SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

Alimento sem farra – Alimento não é objeto de farra nem de prazer sexual

Quando se fala em saúde pública, qualquer doença contagiosa que vem através de alguma epidemia ou surto traz um pânico generalizado nas pessoas. Tivemos, por exemplo, em anos recentes surtos de zikavirose. O País inteiro entrou em polvorosa. Não que o vírus zika mata, mas pelos riscos de microcefalia em filhos de mães que teve a infecção nos primeiros meses de gestação. Depois houve meses com o recrudescimento da epidemia de dengue. Foi sintetizada a vacina, mas, daí concluiu-se que só se pode tomar quem já teve a doença. Ou seja, a vacina para que não teve a infecção é mais grave, porque pode causar reações idênticas às do vírus da doença. Dá para entender?

Dias atrás as pessoas andaram atarantadas com os surtos de febre amarela. E tudo por absoluta ignorância. Basta lembrar que a febre amarela urbana não existe mais no Brasil.

E a febre amarela silvestre é restrita a algumas áreas de matas que tenham o mosquito Haemagogus ou Sabethes. Se a pessoa não vai deslocar para regiões rurais de mata, por que o pânico? Tudo se resume a tanta informação e pouca formação para compreender se tem risco ou não!

Agora, ainda, dentro da temática saúde pública. Quando se trata de uma doença crônica, mesmo useira e vezeira no cotidiano das pessoas, ela não traz a mínima preocupação. A explicação psicológica para tal comportamento é a teoria da acomodação ou a popular zona de conforto. É o processo da lenta aceitação daquela condição. Tendo em conta o mecanismo dessas reações das pessoas basta tomar o exemplo da obesidade. Trata-se de uma pandemia que afeta quase 40% das pessoas. A Nação americana (EUA) é o País que lidera essa triste estatística. A doença guarda uma relação linear com a condição socioeconômica e o grau de desenvolvimento global da sociedade.

Quanto maior a renda per capita, maior a prevalência da obesidade dessa sociedade. Muitas foram e têm sido as explicações para a gênese do excesso ponderal. O que se tem de concreto até o momento é que o fator genético e os distúrbios endócrinos (glândulas) constituem uma minoria dos casos.

Há uma concordância de que a principal causa do ganho de peso é por uma excessiva ingestão de calorias. Mais ingestão de alimentos, menos gasto de energia, e como consequência o acúmulo de gordura corporal. Para tal quantificação tem-se o chamado índice de massa corporal (IMC). Assim tem-se desde uma obesidade leve, até a mórbida, com um amplo espectro de comorbidades (doenças companheiras), como diabetes, hipertensão, etc.

Uma tese por demais convincente sobre as causas, a origem da obesidade, vem da psicanálise. Para tanto temos que reportar a Sigmund Freud, precursor desse campo das ciências médicas. No estudo da personalidade, segundo Freud, a criança em seu desenvolvimento psicossexual passa pelas etapas ou fases, oral, anal, e se completa com a fase genital, por volta dos 18 anos.

Cada uma dessas etapas deve ser bem transposta e bem resolvida.

No concernente, por exemplo, a fase oral na formação da personalidade, que vai do nascimento até os 18 meses de idade. Uma estratégia marcante é aquela relativa ao uso da chupeta, do desmame, por quanto tempo deve-se a mamãe amamentar a criança? O hábito da sucção (chupar) o dedo ao que parece não se mostra muito saudável na maturação psicossexual da criança. A relação da criança, nessa fase oral, com a mãe e sua correta solução e separação serão determinantes na maturação da personalidade no futuro do indivíduo.

Nessa mesma tese e no mesmo raciocínio, se a fase oral não tem uma fisiológica e construtiva solução e transposição, as sequelas e resquícios psíquicos ficarão para a fase adulta e para sempre.

Como concebido por Freud, na fase oral, todo prazer da criança se concentra na boca.  Em quase tudo a criança usa o sentido gustativo para ter prazer.

Seria como uma sensibilidade libidinosa, do prazer quase orgástico no uso para tudo do sentido gustativo e do paladar.

A explicação do adulto hiperfágico (come-come), glutão (comilão), com compulsão alimentar seria esta: resquícios, sequelas não resolvidas da fase oral da infância.

Daí, o prazer quase orgástico com o ato descontrolado de comer e o consequente ganho de peso. Uma bela e convincente explicação para a doença obesidade, que vem de forma muita racional, fisiológica da formação de nossa personalidade. Grande e insuperável Sigmund Freud, que nos surpreende até hoje com suas consistentes e plausíveis teorias. E o melhor, raramente surgem outros cientistas que o contestem e provam o contrário.

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