Crise sanitária do coronavírus: povo fica em casa, mas falta de UTIs se torna mais evidente

Problema de muitas décadas no Brasil: devido histórica má vontade administrativa do governo federal, a Saúde Pública tem, entre outras deficiências, poucos leitos de Unidades de Terapia Intensiva. Se antes, a sobrecarga já era realidade e existiam mais usuários com necessidades de utilização do que leitos de UTI disponíveis, com o advento do novo coronavírus, a situação é drástica. Não sendo diferentes, Uruaçu e Goiás carecem de maior estrutura. Somando 40 leitos de UTI, o tão aguardado Hospital Estadual Geral e Maternidade de Uruaçu (Hemu) teve obra reiniciada e, quando entrar em funcionamento, amenizará a situação. Historicamente acomodado, agora o Ministério da Saúde tenta, às pressas, aumentar o número de leitos de UTI.

Goiás e o Brasil carecem de mais leitos de UTI. Se antes da Covid-19, havia necessidade para o socorro intensivo qualificado aos doentes, com a pandemia o alerta soa maior, em um País que possui interessante Sistema Único de Saúde (SUS), mas que funciona sem estruturas humana e material necessárias.

 

Os pacientes, os familiares dos pacientes carecem de leitos de UTI em Uruaçu, em Goiás e no Brasil, possibilidade que minimiza o sofrimento das pessoas, alivia e proporciona certo conforto e, principalmente, ajuda na promoção da cura – Foto: © Reuters / Kai Pfaffenbach/Direitos Reservados / Agência Brasil

 

Estrutura hospitalar caracterizada pela capacidade de atender pacientes em estado grave ou potencialmente grave, no Brasil a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não porta suficientemente recursos humanos e técnicos de excelência – além de não apresentar número apto de leitos e estrutura material (equipamentos) satisfatória.

Pacientes que carecem de leitos de UTI e historicamente enfrentam adversidades na rede pública em geral e, somando os 246 Municípios goianos, nem 20 (vinte) têm estrutura para atendimento. Familiares amarguram horas e até dias, esperando por vaga em ambulância UTI Móvel do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192). Pacientes em estado grave vão a óbito antes mesmo de conseguir a tão necessária e esperada transferência (Regulação).

Em determinados casos, surge tal vaga no veículo, mas sem a vaga em leito de UTI de uma das unidades hospitalares dos grandes centros (Hospitais de Urgências e Emergências do Estado de Goiás [Rede Hugo], do Governo de Goiás), como, por exemplo, no Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), Hospital de Urgências Otávio Lage de Siqueira (Hugol), Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), Hospital Estadual Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI) e Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG). Mais, o Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (HEMNSL), Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (CREMIC), Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (CEAP-SOL) (ambos em Goiânia).

Cada unidade, obviamente (igual às unidades interioranas do Governo de Goiás), com as suas especialidades, estruturas, os seus serviços ofertados.

Em se tratando de interior, a gestão estadual tem o Hospital Estadual de Urgências de Aparecida de Goiânia Cairo Louzada (Huapa) (Aparecida de Goiás), o Hospital Estadual de Urgências de Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hutrin) (Trindade) e o Hospital Estadual de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Huana) (Anápolis).

Também, no interior: Hospital Estadual de Urgências da Região Sudoeste Dr. Albanir Faleiros Machado (Hurso) (Santa Helena de Goiás), Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime (HEELJ) (Pirenópolis), Hospital Estadual de Jaraguá Dr. Sandino de Amorim (Heja) (Jaraguá) e o Centro Estadual de Referência e Excelência em Dependência Química de Aparecida de Goiânia Professor Jamil Issy (Credeq Professor Jamil Issy) (Aparecida de Goiânia).

 

Pandemia amplia problema

Se o problema já era realidade antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), tal adversidade é destaque negativo em meio à crise sanitária que atormenta o País e, o mundo.

