O peso adoece e mata – OBESIDADE MÓRBIDA
Mais uma vez a temática da obesidade com sua lista de morbidades (fatores físicos e fisiológicos de agravos à saúde). Se o excesso de peso se resumisse apenas à mudanças da anatomia das chamadas partes moles, da silhueta pessoal, dos diâmetros e anatomia do corpo, tudo encerrado. Mas, não e não mesmo. O aumento do índice de massa gordurosa encerra-se em um espectro muito amplo de graves fatores de risco à saúde, sobretudo ao coração e cérebro – infarto, derrame cerebral e morte súbita.
Retrato do descontrole, zona de conforto e resiliência de portadores de obesidade mórbida. Cena real. MLS 52 anos, sempre obeso, atingiu o IMC de morbidez ou alto risco. Foi orientado pelo endócrino à cirurgia bariátrica. Paciente passou pela equipe multiprofissional antes e pós-operatório. Foi reiteradamente instruído a ter aderência à chamada reeducação alimentar. Nos primeiros meses se mostrava um paciente exemplar e resignado às mudanças propostas. Passados dois anos um reencontro numa confraternização gastronômica. O mesmo biotipo adiposo ou até maior peso de antes da bariátrica. Espanto!
–Uai Sr. MLS, o que lhe sucedeu, o senhor não tinha submetido a procedimento para emagrecer?
–Ah, sim, verdade, mas não deu, ganhei tudo de novo. Tinha perdido uns 40, agora estou com 160.
Melhor explicado, o sujeito tinha 150 kgs antes do procedimento redutor de peso. Não se controlou nas compulsões e voltou a 160 kgs de peso corporal. Um superavit de 10 kgs. O peso é afetivo e volta.
A obesidade embora estudada amplamente pela medicina serve de indagação em outros ramos das ciências e do conhecimento. Entre esses, a filosofia, a sociologia, a psiquiatria e a psicologia.
Como exemplo, essa questão proposta: dentre todos os animais somos a única espécie que ingerimos alimentos com o único propósito de prazer, de diversão, de gozo e de satisfação instintiva.
Ofereça, por exemplo, ração a um cachorro ou porco. Ele comerá até saciar sua fome. Se lhe adicionar o melhor petisco ou ração a mais cheirosa ou saborosa, ele não comerá a mais.
Mesma experiência com os humanos mórbidos. O sujeito se fartou e se refestelou em massas, carnes e sobremesa. Se lhe der mais um musse ou torta de chocolate, o sujeito se empanturra, como se não houvesse amanhã. À lá assertiva do Carpe diem. Tenha um bom dia, aproveite ao máximo a vida, coma do bom e do melhor. Conselho dos sobreviventes do antigo Império Romano.
A obesidade, costumeiramente se apresenta em família. Tudo se estabelece por um fator hereditário comportamental. Bem entendido, não genético, nada de DNA. Hereditário por hábitos de festas e orgias alimentares peculiares naquela família.
A criança crescida nesse ambiente de tudo prazer, de toda alegria centrada de tudo quanto é iguaria se tornará um adulto glutão e comilão por toda sua vida.
Uma criança que passa a adolescência obesa tem risco quase 100% de se tornar uma adulta obesa irreversível. Por quâ? O seu número de células adiposas é infinitamente maior do que uma criança de peso normal. Células adiposas são famintas, esfomeadas por mais e mais calorias, mais e mais iguarias. O indivíduo come, come, as células gordurosas empanturram e ele, indivíduo obeso, também portanto se empanturra. O melhor é a prevenção, com educação que começa lá no berço com a primeira amamentação. Comida não é tudo na vida.
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