‘O túmulo limpo’ – Doutor Cláudio Brandão
‘Se eu pudesse iria todos os dias onde meu amado pai se encontra, ao menos a referência do que visualizamos um dia. Sim, ao cemitério. Estranho para quem não crê. Especial para quem acredita.’.
Todo ano é isso.
Uma lágrima que escorre por quem já se foi.
Especialmente no Dia de Finados.
Sentimento de uma vida toda que jorra represado na memória, suscitando dor e tristeza.
Quem já perdeu um ente querido, ou mais que querido, sabe exatamente do que estou a falar.
Há quem só se lembre do ente no dia 2 de novembro de cada ano.
Há quem nem se lembre em dia algum.
E há que não esqueça um dia sequer.
Há dores e ausências que não são preenchidas com nada, nem mesmo com o tempo. Contrariando a máxima que o “tempo cura tudo”.
Não cura.
Talvez amenize.
Há lugares que nunca serão tomados ou ocupados e nem ao menos empoeirados.
Se eu pudesse iria todos os dias onde meu amado pai se encontra, ao menos a referência do que visualizamos um dia. Sim, ao cemitério. Estranho para quem não crê. Especial para quem acredita.
É obvio que ele não está lá. Ninguém está.
É certo que o mais genuíno e legítimo desejo é não perder quem quer que seja.
Que todos que amamos nunca saiam de perto de nós.
E isso o cristianismo nos promete: “Um dia estaremos junto ao Pai e encontraremos todos aqueles que amamos.
Todo dia ou sempre que posso, em oração, eu trato de limpar o túmulo na memória dos que já foram embora e eu conheci e amei.
Fisicamente, todo ano eu cuido para que o túmulo do meu velho esteja limpo.
Não para as pessoas vejam e se espantem com o cuidado e o zelo.
Mas para que eu saiba que alguém (mesmo sendo eu) não se esquece do venerável cuidado.
Eu sei que ele teria esse mesmo cuidado se fosse eu a ter ido antes que ele.
Um dia me disseram que ao orar para quem já se foi, acende-se uma luz imediatamente onde o ente querido está.
Isso me deixa verdadeiramente emocionado, pois quero um dia ver um sem fim de luzes acesas para onde eu for, pelas orações que endereçarem a mim (tenho um pronunciado medo do escuro).
É e com os olhos marejados e condoído de saudade que eu sempre tiro a poeira das lembranças dos meus entes queridos.
Acendo uma vela, limpo o túmulo, coloco flores, enfim, tudo que saiba eu que possa ser uma manifestação de respeito e alento, farei.
Há quem não acredite em nada disso, respeito.
Mas há quem não viva um único dia sem suspirar e se lembrar dos seus amados ausentes.
Como diziam os antigos: “Cada um no seu cada um e cada quá no seu cada quá”.
E você?
Já limpou o túmulo?
Doutor Cláudio Brandão reside em Goiânia, morou em Uruaçu (onde seu pai foi sepultado) durante anos e mantém empreendimentos na localidade e, é médico, advogado e idealizador da Associação Estadual de Apoio à Saúde (AAS) – Organização Cláudio Brandão
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