O ALCANTIL
Em crista altíssima, levanta a Serra Geral
Cortina de muralha s’erguendo monumental
Tumultuam-se morros em píncaros centralizados
Altiplana a cordilheira, em muros desmantelados
Coliseus em ruínas avultam em planalto
Abrindo em cavernas, precipitam do alto
Aprumam-se vértices em formosos albardões
Em passagem expandida aos ondulantes chapadões
Muralhas outras em blocos de granito
Aformoseiam o cenário ao contrate do infinito
Lembram ruínas incas, que se alteiam dominando
Mina o brejo na fonte como se fosse chorando
No tablado dos gerais, o contraste belíssimo
Belos píncaros se assentam em tronos de granito
Arremete o cerrado no fastígio das montanhas
Medra o pasto viçoso na campina das savanas
Severo e majestoso, abre o extenso vale
Tendo por pajem esculturas belas, espetaculares
A pique, o belo anfiteatro em muralhas
Palco em preparo de espantosas batalhas
O revés é o contraste…
Movimentos marciais, o rufar de tambores
A rataplã das tropas, o Buraco dos horrores
O areal da estrada branqueia a resvalar
O buritizal em coleio leva o regato ao mar
Em um prado sinuoso silva o estampido
O burro de Vicente empaca exaurido
Mais tiros estalam ao prenúncio do arrebol
A tropa avança pelos lados do paiol
Miragem surda em solidão madrugadeira
Ao coice darmas vão levando a bandalheira
Porradas, coronhas, singultos, aflição
Expira o velho chefe sangrando ao rés do chão
A paisagem da noite, silente, amortalhada
Vai aos poucos cedendo e pela manhã devorada
Magotes chafurdam ao sereno no canavial
Desfraldam os pendões ao vento matinal
A bruma da manhã vem ao cerco sitiado
Na tulha Ele é salvo pelo próprio soldado
Fita o céu e a serra, alcantilada e selvagem
Rochedos fulvos em socalcos de viagem
Ausculta o passado na tela da memória
Bate em retirada, almeja uma vitória
Sonhou com as alturas, a política, a paixão
Visionário batido nas vascas da escuridão
Vila Boa fechara-se-lhe como um poente
As dobradiças seculares rangendo dolentes
Para trás o púlpito, o Congresso, os discursos
Adiante a vingança, a chacina, os apupos
Desce o sol no penhasco rochoso
Incendeia no horizonte – espetáculo formoso!
Por ali, a lua beija a beleza da amplidão
Em balizas fincadas nos pródromos da criação
Por ali medrou o pasto na estação
Na face do morro a angústia do verde
Fenece o capim como louro em penedo
Adiante o areal que desdobra o alcantil
Do outro lado é o mundo, a hipótese, o cantil
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