RELIGIÃO

DR. PADRE CRÉSIO RODRIGUES

Revisitação a Nossa Senhora Aparecida

A basílica de Aparecida é um lugar privilegiado para quem deseja rezar com humildade e admirar o esplendor de uma obra, também em vista da profecia: as gerações me chamarão bem-aventurada.

Padre Crésio: ‘A mãe indica o Filho, caminho e doçura do Céu, sempre!’ – Imagem: www.cancaonova.com

 

Nunca é demais revisitar, contemplar e reaprender, através da história e da arte, elementos da aliança divino-humana, de cujo mistério nos chegaram as verdades da fé, a graça redentora e a filiação (cf. Gn. 3,15 e Ap. 12,4-5 e Jo. 19,26-27 e Gl. 4,4-6).

Maria partiu de Nazaret rumo a Ain Karin… E, com Jesus foi chegando a tantas partes do mundo, Aparecida aos pescadores no Brasil, acolhida como mãe pelo povo convertido, os cristãos que lhe adornam manto e casa.

Em Aparecida do Norte, onde recentemente estive, o Santuário segue em construção, cada vez mais belo e cheio de gente fervorosa. De todo canto da Nação, pessoas das muitas classes sociais, acorrem devotamente a Nossa Senhora, padroeira do Brasil, qual porta segura para seu filho Jesus. De fato, foi Ele quem disse: Quando eu for exaltado atrairei todos a mim..

Embora o evento (18º Encontro Nacional do Clero) nos ocupasse bastante tempo, além das celebrações litúrgicas oficiadas, fiz questão de dedicar uma tarde em visita ao Templo, na condição de peregrino, também filho de Maria.

A basílica de Aparecida é um lugar privilegiado para quem deseja rezar com humildade e admirar o esplendor de uma obra, também em vista da profecia: as gerações me chamarão bem-aventurada. A imagenzinha que representa a Santa, desde a consagração em Portugal (25/03/1646 e no Brasil 31/05/1931), conhecida como Senhora da Conceição Aparecida, é um ícone da fé mariana popular, e da construção histórico-cultural desta terra de Santa Cruz. O sim que ela deu ao Arcanjo Gabriel, start da concepção terrena do Filho de Deus, desde o escondimento em Nazaré à universalidade da raça humana, recebeu carinho em todo idioma, cores e sobrenomes. Seu manto traz o tom do céu, acolhe a todos, às vezes com prodígios: a conversão de amor e socorro aos desvalidos, o senso de justiça e tolerância incluídos.

Revisitando o significado de Maria na história da salvação, que subjaz nas expressões artísticas desta casa maternal, procurei me deter na releitura dos muitos símbolos incrustados no teto ou solo da basílica. Girei por vários recantos da mega construção, subi a torre, fui ao museu, contemplei sacadas e paredões, lugares que recontam fontes de nossa fé através de desenhos e mosaicos.

Pode-se encantar com uma abundância de símbolos: o nicho onde se encontra a imagem e a inscrição bíblica; o sol no entorno do nicho qual vestido da mulher; o círculo remete à forma perfeita de Deus, as ondas de água representando a ação do Espírito Santo em Maria; os peixes têm a ver com a pesca milagrosa no rio Paraíba do Sul; a citação ‘O Espírito e a Esposa dizem: Amém. Vem Senhor Jesus’; a estrela guia dos Reis Magos a Jesus; a faixa vermelha com muiraquitãs remetem a Ressurreição, o pavão representa a glória de Deus; a pomba qual sopro do Espírito sobre Maria e nós; a cruz dos ramos em círculo irradia a Vida, do princípio ao fim. As frutas: uva da alegria, romã da prosperidade, maçã do amor. As flores de maracujá, de tamareira e a flor de lis com sua peculiar simbologia.

No colo da mãe um filho reaprende as lições simples e fundamentais nesta vida: conviver bem, cultivar altruísmo e empatia, conhecer e amar a Deus para um dia desfrutar de sua glória. O conhecimento ajuda muito a dar razões da fé; também não desejo perder a sensibilidade ante o mistério divino que se revelou outrora e continua a nos tocar ou envolver como corpo místico de Cristo. A mãe indica o Filho, caminho e doçura do Céu, sempre!

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