PAINEL CULTURAL

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO

MIRLA ‘[Aveiros Cavalcanti’

Cheiro de flor de murtas e pitangas…

Eles só se amavam, tontos de felicidade fugaz

Tanto era o amor… Que os deixassem em paz

Na sacada de um sobrado lá na Rua da Infância

Dá-se palco ao improviso, é verdade, a musa dança!

 

Dança, Mirla, a balada ao seu amor

Que se põe na contra dança e declama como ator

Posa ao príncipe dos teus sonhos, na noite de ilusão

Que a madrugada anuncia ser teu estro só paixão

 

Ele é esteta e cantor, com uma lira de arabescos

Ama a valsa implacável, teu poeta truanesco

Tropel de cavalos carregando donzelas

Torres, nuvens, alcova… pedaços de castelos

Te promete o infinito pra te dar os infernos

 

Sê tu cérebro, teoria, valha mais que um vintém!

Há um harém e tantas outras, com as carnes que tu tens

Na folha em branco do ballet do seu jardim

Plante versos entre as flores ao perfume do jasmim

No baile mágico da ronda fatal

Melhor o entoa à vida imortal

 

Como a lua, entre as ogivas de prata

Te esconde o tule, menestrel da madrugada

Dança, musa, seja bela até a morte

Depois da vida só há vida, eis o bailado da sorte

 

Devora-te a aurora num arrebol de junho

Nua no torso à solidão do plenilúnio

Toca-te tua haste de condão

No fanal da aurora te aguarda o porto solidão

 

Espuma da onda, magia que muda

Te apruma o compasso, no passo que estuga

Cristais líquidos que lavam quimeras

Vê-te na paisagem da dimensão que nos espera

 

No amor que vence a morte com o sublime do ser amado

Dança, Mirla, ao cortejo dos astros

Seja a d’Alva nesse arquipélago de estrelas

Ou a fada no sendal do firmamento em poeiras

  • Antônio Bomfim Carvalho Teled

    Esse primo Abílio é genial. Canta, toca instrumento musical, constrói belos poemas, é magistrado ímpar, jornalista, escritor, historiador e muitas coisas mais! Orgulho para nós, dianopolinos!

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