Em função da falta de número amplo de leitos de UTI e da falta de qualidade maior, o problema cresce. Carência de estrutura por todo o País já era clara e, imagina se a população brasileira, em sua maioria, não tivesse atendido recomendações do Ministério da Saúde e de outras representações quanto aos critérios de isolamento e à quarentena!

Com o aumento da expectativa de vida da população e a predominância de doenças crônicas como as principais causas de mortalidade, a necessidade de leitos de UTI hoje é crescente no Brasil, à semelhança da maioria dos Países desenvolvidos. A questão é que o cenário da terapia intensiva está muitíssimo aquém das necessidades da população, alertam, há tempos, estudiosos do assunto, enquanto o Ministério da Saúde tem ciência do assunto.

Em Goiás, sede do JORNAL CIDADE, anualmente a falta de leitos prejudica milhares de pacientes. Na esfera pública, obras de hospitais inconclusas, quase 200 novos leitos de UTI e cerca de 900 novos leitos de enfermaria deixam de ser ofertados à população face um conjunto de desorganização que se alastra há décadas, especialmente falta de repasses financeiros lógicos e o horror das obras paradas.

Envolvendo as unidades de saúde particulares, o segmento hospital enfrenta crise financeira faz mais de 30 anos. Uruaçu, por exemplo, já foi referência em quantidade de hospitais e leitos de UTI até o início dos anos 2000. Foram fechados o Bonsucesso, o Santa Helena e o São Vicente.

Hoje, no Hospital Serra da Mesa (antes chamado Santana) a novidade fica por conta de que a unidade foi comprada tempo atrás por um grupo de empreendedores médicos. Nos planos, implementação de novidades estruturantes e humanas, com completa infraestrutura e serviço mais qualificado de saúde. A localidade abriga também o Hospital Ortopédico de Uruaçu (HOU).

Sobre as Clínicas (de atuação convencional e na opção popular), novidades positivas estão surgindo, ao mesmo tempo, na cidade.

Basicamente, o Ministério da Saúde esclarece: não existe lei ou portaria que defina quantos leitos cada esfera de gestão deve disponibilizar para a população. A portaria que normatiza essa estratégia é a de número 1.631, datada de 1º de outubro de 2015, aprovando critérios e parâmetros para o planejamento e programação de ações e serviços no âmbito do SUS.

 

Hospital do Servidor Público

Muita obra civil iniciada ao mesmo tempo, erros de execução grosseiros e, eis que a maior parte está sem concluir. Pior: um festival de obras paradas, em um Brasil e Estado onde as autoridades jamais apresentaram interesse de fato e rapidez conveniente para a conclusão de obras de hospitais públicos, a aquisição de equipamentos e o início de funcionamento.

Em alguns exemplos de espaços que já eram para estar funcionando, o Hospital do Servidor Público Fernando Cunha Júnior (Goiânia), aparelhado agora (e ajudado com R$57 milhões, via Governo de Goiás, pela bancada federal goiana no Congresso, liderada pela deputada federal Flávia Morais [PDT]) para tratar e curar acometidos pelo Covid-19, via 40 leitos isolados e exclusivos (é a unidade preparada inicialmente na capital para receber pacientes em situação mais crítica) – fato que o fez ganhar o nome de Hospital de Campanha, segundo a portaria 507/2020, de 13 de março, do secretário estadual da Saúde, Ismael Alexandrino. Isso, após publicação de decreto do governador Ronaldo Caiado (Democratas), colocando Goiás, na mesma data, em situação emergencial devido ao Covid-2019.

Outros mais de 100 leitos de UTI com essa mesma característica para pacientes infectados devem surgir em Goiás até o início de maio, através de cerca de dez unidades de saúde da capital e do interior. Enfermaria: os leitos disponibilizados pela Administração estadual podem somar mil (Somando tudo, além da capital, seriam em Aparecida de Goiânia, Anápolis, Luziânia, Formosa, Itumbiara, Jataí e Porangatu. E, sob responsabilidade do governo federal, Águas Lindas de Goiás (leia mais adiante).

