Nascer invertido – Nascer velho e morrer recém-acabado
Segundo consta de algumas tradições filosóficas, através de seus porta-vozes (os filósofos) quando se trata de conhecimento e sabedoria, o ideal seria que o homem nascesse com a idade de sua morte. Digamos 100 anos. E assim fosse vivendo decrescentemente até o último dia de sua vida. E por que? Se assim fosse possível o bom é que o homem já nasceria com todo o saber a experiências possíveis. Ele cometeria menos erro, viveria com mais segurança e prevenção, evitaria muitas doenças e acidentes, agiria com mais estratégias e evitaria até más companhias, amolação de pessoas perturbadas e chatas.
Olha quanta vantagem esse sujeito nascido já idoso levaria sobre outras pessoas jovens e inexperientes. Esse homem nascido ao contrário, velho em vez de criança teria menos arrependimento, menos remorso, menos ansiedade, menos angústia, menos sofrimento psíquico. Porque esse homem já feito e com a cota de sabedoria que lhe caberia evitaria todos os fatores e causas desses padecimentos psíquicos.
O homem nascido já idoso morreria menos de câncer, de infarto, de derrame cerebral, de drogadição, de diabetes, fugiria de brigas de trânsito, do alcoolismo, do tabagismo, do charlatanismo. Porque esse homem, já mais instruído e precavido já teria na memória a vivência de todos os danos, de todos os infortúnios, de todas as perdas buscadas e praticadas pelo homem aprendiz, incauto e desprevenido.
Foi pensando nesses postulados e filosofia de vida que dei de nomeá-los nesta crônica. Depois de um pouco calejado pela vida de inexperiência e pouca sabedoria o quanto coisa não faria que fiz.
O quanto de pessoas perturbadas, fúteis e chatas teriam ficado longe de meus contatos e convivências.
Em face de pouca perspicácia, pouca projeção e antevisão o quanto de gente nociva, inútil, aproveitadora e chantagista vamos agregando em nossas vidas. São muitos tipos aventureiros, caloteiros, beberrões, mandriões e quejandos.
Quando mais jovem, sem visibilidade e pouca fortuna, isto hoje está marmorizado em minha mente. Eu nunca, mais nunquinha tive convite de afilhado. Ser padrinho significa o que? Ser um pai sobressalente. A qualquer fraqueza ou insuficiência do biológico, o de reserva está ali para bancar as custas e sacrifícios.
Saído da pobreza e atingido a mediania e abastança excederam-me vários desejos e reclamos de afilhar infantes e rebentos de interesseiros (as). No que de plano e bate pronto repeli tais merecimentos. Assim é a vida, assim é composta a vida das relações sociais. Tudo é um jogo, tudo é um mercado de interesses. Quantas não são as tradições, os institutos, os costumes, as pseudoamizades, os liames parentais que subliminarmente não passam de uma mercancia de interesses, de merca̶ honras.
No meu entorno, tem sido cediço e encontradiço todas essas gentes. E mais curioso que num estratagema do próprio nexo parental, abundam os espécimes de pedido de afilhadagem. No que como prevenção e sabedoria já rechaço sem rodeios. Não nasci velho, nem idoso, mas a cada ano em débito (de menos vida) me torno mais experiente. Há muitos outros fatos interesseiros nas relações de “amigos” e parentais e colaterais que relato por falta de espaço. Até.
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