PAINEL CULTURAL

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO

‘O DIÁRIO DE Abílio Wolney’ [XV – A CHEGADA DA COMISSÃO NO DURO

[Em diferentes edições e capítulos, o JORNAL CIDADE publica O DIÁRIO DE Abílio Wolney, livro do articulista Abilio Wolney Aires Neto, lançado pela editora Kelps (Goiânia-GO.), em 2009

Abílio Wolney retratado em capítulos nesta coluna – Fotos: livro

 

XV – A CHEGADA DA COMISSÃO NO DURO

 

Enfim, entra a Expedição na vila de São José do Duro no dia 04 de outubro de 1918. Na vanguarda, entrava o Juiz, metido nos coturnos com a Força. Vinha altivo, ladeado pelo Escrivão, um empregado particular, o guia Braz, o Juiz Municipal Manoel de Almeida e o Coletor Sebastião de Britto – este acompanhado de sua esposa Auta Aires, [206 uma filha e uma empregada.

Atrás vinha o contingente policial fardado, ao qual estavam integrados homens agregados no percurso da Capital ao Duro, conforme narra o Relatório do Exército ao Ministério da Guerra, referindo-se aos comissionados, ipsis verbis.

 

[…] A esses elementos juntaram-se outros não menos ameaçadores à causa da família Wolney. Em caminho, engrossaram o cortejo adversários políticos e inimigos pessoais de Abílio e de seu pai; Sebastião de Brito e Manoel de Almeida, autoridades que se diziam depostas por Abílio, e José Hermano, como os outros inimigos dos Wolneys e mentor intelectual das intrigas do sertão. […]

 

Num primeiro momento, Calmon encenou, para a própria tropa, que os funcionários da Justiça e do Fisco, o Agente do Correio, o Juiz e o Coletor estavam garantidos nos seus cargos.

Com efeito, uma surpresa o desapontava: dava com uma Vila deserta…

Abílio Wolney, seus parentes e alguns amigos, por medida de prudência e talvez mesmo de segurança, como anotado no seu Diário, retiraram-se da Vila para a fazenda Buracão, sete quilômetros a leste de São José do Duro.

O próprio Cel. Wolney, pai de Abílio, se convencera desse alvitre e há dias estava com os familiares no Buracão, onde seu filho já vivia na labuta do grande projeto de lavoura de cana, mandioca e outros gêneros, além da pecuária.

Dentre os familiares estava o médico, Dr. Abílio de Faria, casado com Alzira Wolney, filha de Abílio; Cândido Nepomuceno de Sousa (Candinho), genro do velho Wolney; João Batista Leal, esposo de Josina Wolney, irmã de Abílio, além da mãe deste, Maria Jovita Leal Wolney (D. Mariazinha).

A mudança da Vila se fez imperiosa diante das ponderações dos amigos Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa e João Rodrigues de Santana, face a iminência dos previstos abusos de soldados.

Os demais moradores, amedrontados, achavam-se refugiados em outros municípios. Ali por perto, apenas o coronel Aureliano de Azevedo e poucos mais que se achavam próximos.

Na Vila, o magistrado tratou de aquartelar a força no Sobrado, de propriedade de Abílio Wolney, do qual se apossou sem maiores formalidades, mentindo ter alugado de alguém, que não o dono.

Acantonava com sua tropa na residência do seu “réu”.

 

As roças de pasto a ele (Abílio) pertencentes foram também ocupadas. E tudo isto sem a menor consulta ao proprietário e sem a mínima satisfação anterior ou posterior à invasão da propriedade alheia.

Abílio pensou, a princípio, protestar contra esses atos.

Silenciou, porém, a conselho de amigos, para continuar na atitude calma e paciente que havia adotado (número trinta e oito, página cinquenta e um). [207

 

Depois Abílio Wolney narraria em documento oficial tais ocorrências, ipsis litteris:

 

Até 1918, o pessoal de trabalho era numeroso e seus adversários locais começaram a denunciá-los de estarem formando reduto de cangaceiros, e lá veio uma Comissão chefiada pelo bacharel Celso Calmon Nogueira da Gama (nome da dinastia tão grande quanto sua perversidade) e prestigiada por 50 policiais.