Para igualmente servir de QG, foi comentado dentro do Governo de Goiás, até no Hospital Estadual Geral e Maternidade de Uruaçu (Hemu [ainda não terminado]) e em praças esportivas pertencentes ao Estado. Da mesma forma, em outras unidades de saúde não apontadas aqui. Por enquanto, é algo que passou a ficar em segundo plano.

A Prefeitura de Goiânia (somando 30 leitos de UTI), com o recém construído Hospital e Maternidade Célia Câmara e, outras Prefeituras interioranas, estão lidando também com a iniciativa, dentro de suas limitações, visando amparar pacientes com o novo coronavírus ou, suspeitos.

De acordo com a Secretaria de Comunicação do Governo de Goiás, ‘a portaria assinada por Alexandrino ainda elenca quatro razões para a tomada da decisão, em caráter emergencial, de oficializar um Hospital de Campanha em Goiás [haja vista que o HDT, por exemplo, não tem suporte para isso]: a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março, que decretou situação de pandemia (quando todos os continentes são atingidos) no que se refere à infecção pelo novo coronavírus; a Lei número 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que dispõe sobre as medidas para o enfrentamento da emergência em saúde pública de importância internacional decorrente do surto da virose; o acionamento do nível 1 do Plano de Contingência da SES, conforme recomendação do Ministério da Saúde; e, o decreto no 9633, de 13 de março de 2020, de autoria do governador do Estado de Goiás, que lista uma série de providências com o objetivo de conter o avanço do Covid-19.’. E: ‘De acordo com o documento, o espaço será destinado ao atendimento de casos de coronavírus e/ou síndromes respiratórias agudas que necessitem de internação. A gestão e o acesso à unidade estarão a cargo da SES [Secretaria de Estado da Saúde de Goiás [SES-GO]). Alexandrino ressalta, porém, que o atendimento dos casos suspeitos deve ser inicialmente realizado em toda a rede de atenção à saúde, conforme previsto pelo Comitê de Operações de Emergências em Saúde Pública para o novo coronavírus (COE).’.

A finalidade pioneira do Hospital do Servidor Público (HSP), idealizado para possuir capacidade para até 222 leitos; e, com 30 leitos de UTI, entre os quais dez leitos pós-cirúrgicos: atender a todos os mais de 600 mil afiliados do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo).

Obra iniciada em janeiro de 2015, paralisada e, reiniciada em meados do ano passado, foi projetada para ficar pronta em novembro de 2016.

 

Hospital do Servidor Público: obra não concluída e ainda não equipado, foi transformado em Hospital de Campanha, face a Covid-19 – Foto: Governo de Goiás/Divulgação

 

Santo Antônio do Descoberto

Outro que poderia estar funcionando e com leitos de UTI ofertados é o Hospital Regional de Santo Antônio do Descoberto (Santo Antônio de Descoberto), que, inicialmente era de propriedade do Município e que começou a ser construído no ano 2001, teve obra paralisada em 2004, reiniciada em 2006 e interrompida em 2008. A previsão foi de que o imóvel ganhasse conclusão em dezembro de 2014.

Dezembro de 2013: o Governo de Goiás assumiu o empreendimento e o reiniciou em abril de 2014. Em meio à auditoria, superfaturamento, desvios de recursos, à disputa judicial, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) não cumprido, no ano 2018 a obra foi retomada, para logo em seguida sofrer nova interrupção. Sem previsão de reinício, os trabalhos da abandonada construção estão paralisados.

Em dados da SES-GO, será um hospital geral, atendendo urgências e emergências. O projeto contempla 134 leitos (antes, informaram 127). Inicialmente comunicaram: 35 de UTI (dez adultos, nove pediátricas, dez neonatais e seis Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais [UCINs]). Por hora, firmam ser 30 leitos de UTI.

Na época, oficializaram que seriam investidos R$10,9 milhões para a conclusão (recursos federais e estaduais) e R$15 milhões para equipar, com recursos estaduais.

