UEG – Uruaçu sedia ‘XVIII Ciclo de Debates’

Realizado durante quatro noites na sede do Câmpus Norte da Universidade Estadual de Goiás (UEG), o importante evento do ensino superior de Uruaçu e da região serviu para repassar conhecimentos e experiências. Procurados antes, durante e após pela reportagem do JORNAL CIDADE, atrações e participantes emitiram opiniões.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De nome oficial XVIII Ciclo de Debates: Escrita literária sobe/de Uruaçu: ficção e memória, o acontecimento entra, ainda mais, para a história, em virtude da sua relevância e o conjunto de atrações proporcionadas, através de Mesas Redondas, para a comunidade acadêmica (principalmente). E, para o público externo, que, em edições futuras, tem e deve se envolver mais, com participação considerável. Uma alternativa seria firmação de parceria com outras unidades de ensino e entidades.

Em dados, adaptados, da UEG, a meta central da iniciativa assim pode ser definida:

Uruaçu é uma cidade com ampla produção intelectual. Existem diversos escritores que expressam imagens e sentimentos próprios da cultura do Médio Norte goiano. Os professores do Câmpus Norte – Sede Uruaçu colocaram em debate essa produção literária.

Oportunidade para análises da obra poética ribeirinha de Doutora Sinvaline Pinheiro; a prosa de Mariano Peres; e, as memórias de Ítalo Campos, Itaney Campos e José Fernandes Sobrinho. Todos, além de outras atuações, escritores.

Como objetivo, pensar a literatura de/sobre o Médio Norte, especialmente, Uruaçu. Em um diálogo fecundo entre História e Literatura.

 

Opiniões

Procurados pelo JORNAL CIDADE antes, durante e após os dias de realização, atrações e participantes do Ciclo emitiram opiniões. Confira.

Professor doutor Edson Arantes Junior, do Câmpus Norte da UEG avalia: “Trata-se do XVIII Ciclo de Debates, nesse evento nós buscamos discutir a história e a literatura de/sobre Uruaçu. Para isso, estamos reunindo historiadores e críticos literários que estudam esses autores. Nossa intenção é mostrar à comunidade como que o curso de História pensa a nossa cultura e produz conhecimento sobre a nossa cidade. É um momento muito rico, na programação teremos a ‘Conferência’ da Professora doutora Maria Meire de Carvalho, que é de Uruaçu e que tem família aqui. Ela é irmã do presidente da Câmara de Vereadores, Chiquinho [sem partido]. Aproveitaremos esse momento para lançar, em Uruaçu, os livros ‘Trieiros’, de Sinvaline Pinheiro; e, a ‘História de Uruaçu’, de Mariano Peres”.

Nota da Redação: livro Trieiros: obra reunida de Sinvaline Pinheiro – Sinvaline Pinheiro. Organização: Professor mestre Rafael Alves Oliveira e Fausto de Melo Faria Filho. Obra do Instituto Federal de Goiás (IFG). E, livro História de Uruaçu, de doutor Mariano Peres, pela Soslaio Editora (Florianópolis-SC), obra resumida contendo 14 tópicos e publicada no JORNAL CIDADE em 2013, nas versões eletrônica e impressa

Professora doutora Maria Meire de Carvalho, da Universidade Federal de Goiás (UFG), assim se expressou: “O ‘Ciclo de Debates: Escrita literária sobre/de Uruaçu: ficção e memória’, promovido pela UEG Câmpus Norte, é um evento que se mostra necessário para que possamos pensar outras experiências histórias de uma região e seu povo. A programação revela interessantes incursões pelas memórias e pela história de Uruaçu. Na minha fala, darei destaque para as possibilidades de se pensar a história de Uruaçu a partir da decolonialidade, com foco na ‘Festa de São Pedro’, conhecida por ‘Festa do Caju’, que acontece há mais de 50 anos no Município. Escolhi pensar a ‘Dança dos Marimbondos’ e suas metáforas no processo histórico como resistência da cultura negra”.

De Ítalo Campos, psicanalista e poeta: “Este evento é um grande marco para a nossa comunidade. Agradeço a UEG esta oportunidade de resgate e análise de nossa história se fazendo através da escrita literária. Como disse recentemente um líder político: ‘O povo que não conhece sua história e seu passado não terá chance de construir um futuro melhor’”.

Professora mestre Jordana Fernandes de Castro, coordenadora do Câmpus Norte: “O ‘Ciclo de Debates’ é um evento que oportuniza a comunidade acadêmica a refletir sobre questões regionais com objetivo de despertar nos alunos o interesse pela produção do saber local. É inspirador discutir a literatura produzida por autores da região do Norte Goiano nos 18 anos do ‘Ciclo de Debates da UEG – Uruaçu’”.

