‘Comprimido’ – Paulinho da Viola
Deixou a marca dos dentes
Dela no braço
Pra depois mostrar pro delegado
Se acaso ela for se queixar
Da surra que levou
Por causa de um ciúme incontrolado
Ele andava tristonho
Guardando um segredo
Chegava e saía
Comer não comia
E só bebia
Cadê a paz
Tanto que deu pra pensar
Que poderia haver outro amor
Na vida do meu
Pra desassossego
E nada mais
Seu delegado ouviu e dispensou
Ninguém pode julgar coisas de amor
O povo ficou intrigado com o acontecido
Cada um dando a sua opinião
Ela acendeu muita vela
Pediu proteção
O tempo passou
E ninguém descobriu
Como foi que ele
Se transformou
Uma noite
Noite de samba
Noite comum de novela
Ele chegou
Pedindo um copo d’água
Pra tomar um comprimido
Depois cambaleando
Foi pro quarto
E se deitou
Era tarde demais
Quando ela percebeu
Que ele se envenenou
Seu delegado ouviu
E mandou anotar
Sabendo que há coisas
Que ele não pode julgar
Só ficou intrigado
Quando ela falou
Que ele tinha mania
De ouvir sem parar
Um samba do Chico
Falando das coisas do dia-a-dia
Paulinho da Viola é compositor e cantor. Canção do disco Nervos de Aço (lançado em 1973, pela Odeon), sexto álbum de estúdio do sambista carioca
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