 

Entre as ações para ampliar a rede de hospitais regionais, o Governo de Goiás assumiu em 2013 a conclusão e gestão das unidades de Santo Antônio do Descoberto (kit de fotos 1) e, de Águas Lindas de Goiás (2). Funcionando, as três estruturas de saúde reforçarão a Rede Hugo de Hospitais – Fotos: Ministério Público (30/01/18 e 06/04/17)

 

Águas Lindas de Goiás

Igualmente poderia estar funcionando, o Hospital Regional de Águas Lindas de Goiás (Águas Lindas de Goiás).

Dados da Pasta estadual da Saúde:

Em Águas Lindas, a obra o do hospital foi iniciada pela Prefeitura em 2000 [porém paralisada inicialmente por mais de uma década]. Com investimentos federais e estaduais, da ordem de R$15 milhões, o Governo de Goiás recebeu no fim de 2013 a autorização do Ministério da Saúde para assumir a conclusão.

A unidade terá pronto-socorro e área construída de 11.405,62 metros quadrados (um pouco menor que o Hugo, que é de cerca de 13 mil metros quadrados). A unidade contará com 30 leitos de UTI (dez adultos, dez pediátricos e dez neonatais), oito salas no centro cirúrgico, incluindo atendimento de obstetrícia, num total de 137 leitos.

Após a escolha da empresa que concluiria a obra, a previsão era que a inauguração ocorresse em 2015, mas nada de ser concluída no tempo previsto! A SES-GO planeja inaugurá-lo no segundo semestre desse ano.

No fechamento dessa edição, 31 de março, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que um hospital de campanha do governo federal seria instalado em Águas Lindas de Goiás.

Essas duas municipalidades, localizadas no Entorno do Distrito Federal, afirmaram não dispor de recursos necessários para as conclusões e, principalmente, mantê-las funcionando. “Essas obras fazem parte da rede de Urgência e Emergência que o Estado está implantando em território goiano. Elas serão fundamentais para qualificar a saúde pública do Entorno, aumentando o número de UTIs, de exames de alta complexidade, e a ofertas de atendimento de média e alta complexidade”, comentou o secretário de Estado da Saúde de então (2014), Halim Antonio Girade.

 

Torcida por melhorias

Na ótica do JORNAL CIDADE, em gestões anteriores houve exagerada e visível atuação política errônea no quesito obras… Obras eleitoreiras! Por que investir em duas unidades do Entorno do Distrito Federal ao mesmo tempo? Poderiam ter concluído, equipado e colocado em funcionamento uma. Em seguida, fariam o mesmo com a outra. Por que construir ao mesmo tempo o Hospital de Uruaçu e o Centro de Convenções de Anápolis (outra obra não concluída)? Por que construir em tempo concomitante o Hospital do Servidor Público e as sedes dos Centros de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeqs) (outra iniciativa sem praticidade satisfatória)? Por que duplicar rodovias, se a falta de leitos de UTI eram (e são) escancaradas? Por que tantas sedes de Escolas Século XXI (sem conclusão há anos) se faltavam (e faltam) estruturas material e humana dentro dos hospitais públicos estaduais?

Na opinião desse periódico – como não foi feito antes, que se faça de agora em diante –, mensalmente o Governo de Goiás podia destinar R$5 milhões para investimentos em estruturas de todas as unidades de saúde estaduais.

Outros R$5 milhões podiam todo mês ser investidos na implantação de mais leitos de UTI nos seus hospitais.

E mais R$5 milhões mensais para investimentos nos profissionais (qualificação, ampliação de conhecimentos, pesquisas e afins) que atuam em todos os hospitais da gestão estadual.

As esperas nas filas da Regulação são frequentes e, Goiás e o Brasil não estão em boa situação quando o assunto envolve número de leitos de UTI equipados com itens necessários disponíveis em hospitais públicos e regulados junto ao SUS, até mesmo dentro da capital Goiânia e, em outros grandes centros (quantidade de ambulâncias adequadas; número de vagas disponíveis; camas hospitalares automáticas, monitores multiparâmetros de sinais vitais, respiradores/tubos traqueais, bombas de infusão contínua [para diferentes necessidades], eletrocardiográficos, desfibriladores portáteis, pás de choque, ventiladores pulmonares mecânicos, balões de oxigênio (cilindros de oxigênio), concentrador de oxigênio, sondas, máscaras nasais, stents, autoclaves (aparelho para esterilização), ambulâncias e UTIs Móveis equipadas ao máximo e, muito mais equipamentos, suportes. Também outros insumos variados e, medicamentos. E, óbvio, quantidade de profissionais especialistas, gabaritados).

