Fruto de projeto em unidade de ensino, livro será lançado

Antologia poética com lançamento agendado para 22 de agosto, 19h, nasce da união entre professor e alunos de duas salas de unidade de ensino sediada em Uruaçu. Um livro marcante escrito coletivamente por alunos, sob coordenação-geral de educador que no cotidiano lida com a literatura.

Nas três primeiras fotos, atividade de inspiração… – Fotos e imagem (inclusive da home): Divulgação

 

…Para a produção dos poemas do livro…

 

…Poesias no pátio do CEPI Dom Prada

 

Nas duas próximas fotos, parte do primeiro encontro do projeto, com o Professor Luiz Arapiraca presenteando os estudantes com caderno de aspiral e lápis…

 

…Para que os estudantes pudessem usar o material na produção de textos, ao longo do projeto. O bombom? Para adoçar a vida!

 

Na data 22 de agosto, 19h, o calendário cultural literário da nortense Uruaçu vai marcar o lançamento de livro diferenciado, de título Diálogos Poético_Reflexivos entre PROFESSOR E ESTUDANTES Em Um Verão Pós_Pandêmico. Mais precisamente na sede do auditório Professora Vilnar Carvalho Barroso, anexo da Coordenação Regional de Educação de Uruaçu (CRE). Um livro marcante, escrito coletivamente por alunos do e 9º Anos do ensino fundamental – Segunda Fase do Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) Dom Prada. Na coordenação-geral, um educador que lida diariamente com a literatura.

A ideia do projeto de nome Poesia vai à escola: o processo de produção literária e a arte poética, além das paredes da sala de aula nasceu da mente do Professor Mestre Luiz Ricardo Oliveira da Silva (Luiz Arapiraca) – organizador –, que disse ao JORNAL CIDADE: “O diferencial desta obra é que ela foi realizada através de um projeto de Literatura, na disciplina de Eletiva”, com a iniciativa se tornando a obra que reúne mais de 40 poemas, poesias, cordéis.

“Durante as aulas de Eletiva – projeto Poético-Literário –, que eu, juntamente com 35 estudantes reagrupados das duas salas, fizemos nascer e hoje é realidade. O livro é feito de um projeto literário”, detalha o educador.

 

Característica

Perguntado sobre a característica geral dos poemas, Luiz Arapiraca especifica que o livro nasceu, literalmente, em sala de aula, mas não se limita a ela. “Ele é fruto de olhares distintos, inquietações sinceras e sentimentos que transbordaram os limites do papel pautado. Aqui, a poesia deixou de ser apenas conteúdo para se tornar expressão viva – reflexo do que cada um de nós, professor e estudantes, carrega sobre a vida”.

Englobando ideia, apresentação da mesma, desenvolvimento da dinâmica, lançamento da antologia neste agosto (mais o fator futuro), o educador acrescenta que as aulas da matéria Eletiva – disciplina do Currículo de Integração das Unidades Escolares em Período Integral –, representam o ato de o professor e os estudantes reagrupados serem “verdadeiros protagonistas da obra. Cada poema, poesia, verso, frase, palavra, é uma ‘janela aberta’ para um mundo particular”.

Segundo Luiz Arapiraca, determinadas pessoas veem a vida como constante recomeço, feita de ciclos, como as estações, que passam e voltam. “Outros a descrevem como um mistério – ora doce, ora áspero –, repleta de perguntas sem resposta. Há quem encontre beleza nas pequenas coisas, quem se perca em grandes dilemas, e quem transforme dor em verso, silêncio em palavra”.

Também escritor, poeta, integrante de diferentes entidades literárias, o profissional sublinha: “Para mim, como professor, a vida é um caminho de escuta e descoberta. Ver meus alunos escreverem sobre o que sentem, pensam e enfrentam é mais do que gratificante. É o lembrete de que aprender é também partilhar humanidade. Neste livro, somos todos autores e aprendizes, vozes que se completam. Graças a Deus, a gente conseguiu editar, publicar o livro”.

Por se tratar de obra tornada realidade por estudantes e professor, a bibliografia abrange a coordenadora regional Professora Mestra Luciana Arminda Alves Gomes (titular da CRE uruaçuense), em ligação integral com Luiz Arapiraca e os alunos. “O investimento financeiro foi meu, do meu bolso. A nossa publicação é através da Editora Cordelaria Flor do Sertão [Cacimbinhas-AL]”, narra, acrescentando: “Eu criei o projeto, corrigi os poemas e as poesias, organizei a obra, selecionei os estudantes, eu criei a capa do livro. Enfim, o projeto é integralmente meu!”.

 

Exemplos poéticos

A reportagem traz três poesias do projeto, do livro, que pode ser comprado (contatos/professor: [64] 99908-5974; 64; não é 62).

Uma de Luiz Arapiraca e duas de alunos. Leia!

 

‘Teu amor não tenho mais’ – Luiz Arapiraca

 

No sertão do meu destino,

Vi nascer uma paixão,

Feito rio em desatino,

Transbordando o coração.

Mas o peito que eu amava

Nunca ouviu minha canção.

 

Era alma tão faceira,

Feito flor de juazeiro,

Com seu riso de primeira

E um olhar verdadeiro.

Mas para mim, pobre de mim,

Foi só vento passageiro.

 

Meus versos deixei na praça,

No papel do cantador,

Esperando que ela achasse

E entendesse o meu amor.

Mas seus olhos, sem demora,

Desviaram sem pudor.

 

Levei flor, fiz serenata,

Dei-lhe sonhos e luar,

Mas seu peito era de lata,

Não sabia se entregar.

Enquanto eu vivia aflito,

Ela só quis passear.

 

E assim fiquei no meu canto,

Com saudade e solidão,

Transformando em manso pranto

A dor do meu coração.

Mas quem ama de verdade

Tem na alma um lampião.

 

Pois o amor, mesmo sozinho,

Não precisa ter final.

Vira verso no caminho,

Vira um canto imortal.

E o que era amor negado

Vira cordel sem igual.

 

Luiz Arapiraca é professor, idealizador do projeto e organizador da obra; e, escritor e poeta

 

 

‘Astro-Rei’ – Bianca Silva Morais

 

Lá em cima eu a vejo

tão bela e incandescente

cheia de ternura e beldade

a lua sempre crescente

 

Parece tão perto, mas permanece distante

o astro-rei que me cativa

como sempre tão brilhante

 

Sua luz que almeja, a beleza e a pureza

Uma noite enluarada, é o que faz a minha

alegria permanecer acesa

 

Bianca Silva Morais é estudante participante do projeto

 

 

‘Preocupação’ – Felipe Santana Miranda de Ávila

 

Um sentimento bastante angustiante,

Minhocas andando no estômago

Lágrimas caindo de repente

Susto que não esvai

 

Reze suas próprias preces

Lembre-se de bons momentos

Mas seja o que teces

Nada para de derreter

 

Preocupação ou vísceras dilaceradas

Nem sei a diferença

Mas todas serão suprimidas

Até restar somente o vazio

 

Linhas embaralhadas se desenhando

Dá ânsia de vômito

Porém se vê andando

Uma luz no horizonte

 

Seria mais um infortúnio,

Ou a própria salvação?

Interprete o seu cenário

Porque denomino como amor.

 

Felipe Santana Miranda de Ávila é estudante participante do projeto

 

Capa do livro, da antologia: “Cada poema, poesia, verso, frase, palavra, é uma ‘janela aberta’ para um mundo particular”, pontua Professor Luiz Arapiraca

 

(Jota Marcelo)

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