Sabedora da aproximação dessa escolta sinistra, toda a família Wolney retirou-se para a fazenda Buracão, alojando-se nos seus vastos aposentos e preparando-se para a defesa, se necessária.

A Expedição Celso marchou até chegar sem o menor embaraço, quando podia ter sido dizimada. Mas os Wolneys queriam um juiz que apurasse a verdade e assentaram de não lhe criar o menor entrave.

A Comissão, chegando, manifestou logo seus propósitos de desrespeito e arbitrariedade, ocupando sem entendimento algum com seus proprietários, que estava há 7 quilômetros de distância, todas as suas propriedades desta cidade, então Vila. [208

 

Em futuro Relatório, diria o próprio Juiz Celso Calmon:

 

nessa casa não só ficou toda a força como também eu e os demais companheiros, exceção apenas do primeiro Promotor nomeado, de quem ligeiramente desejo me ocupar para dizer somente – que me tornei suspeito para servir nessa comissão com esse funcionário por ter o mesmo procurado se constituir meu inimigo, dificultando por essa forma o começo dos meus trabalhos naquele termo. [209

 

No Diário, Abílio Wolney anotava:

 

Outubro, 5 – Sábado. Benedito Pinto, vindo da sua residência – Prazeres – encontra-se aqui com o Dr. Abílio, Luis Leite e companheiro Casimiro e juntos vão ao Duro visitar o Juiz, do qual trazem boa impressão. Meu Pai também veio até aqui e regressou com os companheiros.

Liberatinho veio com o Pai e de volta foi esperá-lo na Água Boa.

Outubro, 6 – Domingo. Soubemos da chegada do Dr. Mandacaru pela manhã, desavença deste com o Juiz, que mandou tomar-lhe as armas, detê-lo e despacho de um positivo, João Francisco e 2 soldados à paisana para Barreiras a passar telegramas.

Outubro, 7 – Segunda-feira. Vêm do Açude meu Pai, Wolney, Dr. Abílio e compadre Casimiro com Anísia e Coque-lin. Daqui Casimiro e Anísia seguem para a Água Boa, Dr. Abílio, Coquelim e Wolney foram visitar o Mandacaru.

 

Aqui acaba o Diário de Abílio Wolney, dando a entender que suas últimas páginas foram arrancadas e destruídas.

Logo na chegada da Expedição, Sebastião de Brito cedeu sua própria casa para residência provisória do Juiz Celso Camon, que ali ficava durante o dia, e à noite, recolhia-se ao Sobrado. A casa situava-se ao lado da igreja, do outro lado da grota que dividia a Vila ao meio.

Sebastião, por sua vez, passou a viver na residência da sogra, D. Joaquina Fernandes, viúva de Manoel Ayres, cuja casa grande era separada do Sobrado por apenas uma viela.

 

Precavidos da situação efetivamente posta, os Wolney cuidam em arregimentar mais gente para a reação. Em pouco tempo já eram 80 homens no Buracão, armados de revólveres e carabinas. Os próprios amigos João Rodrigues de Santana, que morava em sua fazenda Água Boa, e Benedito Pinto de Cirqueira Póvoa, que também morava em sua fazenda – Prazeres – que eram da paz e nada tinham a ver com a situação, foram de parecer que os tropeiros, agregados, vaqueiros e jagunços ficariam ali no Buracão e só agiriam em caso de ataque da força pública. Na Fazenda Pedra Grande, os parentes dos Belém esperavam o Promotor Francisco Mandacaru para colocá-lo a par dos fatos a serem investigados. Igual expectativa estava no Buracão, onde Abílio Wolney esperava o Promotor para uma sindicância de tudo o que se fazia na Vila desde antanho, a fim de que a Denúncia não fosse apenas pelo crime de desacato e coação contra o Juiz Municipal e o Coletor, mas também pela prevaricação destes últimos e pelo assassinato de Vicente Belém. Talvez, o Promotor resolvesse instaurar o inquérito nunca feito pelas autoridades locais.

O problema é que o Promotor de Justiça tinha malquerença com Abílio Wolney, como visto, por conta de ataques que sofreu no jornal O Estado de Goiás. Todavia, “[…] a atitude por ele assumida junto ao Juiz Calmon tornou-o amigo de Abílio Wolney e a mais poderosa testemunha” do que vai se dar. (Relatório cit.)