Guloso, o governo federal precisa, urgentemente, fomentar muito mais os Estados e os Municípios. Fomentar sem burocracias excessivas, sem atuação arcaica, sem tanta incompetência profissional humana. Que o governo federal tenha elo maior com a municipalidade.

Ilógico, a população do Norte goiano, oficialmente com 26 Municípios e, de mais alguns de outras regiões, bem vizinhos, contarem com apenas duas UTIs Móveis do Samu. Falta ação maior também do governo federal nessa particularidade.

É o mesmo governo federal que insiste em não liberar recursos de forma mais lógica para que o novo Hospital das Clínicas, com sede em Goiânia, passe a funcionar. O HC, vinculado à Universidade Federal de Goiás (UFG) e que será o maior hospital universitário do Brasil, teve a obra terminada em 2019, mas ainda não está totalmente equipado. Algo que seria resolvido com R$37 milhões, uma mixaria para o Ministério da Saúde. São 530 leitos, deles, 70 de UTI.

Para o secretário Ismael Alexandrino, na atualidade a situação do Estado é considerada confortável. Independente da crise sanitária do Covid-19, o Governo de Goiás está assumindo a gestão de hospitais até então de propriedade de Municípios – Formosa, Jataí, Luziânia (em geral são 82 leitos; a inauguração, segundo a SES-GO, será em breve), São Luís de Montes Belos e Itumbiara.

Outros Municípios estão lidando com a construção e, os atos de equipar e colocar para funcionar diferentes hospitais. Casos de Bom Jardim de Goiás, Campos Verdes, Corumbá de Goiás, Hidrolina, Inhumas e Silvânia.

 

Em reportagem de 13 de março do jornal O Popular (Goiânia), situação em Goiás, incluindo número de leitos de UTI, foi mostrada (vide imagem). Mas, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o número atual de UTIs em Goiás é de 899 – Imagem: Reprodução

 

Novo Hospital das Clínicas, localizado em Goiânia – Foto: Carlos Siqueira/Secom/UFG

 

Leia mais nas submatérias

 

Uruaçu – Projetado para funcionar com 40 leitos de UTIs, Hemu tem obra reiniciada

 

Somando 40 leitos de UTI e, estrutura estratégica para compor a rede estadual de assistência médica em uma das regiões mais carentes de Goiás, o Hospital Estadual Geral e Maternidade de Uruaçu (Hemu) faz parte do programa estadual que formará uma rede direta de hospitais gerais em todo território goiano composta por outras unidades: Hospital Estadual Geral de Goiânia Alberto Rassi (HGG); Hospital Estadual de Pirenópolis Ernestina Lopes Jaime (Heelj); e, Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (HEMNSL). E, ainda com integração com outras unidades maiores.

 

Hospital Estadual Geral e Maternidade de Uruaçu: usuários carecem dessa e de outras casas de saúde funcionando plenamente. Desde os atendimentos padronizados mais simples, se estendendo até as internações nos leitos de UTI – Foto (Arquivo): Márcia Cristina/JORNAL CIDADE

 

Governador Ronaldo Caiado (dir.) em recente visita ao canteiro da obra do Hospital de Uruaçu: reinício dos trabalhos – Foto: Lucas Diener/SECOM Goiás

 

O Hemu, sediado na cidade do Norte goiano, também foi pensando para atuar com cirurgias de baixa, média e alta complexidades, funcionando com alta qualidade para atender a população. Porém, é mais uma obra de grande porte do Governo de Goiás que apresentou atraso.

