Má notícia das canetas de emagrecer
‘Existem as pessoas que são obesas por displicência, comodismo, preguiça em manter uma atividade física continuada, em ter na comida sua fonte permanente de prazer’.

Doutor João Joaquim: ‘Todos muito caros, de muitos efeitos colaterais e contraindicações [doenças de tireoide e pâncreas]’ – Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
De plano e de coração, trago a minha solidariedade às pessoas que lutam contra os seus excessos ponderais. Nesse sentido, deixo bem nítida e minha franca opinião de que a obesidade, em todos os seus graus é uma doença que seu portador, muitas vezes não tem culpa. Atenção! Existem as pessoas que são obesas por displicência, comodismo, preguiça em manter uma atividade física continuada, em ter na comida sua fonte permanente de prazer. Então, estes aqui citados têm culpa no cartório e no estilo de vida. E existem pessoas que portam uma predisposição constitucional e genética à obesidade. Tanto que há uma regra quase matemática: um pai obeso, chance de o filho ser obeso, pai e mãe obesos: chance ainda maior do filho se tornar obeso, desde a infância. Mais um alerta aos pais e famílias: uma criança que chega à adolescência obesa, porta uma enorme chance de ser um adulto obeso crônico de difícil controle, mesmo com cirurgia bariátrica.
De modo geral tanto as dietas como os medicamentos para obesidade são paliativos e de efeitos transitórios. Ou seja, funcionam enquanto se adere a essas medidas de tratamento. O que surgiu de mais moderno são os medicamentos empregados no tratamento do diabetes tipo II. As substâncias da moda são a semaglutida e similares e a tirzepatida, recém aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil. As já populares canetas de emagrecer.
São medicamentos de efeito hormonal. Atuam reduzindo os níveis de glicose no sangue, aumentam as taxas de insulina, promovem saciedade, redução de apetite e menor ingestão calórica. Todos muito caros, de muitos efeitos colaterais e contraindicações (doenças de tireoide e pâncreas). E com mais um agravante: o mercado paralelo, com produtos de origem duvidosa, os piratas, e os vendidos de forma criminosa, porque resultam de roubos e assaltos a drogarias. Aí perdem a eficácia, por falta de conservação em temperaturas adequadas e mal-condicionamento das embalagens. Outro agravante é o preço, em torno de 200 dólares a dose, que em geral se faz uma vez por semana ou 15 dias.
Uma outra preocupação, com impacto em saúde pública e danos financeiros ao consumidor. O surgimento da venda ilegal de fórmulas de semaglutida e tirzepatida. Vale lembrar que as patentes desses medicamentos não perderam a validade. Os fabricantes detêm esse monopólio. Logo não existe a versão genérica legal e aprovada por órgãos reguladores como Anvisa, para ser vendida em fórmulas magistrais, em farmácias de manipulação. Trata-se de uma prática ilegal, antiética e de risco ao consumidor, porque não se sabe se a substância do rótulo corresponde ao contido na fórmula, o princípio ativo.
Conclusão específica desses novos medicamentos. São muito eficazes, já bem provados no controle e não cura do diabetes tipo II. Dessa indicação principal surgiu esse insight (percepção), um efeito colateral de perda de peso (efeito colateral benéfico). Os laboratórios viram nessa descoberta uma fonte de lucro; não poderia haver melhor marketing, um tratamento milagroso de obesidade. E de fato bem provado e eficaz, enquanto dura o uso do medicamento. Sem milagres, porque é contraindicado e impraticável o uso continuado de um medicamento com esse perfil. Diferente dos antidiabéticos via oral ou insulina, no controle do diabetes II ou I, de uso continuado.
Temos assim, uma classe de medicamentos originalmente indicados no controle do diabetes tipo II; que passa a ser empregado no controle da obesidade. Desvantagens e contraindicações: são de alto custo, com muitos efeitos colaterais e por vezes intoleráveis como se fossem uma quimioterapia para câncer. E como má notícia para usuários, pacientes e mesmo os fabricantes surgiram as quadrilhas que assaltam as drogarias e os vendem clandestinamente (sabe-se lá como são conservados); a pirataria e formulações clandestinas, cuja bioequivalência e eficácia são desacreditadas, como o afirma a própria Anvisa, na regulação do uso médico e comércio de qualquer medicamento.
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