‘Febeapá’ – Um festival de besteiras dos tempos digitais
Nós brasileiros atingimos um grau tão requintado de fealdade em todas as searas da vida que mais me lembra a criação do Stanislaw Ponte Preta. O Sérgio Porto. Nos idos anos de 1966, ele escreveu um livro estilo panfletário, muito satírico em que fazia críticas acerbas e cômicas às autoridades do regime militar. É o seu divertido Febeapá – Festival de besteira que assola o país. Pena que esse brilhante autor morreu em seguida a edição do livro. Fosse vivo, hoje, teria terreno fértil para muitos Febeapás. A obra mostra, por exemplo, o quanto os agentes de governo exerciam a função com muita truculência e autoritarismo e muito déficit cognitivo.
Vejam esta pérola do livro como amostra grátis: ‘Foi então que no Teatro Municipal de São Paulo passava a peça clássica Electra. Nesse teatro compareceram alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça. Ele foi acusado de subversão. Mal sabiam o delegado e seus agentes da repressão que Sófocles havia falecido em 406 a.C.’. Além desta, muitas outras pérolas estão lá. Valem elas o prazer de ser revisitadas.
Ao fazer esta digressão por alguns fatos de nossos dias rendo aqui minhas homenagens a esse grande autor que foi Sérgio Porto, no heterônimo de Stanislaw Ponte Preta.
As besteiras e esquisitices a que assistimos hoje em dia brotam de todos os cenários da vida. Seja da política, da cultura, do esporte, dos costumes, das relações sociais, as mais variadas. Mas têm sido a política e seus agentes os que mais contribuem para o festival de fatos e feitos que extrapolam o senso comum de normalidade, licitude, legalidade, ética e honestidade.
Falando um pouco de nossa história recente. Quando se faz uma comparação dos presidentes do regime militar (1964-1985) com aqueles após a redemocratização fica bem demonstrados nossos acontecimentos esdrúxulos e fora do eixo. Vejamos: os chefes de Estado da ditadura militar, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Ernesto Geisel e Figueiredo, entraram pobre e saíram quase indigentes. Agora com a democracia atual, temos quatro: Collor, Lula, Dilma e Michel Temer. Todos encalacrados com a Justiça. Desses, Luiz Inácio Lula da Silva já está condenado a 12 anos e um mês de cadeia e preso em Curitiba-PR. Ou seja, já é muita esquisitice para um período tão curto de redemocratização.
Outras vigas e pilares fora do eixo se dão quando vários de nossos representantes do Executivo e Congresso estão com vários inquéritos e processos nas costas. Não ficam só por aí nossas coisas fora de prumo. Isto no que toca às funções de governo e nossos membros do parlamento. E é para lamento mesmo, a imagem que esses representantes do povo passam para a sociedade daqui e alhures.
E os candidatos tachados de fichas-sujas? Esses mesmos que têm uma folha corrida tão suja quanto chão batido de galinheiro. O mais melancólico é constatar que esses tais lutam com unhas e dentes para retornar ao múnus público perdido. Sejam de deputado, senador, governador, presidente desse e outro órgão.
Essa tem sido a via-crúcis de nosso ilustre ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o homem está todo encalacrado de inquéritos, processos judiciais, denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro e mesmo assim luta e reluta por ser novamente candidato a presidente. Pior do que isto, ele está condenado em 2ª instância a cumprir pena na cadeia. Com tudo isto, ele e seu séquito de bajuladores desafiam e mofam da Justiça; e ameaçam que não acatarão a decisão judicial de prisão. Quer coisas mais estapafúrdias ou bestas do que essas?
Abstraindo do reino da política e divertindo-se com o festival de futilidades e baixarias da cultura. Na música por exemplo. O que dizer de um País onde músicas e suas letras (antipoesia) fazem apologia ao consumo de drogas ilícitas e prostituição? Muitas dessas estão no topo das paradas. Só como tira gosto. Olhem este refrão: “Que tiro foi esse?”, da cantora Jojo Toddynho. Uma clara referência aos estampidos e pipocos dos projéteis que cruzam o Rio de Janeiro. Uma rotina para os cariocas, a convivência com a violência do crime organizado que tomou conta do Estado.
Ou este: “Vai, malandra”, de Anitta. Detalhes: nos shows e exibição dessas músicas, suas vocalistas e autoras se vestem em trajes (ou falta deles) os mais sumários. E os trejeitos, meneios e coreografias são de refinada pornografia, sexismo e striptease. Fica só uma pergunta: o que tem a ver música (quanta ofensa às musas da música) com erotismo e pornografia e incentivo ao consumo de drogas como maconha, cocaína e outros baseados de alto poder destrutivo de pessoas e de famílias?
Em conclusão, este é o País em que vivemos, em pleno século da informática e da internet. Em lugar de luzes, ideias e inspiração, vê-se um mundo de trevas, tomado de cretinismo, mediocridade, insensatez e devassidão!
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