Com estrutura para 240 leitos (o número oficializado antes era 283, com 238 de internação), estão previstos: atendimentos em gineco-obstetrícia, urologia, proctologia, clínica médica e cirúrgica, ortopedia, traumatologia, cardiologia, gastroenterologia, pneumologia, neurologia clínica e mastologia, além de realização de exames, 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta, dez leitos de UTI pediátrica e dez leitos de UTI neonatal, mais outras cinco Unidades de Cuidados Intermediários (UCINs), além de atendimentos de urgência e emergência. Fora outros suportes!

O Hemu terá ainda dez centros cirúrgicos: sete para cirurgias gerais e três para obstetrícia. Na aparelhagem, contará com máquinas de raio X, tomografia, ressonância magnética, laboratórios e toda infraestrutura para melhor atendimento médico-hospitalar.

Em meio à intensa movimentação de pedreiros, eletricistas, serventes e outros profissionais que trabalhavam na fundação, alvenaria e no acabamento, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (Democratas), fez, dia 3 de março, visita técnica ao Hemu, conferindo a retomada da obra (com área de 23 mil metros quadrados e que teve início em abril de 2013), ocorrida em fevereiro. Ele estava acompanhado pelo secretário de Estado da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, mais outras autoridades, personalidades federais, estaduais, regionais e municipais, além de populares.

 

‘Dependendo da sorte’

Informando, na ocasião, que a obra seguia em ritmo acelerado, a Secretaria de Comunicação do Governo de Goiás detalhou:

Ao ressaltar a importância do Hemu, Caiado citou que a regionalização da saúde é prioridade de sua gestão, e que está implantando uma estrutura de policlínicas e hospitais de média e alta complexidade em todo o Estado. “É isso que estamos criando, a regionalização da saúde, da qualidade de vida, da segurança para o cidadão poder viver nesta região, que até hoje viveu dependendo da sorte”, disse.

O valor necessário para a conclusão da obra, R$31 milhões, já foi repassado à Agência Goiana de Infraestrutura (Goinfra). Também estão previstas verbas do Ministério da Saúde para aparelhagem completa da unidade. “Vamos regionalizar a saúde e dar qualidade de atendimento. Tudo isso, quero deixar claro, devo muito a meus deputados federais e estaduais, que trabalharam arduamente para que a gente pudesse ter orçamento”, disse o governador.

Em gestões anteriores, lembrou o chefe de Estado, apesar das interrupções da obra – que chegou a ficar por mais de dois anos parada –, o Hemu foi inaugurado em duas ocasiões, sem nunca ter funcionado. “Agora não terá mais interrupção. No momento em que o governo Ronaldo Caiado determina uma obra, podem saber que ela não será eleitoreira. O cidadão poderá usufruir daqui”, garantiu.

O secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, ressalta a importância de conclusão das obras do Hemu para a regionalização da saúde em Goiás, um dos pilares da sua gestão. “A unidade será concluída e suas atividades serão fomentadas e muito bem aproveitadas para a oferta de saúde na região Centro-Norte”, afirma. Ele lembra que em pleno funcionamento, o hospital terá custeio de mais de R$100 milhões anuais e que a gestão buscará apoio no Ministério da Saúde para a manutenção da unidade.

Segundo o secretário, o Hemu é de fundamental importância para o atendimento de saúde regionalizado e alcançará mais de um milhão de habitantes distribuídos em 60 Municípios da região e de redutos da vizinhança.

O secretário externou que a visita técnica passou principalmente pelas áreas com a conclusão mais distante, como o centro cirúrgico, área administrativa e a parte elétrica da unidade. Ele explica que, enquanto a empresa segue o cronograma de obras, em paralelo, o Governo de Goiás trabalha na aquisição dos equipamentos. “O Hospital de Uruaçu terá um aparelho de ressonância de última geração”.

Há mais de 15 anos, 20 anos, o Governo de Goiás tem ciência de que que a Rede Hugo precisa, e bastante, da conclusão, do funcionamento das unidades hospitalares de Uruaçu, Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas de Goiás.