Para Luiz Ricardo Oliveira da Silva (Luiz Arapiraca), servidor da Coordenação Regional da Educação de Uruaçu e escritor, poeta, “o ‘VXIII Ciclo de Debates’ traz consigo, a relevância de conhecer a cultura local, em específico, a cultura popular e acadêmica de Uruaçu. É de grande importância fomentar e incentivar o trabalho que a UEG Câmpus Uruaçu promove ao seu público e à sociedade uruaçuense ‘conhecer os seus’”. E: ‘O evento foi brilhante. Tudo muito lindo e relevante’’.

 

Primeira noite

Com presenças de autoridades, personalidades, profissionais do setor educacional, de outras áreas, alunos e participantes de comunidades, o Câmpus Norte da UEG realizou na noite de 22 de novembro, a abertura do evento, que se estendeu por mais três noites.

Na denominada Mesa de Abertura, o Professor mestre Neilson Mendes (um dos nomes tradicionais da instituição, em Uruaçu), mediador; e, Professora doutora Maria Meire de Carvalho e, Professor doutor Manoel Gustavo de Souza Neto, de atuação na UEG.

Meire Carvalho falou sobre a importância do estudo das manifestações culturais das populações quilombolas de Uruaçu, especialmente sobre a Dança dos Marimbondos e a Festa do Caju. Muita atenção chamou a apresentação, com uma visão decolonial da história de Uruaçu, buscando descolonizar as narrativas, os saberes, poderes, relações sociais.

O Professor doutor Manoel Gustavo de Souza Neto analisou as relações e distinções entre história, memória e ficção, tendo como ponto de partida o memorialista uruaçuense José Fernandes Sobrinho, que foi um intelectual e político comunista que escreveu sobre as tradições locais com muita sensibilidade.

Edson Arantes apresentou o projeto de extensão José Fernandes Sobrinho: histórias e memórias, que visa, higienizar, catalogar, digitalizar, divulgar o acervo de José Fernandes Sobrinho. “Esse projeto é o embrião de um Centro de Memórias, que irá divulgar documentos sobre a cidade de Uruaçu”, disse Edson à reportagem.

Em Rede social, Meire Carvalho publicou: ‘Em Uruaçu a prosa foi boa e as partilhas trouxeram aprendizados! Com a temática Descolonizar para existir: resistências dos marimbondos – experiências afro-brasileiras em Uruaçu, ousamos refletir sobre outras histórias possíveis, narrativas que versam sobre a cultura submersa. Grata pelo convite feito pelo Professor doutor Edson Arantes Junior, da UEG, Câmpus Norte…’.

 

Segunda noite

Na noite de 23 de novembro, mais movimentação, destaque para a Mesa Redonda Existência, resistência e desistências: Sinvaline Pinheiro e as trajetórias de personagens subalternos e, a participação de frentes diversas. Além de mais uma interessante Mesa Redonda acontecida na segunda noite, um dos pontos altos foi o lançamento do livro Trieiros: obra reunida de Sinvaline Pinheiro – Sinvaline Pinheiro.

Rafael Alves Oliveira, com atuação na Secretaria de Educação do Estado de Goiás (Seduc), apresentou a obra, composta pela reunião de textos de Sinvaline Pinheiro (poemas e causos) e a fortuna crítica elaborada por 11 leitores dela, que também é Doutora Honoris Causa pela UEG, poeta, sertanista, amante, defensora e de dedicação incrível para com a natureza, durante mais de 15 anos prestadora de serviço infinitamente importante na condição de coordenadora-geral do Memorial Serra da Mesa, localizando às margens do lago Serra da Mesa, em Uruaçu.

Segundo Rafael, essa fortuna crítica proporciona leituras de críticos literários, historiadores, advogados, jornalistas, indígenas e quilombolas. Presente, Sinvaline Pinheiro falou sobre o livro, pontuando que ele proporciona “um pouco dos trieiros” da vida dela.

Igualmente, fez maravilhoso depoimento focando sua vida, trajetória, como escritora.

Em Uruaçu, o livro também será lançado em evento promovido pelo IFG e, a escritora narrou ao JORNAL CIDADE que trata-se de trieiros, por onde pessoas e animais andam, especialmente na zona rural, “no meio do mato e das florestas”.

