‘Missão do avô’
João Baptista Herkenhoff
Neste mundo em que se exalta a juventude como um estado eterno, o vigor e a beleza como referências existenciais, a pouca idade como síntese de todos os valores, nesta época, neste mundo de hoje, algum papel existe para ser desempenhado pelo avô?
Num tempo que se alicerça no materialismo, terá sentido cultuar essa figura que, antigamente, era mítica?
Dentro de uma economia de mercado, que tem no pragmatismo sua diretriz, é cabível consumir recursos públicos com um grupo etário que pouco produz?
Numa quadra da história em que se fala, de peito aberto e sem qualquer pudor, em reduzir direitos dos aposentados, numa quadra como esta, avô não é reminiscência de uma tábua moral ultrapassada?
Suponho que três respostas negativas e somente uma afirmativa (para o último quesito) serão dadas, quase que mecanicamente, por inúmeras pessoas, mesmo pessoas bem intencionadas e de caráter.
Isto porque a ideologia dominante inoculou no subconsciente coletivo as respostas equivocadas que supomos serão oferecidas.
Essa ideologia despreza a Ética.
Quer resultados e não reflexão filosófica.
Mas devemos remar contra a maré e fazer Filosofia.
Os avós têm um duplo papel: na família e na sociedade.
Na família os avós são conselheiros dos pais e dos netos. Podem transmitir ao vivo a experiência que nenhum livro, ou programa radiofônico, ou televisivo, é capaz de traduzir.
Os avós são apoio em inúmeras situações e emergências. Integram a família.
Feliz da família na qual comparecem os avós.
Na sociedade, os avós transmitem ao presente a herança do passado. São depositários da sabedoria acumulada através de milênios.
A Bíblia aponta horizontes que merecem ser seguidos por crentes e não crentes.
Esse Livro Sagrado exalta a missão dos avós.
Lóide converteu-se ao Cristianismo durante a primeira viagem missionária de Paulo.
Graças ao ensino e ao exemplo de Lóide tivemos no seu neto Timóteo um dos maiores apóstolos dos primeiros tempos.
Até os pequenos gestos revelam a atitude respeitosa ou desrespeitosa para com os idosos.
Ceder o lugar ou a passagem ao idoso, mostrar-se disponível para ajudar nas mais comezinhas situações, tudo isso demonstra o nível de educação de uma comunidade no relacionamento com os avós.
Ao escrever este texto penso nos jovens que são os sucessores das gerações que partem.
Precisam esses jovens de orientação, para escolher caminhos que contrastam com o modelo social imperante, vazio, sem alma, desumano.
João Baptista Herkenhoff reside no Estado do Espírito Santo (Brasil) e, é magistrado aposentado, professor e escritor, além de avô. Contatos: jbpherkenhoff@gmail.com
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