SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

Finalidade cada um – Ninguém pode existir como uma vaca ou cadela

O presente artigo tratará de Filosofia. Mas será uma abordagem prática, sucinta e de fácil compreensão.

Para esta pequena abordagem busco falar não o que penso, simplesmente, como aficionado ao conhecimento filosófico e sim, o que expressaram grandes pensadores. O próprio verbete filosofia. Quem o cunhou ou o verbalizou pela primeira vez foi o grego Pitágoras que ao ser intitulado como grande sábio e pensador respondeu: “Eu não sou sábio, sou apenas um amigo (filo) da sabedoria (sofia); daí o nome Filosofia.

Inicialmente falo de Jean-Paul Sartre. Grande pensador do existencialismo e com uma característica: ele é de fácil compreensão. Suas obras mais parecem romances, como O Ser e o Nada e A Idade da Razão. Valem a pena de ser lidas essas obras, até pela beleza literária.

Sobre a Filosofia existencialista existem algumas ideias magistrais do Sartre. Uma afirmação dele foi a de que o “homem está condenado à liberdade”. Noutras palavras, o homem tem a sua livre escolha, num sentido idêntico ao do livre-arbítrio defendido por Santo Agostinho, grande filósofo da Igreja Católica. Mas, são filosofias distintas.

A teoria do indivíduo estar condenado ou predestinado à liberdade, à livre iniciativa e decisão está bem expressa no livro A Idade da Razão.

Sobre o existencialismo basta tomar como pensamento a frase “A existência precede a essência”. Vamos aqui simplificar essa tese sartreana. O que ela expressa é que ninguém nasce pronto em se tratando do gênero humano. Significa que cada pessoa a partir de sua existência, do seu colocar no mundo, ela tem um desiderato, ela deve buscar este objetivo maior, bem além de sua simples, tacanha, ordinária e modesta existência. O existir, o simples estar no mundo, no meio social, entre os outros se equipara a qualquer outro animal, outro ser vegetal ou material, mineral, substancial.

Se tomarmos por exemplo uma vaca, uma cadela, uma galinha, uma cabra. São animais que nascem e só existem. Nascem e morrem como tal, não ascendem a um outro objetivo maior.

Quando consideramos o gênero humano, imaginemos ele como tendo uma dignidade, esse atributo maior, a sua essência deve ser buscada. A essência secundando a existência.

O próprio atributo dignidade constitui em uma característica exclusiva, distintiva e qualificadora da pessoa humana. Uma vaca, uma galinha, um porco, uma porca têm direitos dos animais. Preservando a espécie, não sofrendo maus-tratos, mas não dignidade. Embora redundante, dignidade humana refere-se aos humanos

Outras características da essência humana são o exercício da razão, a inteligência diferenciada e a consciência da existência, da finitude, da mortalidade. Animais vivem o dia como único. Nós, os humanos, vivemos o dia como último, porque temos certeza de nossa vulnerabilidade.

Outro baluarte da Literatura Fundamental Universal e também filósofo foi o franco-argelino Albert Camus. Dele temos a magnifica obra O Mito de Sísifo. Esse lendário personagem foi condenado a rolar uma pedra até o topo de uma montanha e de lá essa pedra despencava sempre, novo subir, despencar e assim esse moto-contínuo.

Camus toma a existência humana como um absurdo, uma condição insensata, sem sentido. De fato, imaginemos só: nascer, viver, lutar e morrer. Para ele soa absurdo a vida humana. Disse ele:

“Antes a questão era descobrir se a vida precisava de ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado”.

Por fim, aplicando as ideias dos dois pensadores aqui retratados, aplicando seus pensamentos e teorias ao mundo, ao entorno, à vidinha, ao estilo existencial de grande parcela das pessoas, o quanto essas criaturas, esses seres humanos não desgarram de sua mera e rotineira existência. Fica a sensação de que a vida dessas pessoas se resume àquela mesmice de quando colocou o pé no planeta. Dormir, acordar, espreguiçar, sentir algum tédio, algum arrufo ou amuo, comer, voltar para a cama e tudo recomeçar. Quando muito ir aos mesmos lugares públicos, puxar a corda de qualquer coisa… Sartre, existência; Camus, absurdo, e, só. “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. – Oscar Wilde.

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