Deveras. Consumada a intriga dentro da Comissão, exsurgia o vulto altruísta de Francisco de Borjas Mandacaru, acima dos ressentimentos e das quizilas políticas. Viera almejando a imparcialidade nas coisas da Justiça, quiçá na consideração de que a questão envolvia destinos humanos, liberdade e vida…

Foi assim que, na tarde do mesmo dia em que chegou a Comissão, chegou o Promotor de Justiça, embora intimado pelo Juiz, diante das desinteligências do caminho, a não entrar no Duro.

Estava visto. O crime de desacato contra o juiz municipal era punido com simples detenção e tendo os indiciados endereço certo e sendo primários – o Cel. Wolney havia sido absolvido anteriormente – responderiam em liberdade, pagariam uma multa substitutiva da pena, se esta houvesse, ou teriam direito ao sursis.

Mandacaru sabia disso, pois seria o Promotor responsável pela lavratura da denúncia inaugural do processo e vai entrar na Vila, custe o que custar.

E entra, no intuito de promover a justiça, já que era Promotor.

Todavia – anotou-se –, o Juiz Celso Calmon manda prendê-lo e desarmá-lo, bem como aos seus acompanhantes, e todos ficam sob guarda do Alferes Ulisses, com sentinelas à vista.

Era o preço da sua insubordinação aos propósitos do magistrado, que, mais tarde, determinou o pusessem em liberdade, mas sem armas, mandando o afastassem da Vila, sendo levado para o vizinho arraial de Taipas, até a formalização de sua substituição e segunda ordem.

Nada mais da tropa se referir ao ‘Doutor’ Francisco Mandacaru.

Apenas Mandacaru.

Demitido e dizendo-se irresignado com a violação da independência do seu Ministério Público, corajosamente o Promotor de Justiça forjou um ato público de desagravo, bastante sintomático do que seria a Comissão:

Dois dias depois de preso e solto, lá vinha o Promotor de Justiça peitando tudo e entrando de novo no largo da Vila, ladeado por seus empregados, “cavalgando um burro de oito palmos de altura, cria da Lagoa Dourada, no Estado de Minas, sem chapéu, envolto na bandeira nacional e tendo a Constituição Estadual na mão, em atitude de apresentação”, conforme palavras do Escrivão Guilherme Ferreira Coelho. [210

Faz lembrar estas estrofes do poeta da liberdade, rimando na premonição do que se daria meses depois na pequenina São José do Duro:

 

E existe um povo que a bandeira empresta

P’ra cobrir tanta infâmia e covardia!

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!…

[…]

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança…

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!… [211

 

Francisco de Borjas Mandacaru e Araújo, algumas décadas depois do ‘Barulho’ do Duro. (Foto do acervo de Frederico Garcia Wolney)

 

A história o diria depois: algo como o completo desrespeito à legislação federal e à Constituição Estadual. Estava claro que o Promotor se negava aos propósitos do magistrado, ora Juiz, ora acusador, outrora Delegado de Polícia e, já agora, Inquisidor.

Enquanto isso, os membros da Comissão ridicularizavam o Promotor, boatejando “sofrer ele das faculdades mentais”. Espalhavam essa conversa a mando do Juiz, que determinou fosse um positivo a Barreiras a fim de telegrafar para a Capital e ser telegrafado sobre o nome do substituto de Mandacaru.

Agora, quem quisesse falar com o Promotor seria por tempo curto, depois de vencerem guardas à porta de um cômodo de prisão no Sobrado, debaixo de ordem.

Na Capital, o Presidente aconselhou-se com o seu “estado-maior”, que o recomendou fosse nomeado e comissionado novo Promotor o Cel. Deocleciano Nunes da Silva, de Natividade, ex-Senador Estadual, representante nortista do Partido do Governo e gente de confiança da oligarquia Caiado.

O Cel. Deocleciano era Intendente de Natividade e teve que se afastar do cargo para ser designado Promotor de Justiça no caso do Duro.

Não havia como recusar o múnus, diante das injunções situacionistas.

