‘A morte da rainha’ – Doutor Cláudio Brandão
‘Quem dera todos idosos tivessem os cuidados reais despendidos à rainha Elizabeth! Nesta vida, como médico, tenho presenciado e me angustiado com inúmeros idosos maltratados pela vida, pelos filhos, pelo poder público (ah, poder público!), pelos parentes.’.
A rainha Elizabeth se foi.
E o mundo incrédulo comentou: A rainha morreu!. Mas, espere, ela tinha 96 anos.
Pasmem! Quase um século.
E mesmo assim não acreditamos.
Realmente (sem trocadilhos) é de se admirar.
Mas cabe aqui, algumas observações.
A rainha era alguém que tinha uma dieta fenomenal. Era alguém que acordava cedo e dormia cedo – com regularidade.
Sua dieta era irretocável, com cinco refeições diárias, devidamente balanceadas.
Alguém que tinha ao seu inteiro dispor uma equipe médica fenomenal e era submetida a uma bateria de exames de modo regular.
Alguém que tinha, digamos, hábitos saudáveis.
E, óbvio, praticava exercícios físicos com acompanhamento de profissionais qualificados.
Tirando um dissabor aqui, outro acolá, era um ser humano com os necessários cuidados para alongar sua existência terrena. Embora privada de vários “prazeres mundanos” (comer um sanduíche na budega da esquina era algo impensável).
Mas e, os idosos pobres mortais?
Têm direito também à vida longeva? Sim. Alguns até têm.
E encontram coincidência nas boas práticas que a rainha tinha.
Quem dera todos idosos tivessem os cuidados “reais” despendidos à rainha Elizabeth!
Nesta vida, como médico, tenho presenciado e me angustiado com inúmeros idosos maltratados pela vida, pelos filhos, pelo poder público (ah, poder público!), pelos parentes.
Não digo nem ter acesso a uma vida saudável.
Aos “mortais” são negados uma vida digna, refeições minimamente protéicas; cuidados médicos básicos – amor.
Negam-lhes até mesmo uma palavra amiga. Negam-lhes afago; carinho; zelo. Negam até mesmo uma visita de tempos em tempos.
Aí, fica fácil entender porque falecem cedo.
Na verdade, bem antes do coração parar de bater já estão mortos.
É como se a vida fosse escorrendo pelos dedos sofridos e cansados.
É demais pedir que tratem os idosos condignamente?
Não, não é. E morrerei defendendo a nossa mudança de postura diante da realidade dos nossos “Velhinhos”.
Criamos os Estatuto da Criança e do Adolescente. Criamos até o Estatuto do Idoso.
Criamos leis de proteção aqui e ali, para isso e para aquilo.
Mas a percepção é de que nada muda, que não evoluímos. As Delegacias dos Idosos estão cheias de denúncias. Que viram inquéritos e que viram estatísticas – sem solução.
Deveríamos criar o Estatuto do Amor, onde as práticas do que não queremos para nós, não faríamos aos outros.
Alguém há milênios nos ensinou isso. Um certo Jesus de Nazaré. Mas como não estipulou uma pena a ser cumprida, caiu no esquecimento, dia após dia, ano após ano, século após século.
Da saudação DEUS SALVE A RAINHA!, só consegui entender que ele (Deus) a salvou para ser bem cuidada.
Como todo idoso bem merece.
Então eu digo:
DEUS SALVE OS IDOSOS!
Doutor Cláudio Brandão reside em Goiânia, morou em Uruaçu durante anos e mantém empreendimentos em Uruaçu e, é médico, advogado e idealizador da Associação Estadual de Apoio à Saúde (AAS) – Organização Cláudio Brandão, além de candidato a deputado estadual pelo Avante na eleição 2022
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