Caiado confirma Lincoln na sua vice

Em mudança de rumo, Pros anuncia deputado estadual na chapa do Democratas e saída da base aliada do governador José Eliton (PSDB). As informações, em reportagem de Bruna Aidar, na edição deste 13 de julho, são do jornal O Popular (Goiânia).

Ao lado do anfitrião, senador Wilder Morais, Ronaldo Caiado abraça Lincoln Tejota: primeira chapa definida – Foto: Fábio Lima/O Popular

Anunciando ontem, em coletiva, o apoio do Pros ao seu grupo, o senador Ronaldo Caiado (DEM) foi o primeiro dos pré-candidatos ao governo estadual a definir sua chapa majoritária para a disputa eleitoral deste ano. Com o deputado estadual Lincoln Tejota, na vice de Caiado, o Pros, que é presidido por ele em Goiás, oficializou seu rompimento com a base do governador José Eliton (PSDB), depois de já ter declarado apoio ao projeto tucano.

Completam a chapa o senador Wilder Morais (DEM), que vai tentar a reeleição, e o vereador Jorge Kajuru (PRP), que também quer vaga no Senado. Kajuru, contudo, não estava presente no evento: sua pré-candidatura será oficializada na próxima terça-feira (17).

Ao POPULAR, Caiado afirmou que fez o convite com base em três questões: a primeira é o fato de Lincoln, enquanto deputado, representar o Legislativo. “Sempre alimentei essa tese de que se eu chegasse no governo governaria com legisladores. Sou sensível e respeito o Legislativo e esse simbolismo é importante”, destacou.

Além disso, Caiado destacou as bases eleitorais e o trabalho de Lincoln e do próprio Pros no Estado, bem como a relação do presidente estadual da legenda com os prefeitos dos municípios goianos. “Lincoln tem uma atuação forte no médio Norte e Centro de Goiás e o Pros é muito consolidado no Entorno. Outra coisa: ele e o pai [o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Sebastião Tejota], têm uma relação muito forte com os prefeitos. O que eu acredito é que com o prestígio deles, a Associação Goiana de Municípios [AGM] não vai ter uma reação tão ácida em relação à nossa candidatura”, avaliou ele.

Aos críticos e à afirmação de que seria um político que “não aglutina”, o senador usou a vinda do Pros como uma resposta, dizendo que ela mostra o contrário. “Consolida nossa candidatura. Eu acho que sinaliza um sentimento de diálogo, que existe humildade na conversa.” Agora, pontuou Caiado, o grupo, de oposição ao governo, tem 11 partidos na chapa: além do DEM e do Pros, o senador também conta o apoio do DC (antigo PSDC), Podemos, PMB, PMN, PPL, PSC, PRTB, PTC e PSL.

 

Dissidência

Questionado sobre como avaliava o fato de integrar à sua chapa um dos deputados que mais defendia o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), cujo projeto ele critica, Caiado disse que Lincoln teve “coragem” ao deixar a base ainda no período eleitoral. “Todo mundo quer aderir quando é governo, mas ele não. E toda pessoa tem o direito de evoluir, é um fim de ciclo, tudo bem, ele esteve dentro de um projeto, mas hoje entende que é um novo momento da política”, afirmou o senador.

“Essa decisão teve o apoio de todos que compõem os partidos da oposição de Goiás e houve consenso na candidatura deste jovem parlamentar, que em um curto espaço de tempo, construiu liderança na Assembleia Legislativa”, declarou Caiado. Por sua vez, Lincoln agradeceu ao convite. “Estou chegando para somar e continuar fazendo o que venho fazendo pelo nosso Estado. Jamais vou esquecer essa oportunidade que o senhor [Caiado] está me dando”, pontuou.

 

Seis perguntas para Lincoln Tejota

O que motivou a mudança no seu projeto, que antes era de disputar mandato de deputado federal?

Nunca neguei o sonho e a vontade de ser candidato a governador. Quem está na política tem sempre vontade de avançar, a partir do momento que você cresce, tem condições de fazer mais pelas pessoas que representa. O que me motivou foi esse sonho de fazer mais pelo Estado. É o momento em que o povo está pedindo renovação, ideias novas e estou me apresentando porque acredito que preencho esses pré-requisitos.

 

O senhor pretende transferir as bases políticas para algum outro candidato a deputado federal?

Quando assumi o Pros no Estado de Goiás, foi com o intuito de fazer um federal e eu tenho esse compromisso. O objetivo dos partidos com a nova reforma política é de fazer deputados, então assumimos esse compromisso. Estamos buscando o melhor nome e acredito que até segunda-feira [16] vamos apresentá-lo.

 

O senhor mencionou que grande parte do Pros já tinha intenção de apoiar Caiado, mas o senhor sempre foi um dos deputados mais aguerridos na defesa do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e inclusive do atual governador José Eliton. O que mudou nessa relação?

Não deixa de ser uma ruptura. Continuo tendo admiração por eles, mas tenho direito de pleitear um cargo e eu vi a oportunidade de realizar não só um sonho meu, mas de uma base. Do lado de José Eliton, nunca tive esse convite de ser vice. Não houve insatisfação da minha parte, tenho sentimento de contribuição em relação à base, mas quero fazer mais.

 

Mas José Eliton declarou que não teria cedido a sua pressão para ter “espaço diferenciado na base”. Como avalia?

Acredito que quando a pessoa não consegue mudar sua ideia, o que ela faz é querer desmerecer a pessoa. Faz parte do jogo, mas não tenho intenção de responder ataques baixos, estou aqui é para somar. Eu, particularmente, acho que muito é feio para um governador bater boca com deputado estadual. Quero que eles possam continuar fazendo um bom trabalho, mas temos um projeto maduro e sei que estou pronto para poder contribuir.

 

O senhor e o senador Ronaldo Caiado (DEM) já conversaram sobre propostas?

Ainda não, porque a decisão foi tomada agora, a primeira coisa que eu fiz foi pedir o plano de governo porque quero ver o que posso somar, mas todo mundo conhece as ideias do Caiado.

 

O senhor conversou com o Marconi Perillo a respeito dessa decisão?

Conversei, foi muito difícil, tenho uma amizade com ele, mas também preciso pensar nos projetos para o nosso Estado e nos pessoais também, na vontade de crescer. Sei que nas mídias sociais algumas pessoas têm usado rótulos, me chamando de “traidor” e acho engraçado porque o doutor José Eliton estava com o Caiado, ele era do DEM, foi uma indicação do Caiado para a chapa. E ele não foi um traidor então, quando mudou de partido? Penso que não, isso é próprio da política. Hoje ele é governador e isso demonstra o quão foi importante para ele fazer uma transição. Estou fazendo o mesmo, então qualquer coisa que ele me julgar e rotular, está rotulando a si próprio. Outro exemplo disso é o governador Marconi, que em 2016, quando estávamos montando a chapa de prefeito, ele mesmo foi conversar com o Iris Rezende [MDB] para compor com ele. Então, traição é só quando é da minha parte? Ou eu tenho obrigação de, para o resto da vida, estar de um lado?

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