SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA é especialista em Medicina Interna e Cardiologia, Assistente do Serviço de Cardiologia e Risco Cirúrgico no Hospital das Clinicas – Faculdade de Medicina / Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia-GO; membro Sociedade Brasileira de Cardiologia; e, estudante de Filosofia.

Contatos: joaomedicina.ufg@gmail.com. Acesse: www.jojoaquim.blogspot.comwww.jjoaquim.blogspot.com.br

Conformação

Se existe no Universo e no planeta Terra um elemento como símbolo da conformação é a água. Exatamente ela, depois do oxigênio o composto (H2O) mais importante e vital. Sem O2 e sem água não há vida. Enfim, a água é a entidade, o ser mais conformado do Universo. Porque já é certo que ela não é exclusividade da Terra. Há água até em Marte, não se sabe de sua potabilidade, de sua qualidade para os humanos em outros planetas. Enfim, água, terra, gaia ou Terra como nossa mãe primordial, e origem da humanidade. Esse exórdio, foi apenas para dar entrada em outra conformação, a titulada conformação social.

O que vem a ser o fenômeno da conformação social? Existe uma certa analogia com a água na sua capacidade de se amoldar, de se adaptar como conteúdo a um continente. Assim como a água se conforma ao recipiente dela contido, um vaso, um duto, um copo, uma taça, uma garrafa, uma ampola; nós humanos, em muitas circunstâncias e contextos, nos conformamos às condições, fatos, comportamentos, atitudes, vícios, exploração do outro, deslealdade, infidelidade, defeitos morais e sociais e outras expressões e demonstrações fora dos padrões de civilidade e convivência social ética.

Em outros termos e definição: o que é conformação? O que se define aqui é aquele estado social e vivencial de outra pessoa, de uma entidade, um órgão público ou privado, com o qual a pessoa não tem identidade e conformidade. Entretanto, em nome do politicamente correto, da sociabilidade e convivência harmônica, a pessoa se conforma àquela condição, ao estilo de vida daquela pessoa, daquele amigo ou amiga, daquele membro parental, daquele cônjuge, daquele colega corporativo ou profissional. E qual o fundamento dessa conformação? Estabelecer uma convivência pacífica e até conivente e complacente com o outro (o desigual) fora dos padrões sociais normais.

Na precisa interpretação e de forma concreta, entram outros fenômenos no processo. Entre estes a Naturalização e Normalização (Normatização) na organização psíquica e moral da pessoa conformada. Em se discorrendo sobre atualidade e direitos humanos e princípios de convivência, é a chamada conduta ou liberalização dos preceitos da política da convivência social civilizada. É a aceitação daquele indivíduo, daquele parental e parietal, daquele aderente e derrapante ao convívio respeitoso, tolerante, aquiescente e leniente. Convívio!

Nesse novo convívio, nessa nova relação, muitos são os tipos sociais e morais que vão sendo incorporados como aceitáveis e normalizados e naturalizados. Muitos são os típicos indivíduos que antes criticados e distanciados pelo seu estilo esquisito e reprovável de vida, agora, em face dos laços sociais não rompíveis, pela proximidade orgânica ou corporativa, familiar, conjugal, amistosa. Esses tais e quais antes antissociais passam a serem tidos e aceitos como normais. Ah, ele, ela, fulano, sicrano é assim mesmo, é dele o jeito de vida, etc. Fazer o quê?. De fato, é impossível reeducar a pessoa depois de velha e acabada a sua construção, a sua formação integral (social, ética, moral, financeira) com baldas, sestros e vícios intrometidos em si ao longo da vida.

Aos exemplos mais encontradiços e cediços. Aquele parental e decrépito que em toda a vida foi tolerado como cocainômano, alcoólatra, tabagista. Agora fragilizado pelos vícios e baldas, um dependente de tudo. A família, o cônjuge foi-se conformando ao tipo e agora tem-se o corolário e rosário de penúrias. Aquele parental e aderente tido nas rodas íntimas como zangão da praça, que dá nó até em goteira, pessoa caloteira e expert em folganças, viver no bem-bom à custa de ingenuidade e bona-chira alheira. Ah. Folgado; todos foram se conformando ao tipo moral, social e fiscal. Agora? Agora suporte o tipo.

E as preferências! As preferências! Ah! As preferências! Antes, aquela mãe, irmã, pai repeliam as opções sexuais. O que importa se homólogas ou heterólogas. Nossa! Fulano é; você sabia?! Você percebe? Olhe bem. Entretanto, por todas as vias, uma hora o raio cai no vidro de quem esconjurava e reprochava. Ah, também fumar maconha! Até o Supremo já liberou! Ah! Fazer o que! Tem tanta gente assim! Também, ele só fuma nos finais de semana; sozinho, ninguém vê! Deixe pra lá!  Conformação! Conformidade, conformismo!

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