Na sequência, a Mesa Redonda Existência, resistência e desistências: Sinvaline Pinheiro e as trajetórias de personagens subalternos, com Rafael, Professora mestre Ana Carolina Rosa Batista (UEG Uruaçu) e a Professora doutora Nilda Gonçalves Vieira Santiago (UEG), quando analisaram a relevância da leitura na área educacional básica de uma escritora, como Sinvaline Pinheiro, que, de acordo com o Rafael, “desagrega os cânones literários esperados pela academia”. Nilda enfatizou a literatura “sinvalineana” como rico memorialístico do interior goiano, especialmente do Médio Norte goiano. Ana Carolina destacou que a poetiza faz parte de uma tradição literária que congrega nomes, como Carolina de Jesus e Conceição Evaristo. Professor mestre, o mediador Gilson Soares Rosa fez questão de falar sobre a atuação política e na defesa do meio ambiente. O público ficou até 22h, todos atentos diante das reflexões oferecidas.

 

Terceira noite

25 de novembro e, a Mesa Redonda Mariano Correia Peres: memória, oralidade e cultura popular, com os Professores mestres João Erastóstenes Doulgras Cardoso (Instituto Federal de Goiás [IFG]/Uruaçu) e Gleisson Ferreira (SME – Uruaçu), a Professora doutora Marcela Ferreira Matos (IFG – Uruaçu). Na mediação, Professora Isabella Christina da Mota Bolfarini (UEG).

Relato de Edson Arantes, sob adaptações: ‘No terceiro dia do evento, o curso de História da UEG de Uruaçu homenageou o escritor uruaçuense Mariano Correia Peres, presente com sua família. Na oportunidade, a Professora doutora Marcela falou sobre a poética de Mariano. Foi emocionante sua análise do poema Canção para Neide, uma declaração de amor do poeta para sua esposa. Em seguida, o Professor Gleisson fez uma análise sobre as denúncias sociais presentes no livro As Jacas. Já o Professor João Erastóstenes Doulgras Cardoso fez análise tocante do livro De lenhador a prefeito: A brilhante trajetória de Sansão, enfatizou aspectos de uma boa política representados pelo autor. O Professor Neilson escreveu um poema em homenagem ao senhor Mariano e, por fim ele leu um poema sobre os quilombolas. Foi uma noite emocionante para todos.’.

Relato, adaptado, de Luiz Arapiraca, postado em grupo de zap da Academia Uruaçuense de Letras (AUL), presidida por Carlos Henrique Alves do Rêgo (Carzem): ‘A Professora Marcela, o Professor e confrade Gleisson e o Professor Doulgras, conduzidos pelo Professor Neilson, falaram muito bem do Seu Mariano. Marcela declamou o poema que homenageou Neide e fizera ponderações e observações mediante as regras da literatura. Gleisson abordou sobre a relevância de sujeito, poeta, cidadão e ser humano que é o Seu Mariano. Doulgras pontuou sobre as questões históricas existentes nas obras do Seu Mariano, sobretudo, a obra De lenhador a prefeito. Professor Neilson fizera um verso em homenagem ao Seu Mariano. E no final, Seu Mariano declama um poema sobre o processo de escravidão no Brasil, e dedica este ao Professor Gleisson. Pois, o doutorado e o mestrado do Professor em questão, é sobre a comunidade Quilombola de Lavrinhas (São Luiz do Norte) [cidade vizinha de Uruaçu]. Memórias e o folclore em Uruaçu, segundo o poeta e escritor Mariano Correia Peres.’.

 

Quarta noite

Originalmente com programação agendada para a data 24 de novembro, essa parte foi adiada para a noite de 1º de dezembro devido jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Mesa Redonda Infância, cotidiano e espaço nos escritores do Médio-Norte goiano, com Professora mestre Cirlene Pereira dos Reis Almeida (UEG – Uruaçu); Edson Arantes; Professora mestre Fernanda Soares Borges Perinelli (Secretaria Municipal de Educação – Campinorte-GO); e, mediadora Jordana Fernandes de Castro.

De Edson Arantes: ‘No encerramento do XIII Ciclo de debates, a Professora Fernanda, atual secretária municipal de Educação de Campinorte, falou sobre as possibilidades de diálogo entre história e literatura: o cotidiano social nos contos da escritora campinortense Iraides Barbosa. A Professora Cirlene focou nas relações entre memória e linguagem na literatura infanto-juvenil de Ítalo Campos. Eu discuti a memória e a história da Capela de Sant’Ana, focando sua reconstrução como um espaço de recordação’.

O JORNAL CIDADE, que publica detalhes da referida programação aqui no site, publicará também tal atrativo (da noite quatro) na edição impressa da quinzena de 1º a 15 de dezembro, haja vista que a edição da quinzena anterior foi fechada em 30 de novembro.

 

 

(Jota Marcelo. Colaboraram: Márcia Cristina, Edson Arantes e Luiz Arapiraca. Com atualizações)