SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA é especialista em Medicina Interna e Cardiologia, Assistente do Serviço de Cardiologia e Risco Cirúrgico no Hospital das Clinicas – Faculdade de Medicina / Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia-GO; membro Sociedade Brasileira de Cardiologia; e, estudante de Filosofia.

Contatos: joaomedicina.ufg@gmail.com. Acesse: www.jojoaquim.blogspot.comwww.jjoaquim.blogspot.com.br

Os limites éticos de cirurgias estéticas

Estamos em uma época onde vem imperando toda forma de vaidade, a visibilidade, a fama instantânea, a propaganda pessoal, os dotes, os atributos físicos, as aparências, as cores, a exposição nos mais distintos recursos de comunicação como televisão, aplicativos, páginas virtuais, Facebook, Fanpage, Redes sociais de toda ordem, como TikTok, X, Instagram. Sites de relacionamento e sexistas.

A natureza dessas exposições são mostras de aparências, fingimentos e falsidades; e vão da simples exibição, vaidades a um mundo de devassidão, satisfação de desejos animalescos e pornográficos. É o retorno à narrativa das bíblicas Sodoma e Gomorra. Queira ver!

Em praças urbanas costumam ser vistos os outdoors com os apelos das pessoas na “curtição” do enlevo pessoal, desses instintos e desejos ardentes, dessas comichões de exaltação de vaidades, atributos anatômicos, do corpo turbinado com implantes de silicone, alongamentos de peles e proeminências anatômicas, preenchimento com produtos químicos, colágenos, ácido hialurônico, polimetilmetacrilato (PMMA), correção de linhas de expressão de senilidade e flacidezes com botox. Rebeldias contra o natural envelhecimento.

Repetida e sofregamente, as pessoas se negam a envelhecer. E o mercado consumerista vive dessas mercancias duvidosas, incivilizadas e sem limites. Nesse contexto mercantil e comércio de tudo estão os mercadores. As clínicas de estética, da satisfação e busca do corpo perfeito, dos glúteos torneados, das mamas à vista e proeminentes. Não faltam profissionais para essas tarefas e ofertas. Propagandas, do antes e depois. Médicos e afins.

A imagem inatingível. Não ficou o ideal digitalizado do corpo da vênus e sereia? Vamos ao retoque. Mais lipos, mais botox, mais cortes, implantes. E os riscos? Embolias! Infecção hospitalar! Septicemia! Deformações, insatisfações! Não há de quê: existem os Conselhos de Medicina! O Ministério Público! Reparos, indenizações! Justiça! Ainda que morosa e procrastinada! Quem sabe?

Vanitas vanitatum et omnia vanitas. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, frase bíblica encontrada no livro de Eclesiastes, capítulo I, versículo 2, que enfatiza a pequenez das coisas diante da imensidão do mundo. Estamos imersos na Sociedade das Aparências e da Visibilidade. “Ser é ser percebido” – George Berkeley, filósofo empirista (1685-1753).

Está na imprensa, a Power Couple, Luana Andrade, influencer famosa, midiática, corpo atlético, musa, bela, comunicativa, plena de saúde, beleza, estética, natural e repaginada com plásticas e estéticas seriadas. Insatisfeita, fez mais uma lipo. Embolia gordurosa, emergência letal, na maioria dos casos. Morreu, deixando família, amigos, admiradores enlutados! Tristeza.

Pergunta e dúvidas ao Conselho Federal de Medicina. Ao Ministério Público, às Promotorias de Saúde: isto pode? Profissionais médicos e paramédicos fazerem marketing de estéticas, plásticas, outdoors, Redes sociais, de mostras e imagens do antes e depois? “Se está insatisfeito com seu corpo, abdome, de não querer malhar, buscar os meios naturais de mais saúde e corpo e peso ideais; venha que temos a solução!”. Até quando continuará a estatística de mortes por procedimentos estéticos? Com a palavra, esses órgãos fiscais, da saúde, da segurança, da ética, do limite de procedimentos das vaidades!

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