Paulo Leme Filho alerta para a relação entre alcoolismo e câncer

Advogado e autor do livro ‘O Bonequinho’ analisa lei que obriga indústrias a informar no rótulo sobre os perigos da ingestão de bebidas alcoólicas.

A cada dez segundos uma pessoa morre por causas relacionadas ao álcool nas Américas. Escritor, que recentemente esteve no Norte goiano, faz alertas – Fotos (inclusive a da home): Divulgação

 

A cada dez segundos uma pessoa morre por causas relacionadas ao álcool nas Américas. A gravidade do problema foi revelada por um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) em 2021. E desde então a entidade ligada a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede aos Países que limitem horário para venda de álcool, proíbam publicidade de bebidas alcoólicas e aumentem os impostos sobre esses produtos. Agora, o fato de que beber causa doenças e mortes está deixando o círculo acadêmico, por onde circulam os artigos médicos, para atingir o consumidor de forma direta: estampado nos rótulos das bebidas. Pelo menos na Irlanda.

“A Irlanda foi o primeiro País a aprovar uma lei que obriga a estampar nas embalagens de bebidas alcoólicas o que há muito se sabe: há evidente conexão entre câncer e consumo de álcool. E se o mero consumo já é um risco, imagine-se o estrago de quem bebe álcool por anos a fio, todos os dias: a doença do alcoolismo é uma fábrica de produzir câncer”, alerta Paulo Leme Filho, que escreveu vários livros sobre o tema, sendo o último O Bonequinho, lançado no final do ano passado.  O advogado acredita que o exemplo pode ser seguido por outros Países, inclusive o Brasil, mas vê posições diversas para harmonizar os interesses das indústrias e da saúde pública.

“Foram necessários 12 anos de luta contra a bandeira da suposta liberdade comercial, empunhada pela livre indústria do álcool para a lei virar realidade lá”, testemunha Paulo Leme Filho. Segundo ele, a discussão deve no Brasil, mas depois da adesão de mais Países. Em alguns a discussão já está adiantada, como em Bruxelas (Bélgica). “E para quem acha que nada tem a ver com essa história, seja no álcool, seja no câncer, lembremos que a conta, tanto do SUS [Sistema Único de Saúde] quanto do plano privado de saúde, recai sobre todos, então essa é uma questão que precisa sim ser colocada na pauta”, defende Leme Filho.

 

Exemplo irlandês

Na Irlanda, a partir de maio, os rótulos de bebidas alcoólicas deverão apresentar informações que alertam sobre o teor calórico, gramas de álcool, riscos de câncer e doenças hepáticas, bem como os perigos de beber durante a gravidez.

Os mesmos rótulos terão de direcionar os consumidores para o Site do Sistema de Saúde irlandês, para poderem obter mais informações sobre o consumo de álcool.

 

Câncer e álcool

Consumir bebidas alcoólicas, em qualquer quantidade, aumenta o risco de desenvolver vários tipos de câncer: boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon e reto) e mama.

Câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo segundo o estudo da OPAS. Foram 9,6 milhões de mortes em 2018 e uma estimativa de que a partir de 2025 novos 19,3 milhões de casos passarão a ser diagnosticados a cada ano. O estudo revela que 70% das mortes por câncer ocorrem em Países de baixa e média renda e o pior disso tudo é que nos últimos 45 anos, houve diminuição da taxa de mortalidade pela doença em apenas 10%, tornando-se mais do que necessário medidas para melhor preveni-la e tratá-la.

 

Autor

Paulo Leme Filho, 52 anos, é advogado (via Universidade de São Paulo [USP]), com MBA em Gestão da Saúde (Fundação Getulio Vargas [FGV-SP]). Escreveu o primeiro livro com o pai, Paulo de Abreu Leme, em 2015. A Doença do Alcoolismo é um relato corajoso de dependentes que conseguiram se recuperar, e decidiram dar a sua contribuição para ampliar o debate e chamar a atenção para os perigos desta doença silenciosa, sorrateira, da qual nenhuma família pode se considerar imune. Ao livro seguiu-se outra iniciativa: o Movimento Vale a Pena, voltado para a orientação das famílias e que estimula a busca pela recuperação.

O Bonequinho, lançado recentemente inclusive em Uruaçu, cidade da filial do JORNAL CIDADE, é o quinto livro dele, que já abordou o tema inclusive para crianças em Que Mal Tem? (2019). O advogado superou o vício, quebrou o preconceito e rompeu o silêncio para se tornar um ativista de causas sociais.

 

 

(Informações, sob adaptações: Assessoria de Comunicação)

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