No telegrama ao Pres. João Alves de Castro, Calmon expôs o seguinte:

 

Julgo-me suspeito para funcionar nesta comissão com o promotor designado, pedindo a V. Exª. não só grandes desculpas como, também, para optar pela minha permanência

ou pela do promotor. Os oficiais e as praças estão cumprindo as ordens com a maior satisfação.

 

Do Governo, a resposta em 12 de outubro: “Por decreto de ontem foi o Dr. Mandacaru de Araújo exonerado do cargo de promotor de Posse, em comissão nessa Vila. Peço indicar com urgência quem possa substituí-lo, a fim de ser nomeado promotor da Posse e comissionado aí”.

Os raros circunstantes do arraial aos poucos se aproximam. Olham com desconfiança o esquadrão de soldados, muitos desajeitados. Não entendiam bem aquilo que se transformou numa praça de guerra e nem aquele ato de desagravo encenado pelo impoluto Promotor de Justiça.

No Duro, Calmon determina o retorno de Mandacaru sob escolta até Arraias, dali a São José do Tocantins, já exonerado da comarca de Posse.

Era a segunda vítima, em vida, na passagem de São José do Duro, sacrificado pelo ideal de ser correto e pagando o preço da perda do cargo.

O que fazer agora? Como outros, Mandacaru volta para a vida simples no campo. [212

No entanto, antes de partir, o Promotor mandou avisar oficiosamente a Abílio os propósitos da Comissão – prendê-lo e mata-lo juntamente com o pai, lavrando-se Auto de Resistência. De Arraias, livre da escolta, teria escrito ou mandado um recado a Abílio Wolney detalhando o motivo da sua desinteligência com o juiz Calmon.

Da cidade de Goiás teriam vindo avisos de amigos e um especial do cauteloso e justo Des. Emílio Francisco Póvoa, que, como Abílio, conhecia bem a maldade dos situacionistas.

Dias e meses vão e, reorganizada a Comissão com o novo Promotor auxiliar, inaugura-se formalmente o Inquérito para apuração dos crimes praticados por Abílio Wolney, o pai e outros. Presidindo o Inquérito Policial, o Juiz Comissionado, que solenemente dizia obedecer às leis em vigor, impôs segredo de justiça na apuração, o que não permitia aos indiciados terem acesso aos autos, onde quase 20 testemunhas seriam ouvidas a portas fechadas, com a inquirição única do magistrado, cujo processo foi reproduzido, na íntegra, no livro O Barulho e os Mártires.

 

Mais uma vez, traz-se à colação o relatório ao Ministério do Exército, segundo o qual:

 

Aos gestos violentos e ameaçadores do Juiz e às disposições da tropa que o acompanhava, de que vem tendo pleno conhecimento a família Wolney, junta-se outro fato não menos ameaçador à sua tranquilidade e não menos comprometedor dos desígnios do governo goiano: É um artigo inserto no jornal governista O Democrata, de trinta e um de julho de mil novecentos e dezoito. Aos qualificativos que esse artigo empresta ao ex-Deputado goiano juntasse a ameaça com a força estadual, e, mais ainda, com a própria força federal (número trinta e nove, página cento e cinquenta e cinco).

Não era tão simples o espírito de Abílio e a convivência que tivera em outros tempos com os homens de outros meios não lhe deixava dúvidas sobre os propósitos da Comissão.

Além disso, ele não ignorava que seus inimigos aliciavam gente – jagunços.

De seus próprios empregados alguns já haviam fugido ao serviço e juntavam-se a outros no interior da vila. A propaganda nesse sentido era intensa: fazia-se ela em nome do doutor Calmon. Abílio mostrou-lhe que não ignorava esses fatos e deles deu-lhe aviso em amistosas cartas de que nos forneceu cópia (número cinquenta e nove e sessenta, páginas duzentos e sete e duzentos e onze). [213

Cartas trocadas entre adversários de Abílio mostram em reticências comprometedoras a preocupação de atraí-lo, como aos seus, para o interior da vila, onde ficariam mais ao alcance da polícia. Uma outra, de Sebastião de Brito a seu irmão Serafim e a seu cunhado José Hermano datada de junho de mil novecentos e dezesseis, mostra à evidência que já nessa época a tragédia estava em plena elaboração e que os adversários políticos de Abílio na Capital, mancomunados com seus inimigos do sertão,

empenhavam-se em levá-lo à cena; é a mais eloquente profecia dos projetos que mais de dois anos depois tiveram efetividade (número quarenta e três, página cento e sessenta e três). Outras ainda declaram positivamente que os Wolneys não pensam em fugir à ação da justiça.