Leia mais sobre UTIs na submatéria final

 

Secretaria da Saúde esclarece sobre remanejamento de camas hospitalares

 

Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) esclarece iniciativa de transferir camas destinadas ao Hospital Estadual Geral e Maternidade de Uruaçu (Hemu) para o Hospital de Campanha, localizado em Goiânia e de exclusividade aos pacientes vítimas do novo coronavírus (Covid-19).

 

O realocamento das camas hospitalares aconteceu em meados de março. Em janeiro, hipotética transferência de um aparelho de ressonância magnética para a Policlínica de Posse repercutiu negativamente entre prefeitos, secretários municipais da saúde da região Norte e, outras pessoas. A transferência não se concretizou.

Em nota, a SES-GO informou sobre o procedimento de agora e, reafirmou que o empreendimento de Uruaçu terá a obra concluída no final de 2020. Confira.

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO:

Diante da situação de pandemia da doença pelo coronavírus 2019 (Covid-19), o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), vem adotando uma série de medidas urgentes para enfrentamento do vírus no território goiano. Uma das ações foi implantar, em caráter emergencial, o Hospital de Campanha para atendimento de casos de coronavírus e síndromes respiratórias agudas. Diante da emergência em saúde, a SES-GO está transferindo camas, que temporariamente não estão sendo usadas, do Hospital que está em obras em Uruaçu para o Hospital de Campanha, em Goiânia. Já que as obras do Hospital de Uruaçu, embora anunciadas como concluídas pelas gestões passadas, ainda não foram finalizadas, as camas não utilizadas que já estavam no local contribuirão, de forma temporária, para a estruturação do Hospital de Campanha. O objetivo é viabilizar a abertura da nova unidade no menor tempo hábil possível para atender os cidadãos de todas as regiões do Estado que necessitarem de internação, inclusive em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Até então, Goiás é o único Estado do Brasil a contar com um hospital 100% destinado aos pacientes do Covid-19.

As obras do Hospital de Uruaçu foram retomadas em fevereiro deste ano, estão em ritmo acelerado, com previsão de conclusão para o final do ano, estando o dinheiro na conta para concluir o Hospital Regional inacabado e abandonado pelas gestões passadas.

A unidade terá estrutura para 240 leitos, sendo 40 de UTI (adulto, infantil e neonatal). Vamos efetivamente colocar esse hospital para funcionar, atendendo a população de Uruaçu e região.

 

Equipamentos do Hemu foram transferidos. Secretaria da Saúde, comandada por Ismael Alexandrino, explicou a transferência em Comunicado – Foto (Arquivo): Comunicação Setorial/SES-GO

 

Nove em cada dez cidades do País não têm leito de UTI e ‘exportam’ pacientes

 

Carlos Madeiro – Colaboração para o UOL, em Maceió-AL

 

O Brasil possui leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em apenas 545 dos 5.570 Municípios – ou 9,8% deles –, segundo dados de janeiro de 2020 do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Desses 550, apenas 482 cidades têm vagas disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ou 8,6% do total nacional.

 

No País, havia 50 mil leitos de UTI habilitados em janeiro, sendo apenas 22 mil deles disponíveis pelo SUS. Os demais são de hospitais que fazem atendimento apenas mediante pagamento ou convênios. O Ministério da Saúde já anunciou que vai alugar leitos da rede privada, em caso de necessidade para tratar pacientes com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

A falta de leitos de UTI é apontada como o maior desafio para o caso do Brasil registrar uma epidemia com demanda grande de pacientes infectados com o coronavírus. Sem leitos em suas cidades, pacientes com problemas mais graves são transferidos para cidades maiores com hospitais mais bem equipados – os chamados polos regionais. São eles que devem receber eventuais casos graves da Covid-19. A justificativa das cidades é que não há recursos para manter os leitos de UTI, que são mais caros do que os de internamento convencional. Para especialistas ouvidos pelo UOL, um dos principais problemas na questão das Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) está na má divisão regional dos leitos.

