SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

‘Assim falou Zaratustra’

É de conhecimento científico e sociológico que o ser humano é um animal de rebanho. Além de não viver só ele traz a inclinação da tácita obediência a outrem, a um líder, ao grupo, em muitas atividades, decisões e comportamento. A própria filosofia explica esse comportamento, essa natureza humana. Nessa categorização de conhecimento basta ler o filósofo alemão Nietzsche, o autor da obra Assim falou Zaratustra. Mas, afinal de contas que diacho de teoria é essa de se comportar como animal de rebanho? Em muitas pessoas, esse comportar se faz de forma tácita, silenciosa, automática.

Refere tal comportamento em seguir o que faz aqueles que estão à nossa volta, à nossa frente, em nosso convívio social, profissional, ideológico, doutrinário, religioso, etc. Quando se refere à rebanho, não significa que sejam muitos os indivíduos como guias, como influenciadores, como geradores do efeito rebanho (ou efeito manada). Pode ser apenas uma pessoa a exercer essa ação, essa liderança de rebanho, essa influência na outra pessoa seguidora.

Com o advento da internet e as ubíquas (globais) Redes sociais há até esse novo profissional, o influenciador digital ou virtual. Agora no internetês, são os já tão citados youtubers. Quem não conhece um desses famosos que andam fazendo o maior sucesso? Eles andam surfando nas ondas virtuais do admirável mundo novo, pelas Redes sociais.

Na verdade, os influenciadores digitais deveriam ter outro nome, rebanhistas. Porque eles arrebanham pessoas. Mas, veio de forma imediata e midiática o título influenciador (influencer) e pegou. Os influencers agem como o fazem outros líderes de outras atividades: religiosos, doutrinários (os espíritas são bons exemplos), profissionais de todos os gêneros e os mais expeditos e sagazes profissionais, os políticos. Estes dominam há milênios a expertise de rebanhistas ou influenciadores sociais, mesmo séculos antes da internet.

Como referido, o homem é um animal de rebanho. E como se dá esse mecanismo social, psíquico e comportamental? Trata-se do mecanismo ou reflexo da mimetização. Em definição mais clara, é o reflexo de se repetir as ações do outro, processo de imitação, copia e cola. Referida atitude se faz presente nas ações mais simples, inclusive nas crianças, que é útil na aprendizagem. Os adultos são os modelos para as crianças em tudo. Elas aprendem por seguir as regras, as atitudes e movimentos dos adultos. Vem desta constatação a mais significativa recomendação da Psicopedagogia: seja você o modelo quer para o seu filho. Mimetizou e copiou errado dos pais (espelho dos filhos) ou cuidadores, dificilmente se apagará da mente da criança e futuro adulto.

A pandemia da Covid trouxe entre outros aprendizados e lições, a confirmação do quanto nós humanos somos animais de rebanho ou manada. Explodiu a pandemia, era para todos usarem máscaras e lavar mãos antes das refeições, ao sair de uma toilette, de um sanitário. Grandes massas de gente demoraram a adotar o novo hábito da máscara. Mas por efeito rebanho, por medo de adoecer e morrer, a maioria passou a usar máscaras. Mesmo tendo os influenciadores como contrapeso de não usar, negacionistas, inclusive presidente da República. Muitos aderiram às máscaras.

Finda a pandemia, existem muitas pessoas resistentes a baixar ou tirar as máscaras. Porque todos já vacinados. Na rua, nos espaços arejados já não se transmite mais o coronavírus. Todavia, por efeito rebanho e acomodação, muitos continuam de máscaras. Vai lá entender a mente humana. Existem critérios de quando e onde se pode tirar as máscaras. O que mais se vê é o uso inadequado deste equipamento de proteção individual. Nas ruas e praças públicas, sem aglomeração, não há necessidade de máscaras. Mas, há gente que usa, teimosamente. Efeito rebanho ou reflexo de seguir a manada.

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