SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA é especialista em Medicina Interna e Cardiologia, Assistente do Serviço de Cardiologia e Risco Cirúrgico no Hospital das Clinicas – Faculdade de Medicina / Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia-GO; membro Sociedade Brasileira de Cardiologia; e, estudante de Filosofia.

Contatos: joaomedicina.ufg@gmail.com. Acesse: www.jojoaquim.blogspot.comwww.jjoaquim.blogspot.com.br

O trabalho e sua dignificação

Conta-nos, então, a narrativa do Gênesis que no princípio, havia o Éden. E lá vivia o casal Adão e Eva. E mais, ambos viviam em íntimo contato com a natureza. Tudo ao natural. Tão natural e original vindo da criação que eles não precisavam de trabalhar. Viviam na verdade em permanente ócio. Ócio contemplativo! Imagine que vidão possuíam esses dois primeiros humanos, na visão criacionista, obviamente.

Há mais alguns dados sobre esses primórdios da humanidade. Deus então fez essas deliciosas concessões, ao casal Adão e Eva, mas com alguns condicionantes. Nos seguintes termos, aqui vocês têm tudo de que precisam, água fresca e potável, cristalina e sem impurezas. Frutas variadas, verduras, grãos, mel e caldo de cano. Vegetais variados e sem agrotóxico, zero agro. E nem vão precisar de vestes, roupas plenas ou sumárias, porque vocês são desprovidos de: desejos carnais, libido, instintos sexuais, concupiscência.

E assim, seguia o casal na maior leseira, na maior desocupação, zero labor, zero fadiga. Aliás, um reparo, alguma fadiga eles tinham porque corriam pelos vales e campos verdejantes, praias, colinas, grutas, sendas perfumadas de flores de cores e fragrância variegadas. Mas, era fadiga benfazeja, porque era tudo muito aeróbico, fresco e clorofilado.

E com mais uma minúcia, todos os bichos, a bicharada vivia em harmonia. Exemplo: os leões, as onças, os tigres, os bichos tinham sua cota de predação. E certos animais eles não podiam comer. Estes instintos estavam entranhados em sua consciência, se é que pode supor que era consciência que tinham esses grandes predadores. Ao exemplo dos hominídeos Adão e Eva. Havia essa imunidade para o primeiro casal do Éden. Com um detalhe, todos os animais viviam em harmonia. As espécies eram integrais. Nenhuma em risco de extinção! Lindo, não!

Alguém, nos dias de hoje, poderia questionar: uai (ops, supondo que quem pergunta é um mineiro de MG), mas e a estória da serpente, ou das serpentes? Porque há esse particular: os bichos e Adão e Eva se falavam, eles se comunicavam. Perdoe-me o nome do idioma, mas havia essa linguagem entre bichos e humanos. Vamos em frente que explico. Deus ordenou alguns condicionantes. Nesses termos: “Você, Adão, você, Eva podem comer de todos os frutos, menos o dessa árvore, porque aqui nesse vegetal estão embutidas informações restritas a mim, a sabedoria, a luz do universo”. E os bichos sabiam dessas condições e cláusulas. O respeito era geral e de forma igual.

Entretanto, como da humanidade herdeira sabido, houve uma serpente, não se sabe que espécie. Se jararaca, cascavel, sucuri, jiboia. Talvez a cobra-coral. No caso, a coral-falsa. Astuta e finória, pérfida e dissimulada, essa serpente aliciou a ingênua Eva, tentou tanto, tanto, que Eva caiu na cilada e comeu do fruto proibido. A maçã é a hipotética fruta. Não se tem nada documental. Resultado, quebrado esse pacto, deu-se então o pecado original. Adão e Eva foram obrigados e prover o sustento com trabalho, trabalho duro, nada de ócio, nada de leseira, nada de viver no bem-bom, no extrativismo natural, nada de víveres e comida grátis ou à custa de terceiros. Nasce daí então a origem, o porquê, de o homem e a mulher terem passados à obrigação de ralar, esfalfar, suar a camisa, fatigar e produzir a própria subsistência.

Então falemos do trabalho, essa criação Divina. Tão divinal que o próprio Criador nos deu o maior dos exemplos criando o Universo. Trabalho duro, intensivo, concentrado, contínuo, obra mais que artística, apoteótica e teorética; obra Divina, levada a termo em seis dias. Eis que temos aí o Universo. De único, de versátil e inconsútil. Infinito, numa demonstração do poder da Criação. O que se lastima e nos instiga é de como existe gente que insiste em se achar em algum paraíso, em estilo edênico, e nada de ir à luta. Às vezes renhida, sofrida, concorrida e batida. Mas e daí. Foi esse o determinismo feito pelo próprio homem. Todos ao trabalho, nada de ócio improdutivo e parasítico.

Fala-se por exemplo que a vagabundagem, a leseira, o ócio fútil e improdutivo, o comensalismo, o parasitismo e seus parasitas, o folgança, a preguiça, a exploração de energias e ingenuidade de outra pessoa, os golpes, o estelionato, o calote, a inadimplência, o expediente do devo sim, pago quando puder e quiser, o mau-caratismo, etc.; todos esses estados antissociais e ilícitos foram uma criação do demo, o anjo decaído, o espirito maldito e repulsivo, como contraponto e concorrência com Deus, o Criador.

Porque na certa e de forma concreta é esta a realidade. Como é dignificante o trabalho. Aquele labor e fazimento de um serviço, uma produção física ou intelectual, uma profissão especializada ou não. Mas que ao final de cada dia, a pessoa tenha no íntimo e consciência a convicção de que não dependeu de ninguém, ninguém mesmo para comer, tomar banho, a cama de dormir, a roupa lavada e outros itens indispensáveis a uma vida digna e de honradez. Viva o trabalho.

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