 

Momento pede abertura de leitos

O médico Wilson de Oliveira Filho, diretor da Associação Brasileira de Médicos Intensivistas (AMIB), defende medidas para descentralizar leitos de UTI, mas assegura que, neste momento de emergência, é necessário a abertura imediata de leitos em locais onde há maior estrutura médica e hospitalar.

“Não há tempo para isso. Agora é abrir mais em grandes centros e, no mais, orientar a população sobre os cuidados básicos”, afirma. Ele explica que há gritantes diferenças entre as regiões. “A gente tem uma média de três leitos por 10 mil habitantes, só que temos regiões com mais, como Sudeste, e outras com menos, como Norte e Nordeste. No Norte, por exemplo, temos menos de um por 10 mil. Isso é uma complicação, é um problema neste momento: como eles vão fazer com essa carência de leitos e de especialistas?”.

 

Sem certeza do número

O médico intensivista Frederico Jorge Ribeiro, coordenador das UTIs do Hospital dos Servidores, no Recife, se acostumou a receber e tratar pacientes vindos do interior de Pernambuco. “São poucos os Municípios que têm leitos de UTI, a maioria vem pra cá”, conta.

Ele afirma que os hospitais com leitos de tratamento intensivo já fizeram seus planos de contingência para atendimento aos pacientes da Covid-19, mas não é possível prever se o número será suficiente.

“A verdade é que existe a chance de a quantidade de leitos não ser suficiente para os tratamentos. Isso ocorreu em todos os Países”, pondera. Segundo Ribeiro, é mais “racional e prático” viabilizar leitos em grandes centros por questões técnicas.

“UTI demanda uma alta tecnologia, uma mão de obra altamente especializada, e tem de ser em grandes centros, ou dentro de hospital geral. Acho pouco provável que isso seja uma estratégia neste momento. Porque um paciente com Covid-19, por exemplo, pode demandar pareceres de especialistas como cardiologista, neurologista, e o leito tem de estar onde haja acesso a esses profissionais”, afirma.

O problema, diz, está nas regiões mais distantes. “Isso é preocupante em locais como na região Norte, que tem comunidades que ficam a quatro, cinco horas de barco. É um grande desafio que vamos enfrentar agora”, alerta.

Ele afirma que, caso o número de pacientes seja maior que a demanda, será necessário fazer improvisos, como transformar enfermarias em leitos intensivos.

“Se estiver o caos, chegando mais e mais casos, vai ter de improvisar, tipo faz [a ONG] Médico sem Fronteiras por aí. Não descartaria essa hipótese aqui”, assegura.

 

Municípios atuam em rede

Segundo o secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, é natural que os leitos de UTI estejam concentrados em cidades maiores.

“Obviamente que os Municípios de pequeno porte não têm necessidade nem demanda para leito de UTI”, explica. Para suprir suas demandas como as que devem surgir agora, ele explica que há trabalho por meio rede de atenção à saúde.

“Nelas, se estabelecem Municípios-referência em cidades de porte médio e grande. Nós temos um País continental, com diferenças regionais gritantes, e temos cidades com pequenas populações em que não se justifica ter UTI”, explica, defendendo a remoção de pacientes em caso de problemas graves.

Entretanto, ele diz que o ponto a ser debatido agora é se o número de leitos é suficiente para enfrentar uma epidemia de Covid-19. “Não é suficiente. Pelo que está sendo posto em vários Países, a gente tem de estar preparado para ampliar rapidamente. Sabemos que aproximadamente 5% dos infectados com vírus vão necessitar de uma UTI”, diz, defendendo o modelo que está sendo adotado pelo governo federal.

“O Ministério da Saúde fez uma grande tarefa para habilitar leitos. Neste ano, já saíram inúmeros. E o Ministério diminuiu bastante a burocracia agora. O gestor faz um pedido de novos leitos para atender à população com um ofício simples, e o Ministério, depois, é que vai lá se certificar; mas nesse momento ele já vai pagar o custeio desse leito”, completa.

 

(Jota Marcelo. Com fontes citadas)

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