SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

Musculação ou aeróbicos?

Quem se guia pelas luzes e diretrizes das ciências, nunca é abandonado em suas buscas e necessidades. Já os negacionistas, os supersticiosos, os preguiçosos e ociosos de se informar, de ler, de estudar e consultar a quem estuda e se guia pelas pesquisas de créditos e revelações das ciências, ah, esses tais e quais estão sujeitos aos fracassos, às idiotias, ao charlatanismo, em todas as esferas e carências da vida. E na saúde estão os mais legítimos exemplos dessas tendências e falsas proposições.

A explicação das neurociências e da psicologia do porquê de as pessoas acreditarem em charlatanismo, em superstição, em mentiras, propagandas enganosas e mercantis, é o fato de, acreditar por acreditar, não exigir o uso da razão, da racionalidade, do intelecto; e mais importante, o desânimo de estudar, de pesquisar, de ler as fontes confiáveis. Fé e acreditação pela simples crença não exigem esforço mental e cognitivo. Assim o dizem as ciências.

Falemos aqui, com amparo e fundamentos em ciências sobre uma prática muito presente na vida das pessoas. A prática de atividades físicas. Grosso modo, para fácil entendimento, existem os chamados exercícios aeróbicos e os exercícios isométricos (musculação, academias, exercícios resistidos). E com muita frequência surge a pergunta: desses dois exercícios qual o melhor, a popular musculação, oferecida em grande medida pelas academias ou os hoje populares pessoais treinadores (personal trainers)? Ou os exercícios aeróbicos (isotônicos), caso dos esportes em geral, caminhada, corrida, natação, ciclismo, exercícios de caminhas em esteira rolante, natação? E então, qual o melhor?

Respostas: em se pensando em saúde global e cardiovascular e pulmonar são os exercícios aeróbicos. Qualquer atividade física em que a pessoa tenha um consumo energético maior, os exercícios classificados como suadores da camisa, os que geram falta de ar (dispneia), aumento de frequência cardíaca, da respiração, que gere fadiga muscular. Com um diferencial a favor desses exercícios aeróbicos, são úteis e indicados para gasto energético e perda de peso. Especialmente para as pessoas que desejam e precisam dessa redução de peso. Os sobrepesos, os obesos e obesos mórbidos.

Os exercícios classificados de isométricos, resistidos ou musculação vão gerar aumento maior da massa muscular, pouco ou nada de movimento articular, pouco úteis na perda de peso, vão gerar de fato uma maior força muscular no praticante. Entretanto, poucos efeitos benéficos na saúde cardiovascular. Pode-se até contraindicar em indivíduos que tenha hipertensão arterial, porque aumentam mais a pressão do que os aeróbicos. Muitas são as doenças cardiovasculares com restrição à prática de musculação em academias.

Estudos de casos-controle e seguimento, de longo prazo, com número significativo de voluntários, mostram que, na verdade, muitos praticantes exclusivos dos exercícios de musculação e nada ou pouco dos aeróbicos, vão como que compactando sua massa corporal de gordura e magra. E poucos efeitos na saúde global cardiorrespiratória, com condicionamento geral e cardíaco semelhante ao sedentário. É muito encontradiço ver indivíduos que entram na academia com excesso de peso, e podem até ganhar mais peso, porque ganham mais massa muscular. São os fortes compactados!

O ideal e não havendo contraindicação é que a pessoa faça uma prática de atividades mistas (musculação e aeróbica). A atividade física em academias, com os personal trainers, indiscutivelmente se tornou uma prática popular e isto é muito saudável. Entretanto, há muita gente fazendo exercícios sem uma adequada avalição prévia com o cardiologista. E mesmo nessas academias e espaços de treinamento, as orientações não seguem as diretrizes, as prescrições corretas para cada pessoa.

Nossa sociedade de consumo e do mercado de facilidades e menos esforços, se tornou um convite para pouca mobilidade em tudo. Muitos e muitas se pudessem e perdessem peso fariam as chamadas academias virtuais. Entretanto, esse prodígio das ciências e das tecnologias ainda não chegou. O ideal ainda é menos comer e caminhar ou correr. Com isto do coração tão cedo não morrer! Imagine esse exemplo do comodismo e nada de suar ou maior esforço: existem jovens, senhoras e homens que esbanjam saúde, músculos e articulações de ferro, matriculam em uma academia a 500 metros de casa, e vão de carro, a qualquer hora do dia.

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