Moradora de Uruaçu desde 13 de junho de 1994 e hoje com 41 anos, a escritora Adriana Ripardo é natural de Teresina, capital do Piauí, onde residiu até os 12 anos, quando mudou para Goiás. Você sabia da amizade entre Adriana e Leonardo Pareja?
A reportagem é sobre o livro Muralhas da Solidão, de Adriana Ripardo – a ser lançado nesta quinta 30 de março, 19h, no plenário da Câmara Municipal de Uruaçu –, mas, quem é Leonardo Pareja?, podem, imediatamente, estar perguntando determinados leitores.
Ousado ao fugir e debochar da Polícia Militar (PM), Leonardo Rodrigues Pareja ganhou fama praticando crimes e o ápice de sua atuação ocorreu entre a última semana de março e a primeira de abril de 1996, quando atuou destacadamente em rebelião de repercussão nacional durante sete dias na sede do então Centro Penitenciário de Atividades Industriais do Estado de Goiás (Cepaigo), hoje Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
Na ocasião, Pareja e outros 43 detentos fugiram após autoridades (que vistoriavam o local) ficarem como reféns, entre elas o desembargador Homero Sabino de Freitas, na época presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO).
No trajeto da fuga – iniciada sob companhia total de seis reféns e, com parada em um bar, dando autógrafos e comprando cigarros e bebidas –, Pareja passou por Uruaçu, assustando diferentes pessoas da cidade nortense, igualmente fez em outros redutos. Um dia depois foi recapturado, em um posto de combustíveis de Porangatu, também localidade do Norte goiano.
Nascido em Goiânia no ano de 1974, Pareja foi morto por outro detento do Cepaigo quando o calendário marcava dezembro de 1996, depois de delatar um plano de fuga.
Antes, foram lançados o documentário Vida Bandida – Leonardo Pareja (1996), de Régis Faria; e, o livro Ensaio de uma Vida Bandida (2008), pela editora Juruá, de Leandro França.
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Adriana Ripardo: ‘Realização: essa é a palavra que me define’
‘Nossa amizade foi coisa do destino’, disse ao JORNAL CIDADE a escritora Adriana Ripardo, sobre a relação dela com Leonardo Pareja.
Como se sente em poder lançar seu segundo livro?
Lançar meu segundo livro é a afirmação de que a educação é sempre o melhor caminho a seguir. Meu pai era analfabeto, eu sou autodidata, aprendi a ler, escrever, desenhar e pintar antes de entrar pra escola. Criava histórias em quadrinhos aos nove anos e dava de presente para colegas e professores. Realização: essa é a palavra que me define.
Nota da Redação: Adriana lançou em abril de 2020, pela editora Vargas (Rio de Janeiro-RJ), o livro Destinos traçados
Muita gente não sabe, não sabia sobre sua amizade com o personagem da obra. De que maneira resumiria essa amizade?
Meu encontro com o Léo, é algo que tinha que acontecer. Nossa amizade foi coisa do destino.
Quais as opções de contatos para aquisição do livro?
O livro pode ser adquirido no dia do lançamento, na Câmara ou, na editora Santorini, a partir do dia 31 de março de 2023.
Mais alguma informação?
Fui convidada para fazer o lançamento de Muralhas da Solidão em Santa Catarina, onde o livro foi produzido e, em Goiânia, onde tudo começou. Mas, preferi ficar aqui em Uruaçu e dividir com minha cidade esse primeiro momento.
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Uma amizade e o ineditismo da história
A seguir, texto disponibilizado pela editora Santorini e pela escritora Adriana Ripardo, aqui transcrito sob adaptações.
Livro inédito conta detalhes da história de Leonardo Pareja
Vinte e sete anos depois, a melhor amiga de Leonardo Pareja, rompe o silêncio e conta os detalhes, nunca antes revelados, da vida do criminoso mais famoso do Brasil. Adriana Ripardo contou toda a história, no livro Muralhas da solidão, que será lançado no próximo dia 30 de março, às 19h, na Câmara Municipal de Uruaçu.
No livro a autora conta a história de Leonardo Pareja, totalmente diferente das reportagens e noticiários da época, mostrando o lado humano, sensível e genioso de Pareja. A biografia traz em detalhes como ele agia, pensava e arquitetava seus planos e estratégias.
O livro começa contando como os dois se conheceram, durante uma fuga de Pareja e como eles se tornaram melhores amigos e confidentes. Em um dos trechos, Adriana conta como ele sobreviveu na mata para não ser encontrado pela polícia e como ficou escondido na casa da amiga. A publicação está recheada com imagens e esboços escritos por ele.
A obra traz ainda depoimentos inéditos de pessoas que também estiveram com Pareja de perto, como a delegada Renata Cheim, o desembargador Homero Sabino, e outros personagens que foram feitos reféns, durante uma rebelião no presídio, liderada por Pareja.
Além do livro, Adriana guarda um arsenal de documentos, como milhares de cartas que Pareja recebia na cadeia, de mulheres do Brasil inteiro, esboço de planos de fuga da cadeia e centenas de fotos que ele mandava com dedicatória.
Adriana escondeu esse segredo, até de sua família, durante vinte anos. Só revelou toda a experiência agora, quando foi encorajada a escrever o livro Muralhas da Solidão..
(Jota Marcelo)