoimentos dos personagens da história. Trata-se da gestante que: 1-Não sabia que estava grávida; 2-Entrou em trabalho de parto silencioso, sem saber que os filhos estavam nascendo. Assim o declarou a mãe de duas gêmeas, a Sra. E.S., 33 anos, com peso normal para uma gestante; e, o pai das crianças, o Sr. R.C.S., 38 anos. Ambos já com um filho de cinco anos.
À história porque ela é surpreendente. Conta o marido que a esposa não sabia da gravidez. E mais, ela tinha fluxo menstrual normal e regular, nenhuma dor ou desconforto abdominal. Mas, instiga e nos espanta! E o crescimento do abdome. Afinal, somados, os fetos pesavam cerca de 3,5 quilos. É bem sabido da obstetrícia que os fetos, os nascituros (futuros bebês) se movimentam muito a partir do quinto mês de gestação.
Imagine a sensação de uma massa anatômica (fisiológica ou patológica) em crescimento rápido e cinético (movimentos fetais). E mais, é pouco crível que uma gravidez não dê alguns sintomas. Existe a compressão de órgãos digestivos, de bexiga, com sensação de urinação frequente, há uma elevação do diafragma e restrição respiratória. Em suma, uma gravidez se comporta e evolui como uma doença tumoral aguda e sintomática.
O relato da mãe, ao vivo para um jornalista, não parece também ser fake news ou fantasioso. Trata-se de uma mãe já experiente porque de média idade (33 anos), um filho de cinco anos, com comunicação fácil e fluente, bem orientada no tempo e no espaço. Sem gestos, mímicas ou traços de algum distúrbio psíquico ou psiquiátrico. Portanto, crível o seu relato e informações do curso da gestação.
E continua o relato da mãe: “Eu cheguei em casa, vinda do trabalho e senti algumas dores toleráveis no ‘pé’ da barriga. Nisto eu vi que estava grávida para dar à luz. Fui ao banheiro e rápido nasceu uma menina, que procurei dar cuidados. Nisto, a barriga continuou meio doendo. Voltei ao banheiro e sentei no sanitário; voltei para cama. Achei que minha placenta tinha saído e estava no sanitário. Nisto, já tinham chamado o socorro para mim. Quando chegou o primeiro atendente dos bombeiros, ele percebeu que no vaso havia era uma criança menor, mole, mas respirando, a quem prestamos os primeiros socorros e encaminhamos à maternidade”.
O depoimento e relato do agente de saúde dos bombeiros é firme, espontâneo e verossímil. A criança nascida primeiro estava bem. No vaso sanitário havia a menor, necessitando de cuidados, mole, com hipotermia. Foi estimulada, cuidada e encaminhada para a maternidade.
Em conclusão: o que nos instiga a curiosidade médica, obstétrica, científica e psíquica! Ou mesmo fisiológica ou até filosófica, é justamente esta: como imaginar uma mulher, casada, em ótimas condições de saúde física e psíquica, ela se engravida do marido, também muito lúcido e saudável, como o demonstra na comunicação. Como imaginar essa gestação silenciosa, de fetos gemelares. Uma gestação aos oito meses sem que a gestante perceba ou reclame de suas mudanças fisiológicas e anatômicas, peso, volume abdominal, “sintomas patológicos” da gravidez? Como admitir essa hipótese? É instigante, é curioso, é quase inacreditável.
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