SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA é especialista em Medicina Interna e Cardiologia, Assistente do Serviço de Cardiologia e Risco Cirúrgico no Hospital das Clinicas – Faculdade de Medicina / Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia-GO; membro Sociedade Brasileira de Cardiologia; e, estudante de Filosofia.

Contatos: joaomedicina.ufg@gmail.com. Acesse: www.jojoaquim.blogspot.comwww.jjoaquim.blogspot.com.br

As verdadeiras e falsas-corais

É bem conhecida a classificação de certos animais no que eles oferecem de risco, de ameaças, de serem portadores de peçonhas. O nome por si mesmo já diz tudo. Animal peçonhento. Tanto o substantivo e qualificativo soam sinistros e ameaçadores. Nesse grupo de bichos os mais conhecidos são os ofídios. As populares serpentes venenosas. Interessante que nessa população de serpentes, existem as venenosas e não venenosas. Existem as serpentes esbeltas, magras, corpo escultural e existem as serpentes obesas, barangas, todas repimpadas, barangas e estrovengas por genética e criação. Citem-se aqui as jiboias, as sucuris e as pítons. Essas por exemplo: obesas; mas, não venenosas.

Ainda no estudo das serpentes existem as chamadas falsas e verdadeiras. Existem também a classe das venenosas como já referidas. Um exemplo típico é o das corais. Há uma cobra coral verdadeira e uma coral-falsa. Cobra-coral-verdadeira e coral-falsa.  Agora, atentemos para essa categoria de serpentes. Surge como que um paradoxo. Por que? A serpente verdadeira é aquela venenosa, peçonhenta. Ou seja, verdadeira em malignidade e toxicidade. Já a falsa é não peçonhenta. Observou o detalhe. Embora falsa, nenhum mal faz a outros animais e aos humanos. São carnívoras e predadoras! Mas, e daí, os humanos também não são carnívoros e os maiores predadores do planeta! Com um particular, os humanos são os únicos animais do planeta que eliminam e matam o outro por motivo fútil e altamente reprovável, o feminicídio por exemplo.

Seguindo essa jornada compelativa. A Psicologia Social e a Psiquiatria, classificam alguns humanos em pessoas tóxicas ou venenosas e as não tóxicas. Discorre essa classificação no campo abstrato. Nenhuma pessoa é portadora de alguma peçonha, peçonhenta, orgânica e quimicamente falando. Está a se falar aqui de um modo metafórico, simbólico, mas que faz todo sentido.

Em nome da praticidade, vamos a outros comparativos. Imaginemos uma pessoa capaz de sofismas, de factoides, de pós verdades, de invectivas e outras fabulações, sem nenhum fundamento. Tal pessoa faz aquela afirmação pela afirmação, sem nenhum outro elemento que a embase! Fofocas, factoides, verossimilhança. Só. Essa pessoa se contempla como uma pessoa venenosa, tóxica. Ela é capaz de, no uso de sofismas, dissimulações, perfídia e convencimento fantasioso, faz outra pessoa acreditar em suas afirmações. Ou seja, ela tem a habilidade e expertise de envenenar outras pessoas de seu convívio. Envenenamento que a depender do desenrolar das afirmações, das reverberações e boa-fé de outras pessoas (envenenadas e aliciadas) pode até matar. Por que não? Há gente sugestionável, sujeita às doutrinações.

Nessa exemplificação, bastar tomar a História verídica, verdade real fartamente documentada do ex-presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia da Covid19. Ele se tornou o maior negativista ou negacionista da morbidade, da letalidade do coronavírus e da eficácia das vacinas. Foram mais de 720 mil mortos (fora os casos não notificados).

O porquê da tragédia? O ex-mandatário da Nação capitaneou, encabeçou, se tornou um “garoto-propaganda” em negar a gravidade da vacina, na eficácia das medidas sanitárias, desdenhou da taxa de mortalidade da doença, amesquinhou e desacreditou no efeito e proteção das vacinas. Resultado, milhões de seguidores, de apoiadores, de eleitores caíram na sua esparrela. E o saldo foi milhares de mortos. Temos aqui, de forma cristalina de como uma pessoa pode envenenar outra pessoa, um grupo, uma sociedade, uma Nação inteira.

E assim, se dá na vida comezinha, rotineira de uma pessoa comum, quando ela de forma solo ou de comparsa, é capaz de envenenar outra pessoa com fofocas, com invectivas, com fabulações, com lendas, com afirmações sem nenhuma sustentação documental, registros reais e originais. E na completude desse envenenamento, existe sempre uma pessoa primeira, outra e outras pessoas, efeito reverberante, sempre uma pessoa interessada e “beneficiária” dessa toxidez informativa, dessas mentiras, ilações, falsas conclusões em atingir o alvo pretendido e premeditado. Mente e caráter humanos, somente os humanos!

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