Examinando-se a correspondência trocada entre a família Wolney e seus amigos, vê-se claramente a disposição em que estavam de respeitar a ação da justiça, não obstante a atmosfera de prevenções e de receios que se vinha mais e mais avolumando.

É exato que dessa correspondência resulta a disposição para a luta a que não fugiriam se a facção oposta lhes trouxesse o ataque. Era o exercício do direito de defesa que se preparava. Dessa correspondência apenas uma carta de Abílio Wolney ao Dr. Francisco Rocha, médico e Deputado Estadual baiano residente em Barreiras, podem ser comprometedora a seu autor.

Refere-se ela à realização do ideal de anexação do nordeste de Goiás à Bahia, projeto afagado por Abílio e outros sertanejos que com ele nutrem a esperança de que esta (a Bahia) melhores cuidados dispensaria à região do que o Estado de que faz parte integrante. Vimos, porém, que esse projeto nascido do esquecimento em que vive o norte goiano, não encontra repercussão capaz de lhe dar vida.

Tais eram, em síntese, as disposições das duas facções opostas:

inimigos da família Wolney trabalhavam à sombra, visando-lhe o extermínio. Wolney e seus amigos procuravam dignamente evitar o conflito que lhes parecia iminente.

Instalado na Vila desde que chegou o Juiz Calmon não se apressa em dar início ao processo. Diz o doutor Mandacaru (diria dois meses depois) [214 que essa demora tinha um duplo fim: primeiro, realizar o trabalho no governo do doutor Rodrigues Alves que daria apoio ao governo goiano; segundo, captar a confiança da família Wolney para melhor executar a missão de extermínio que constituía o ponto capital de seu programa (número cinquenta e três, página cento e quarenta e três) e há indícios frequentes da exatidão desta segunda afirmativa, pois não só inimigos da família Wolney, como o Juiz Calmon empregavam todos os meios para arrastá-lo para dentro da Vila. [215

 

Poucos dias se passaram e todas as suspeitas revelaram-se bem fundadas. No livro A Chacina Oficial, o autor trata, em detalhes, dos acontecimentos que se seguiram, como um novo período na história de São José do Duro. [216

Todavia, adianta-se, no Capítulo seguinte, uma narrativa objetiva, feita pelo próprio Abílio Wolney, que, em síntese, descreve o que ocorreu na sequência dos fatos.

 

Última página encontrada do Diário de Abílio Wolney.

 

Dianópolis, início dos anos 60, numa Cavalhada na festa do Divino, organizada por Abílio Wolney.

 

[206 Auta Aires e Sebastião de Brito eram – ambos – primos de Abílio Wolney, além de que, como vimos, Auta era irmã de Josepha Aires, a primeira esposa de Abílio Wolney e deste era prima carnal.

[207 Idem, Relatório citado.

[208 Trecho do documento datilografado por Abílio em 1940 e dirigido ao Prefeito Municipal de Dianópolis.

[209 Relatório de Celso Calmon, constante do livro Expedição Histórica nos Sertões de Goiás, de Guilherme Ferreira Coelho, anotado e atualizado, em sua 2ª edição, pelo escritor e prof. Jacy Siqueira.

[210 COELHO, Guilherme Ferreira. Expedição Histórica nos Sertões de Goiás, 1937. Obra citada.

[211 Trecho do poema “O Navio Negreiro –Tragédia no Mar”, de Castro Alves.

[212 Meses depois – em março de 1919 – o Promotor de Justiça Mandacaru retornava à desolada Vila do Duro, por ocasião da Sindicância Federal levada a efeito pelo Major Álvaro Mariante: “Aguardava-nos aí o Dr. Mandacarú Araújo, que veio ao nosso encontro…”. Vinha dar o seu testemunho sobre a investida da Comissão de Inquérito.

[213 Relatório do Exército, fonte já citada.

[214 Parênteses do autor.

[215 Texto extraído do livro, no prelo, “O Duro e a Intervenção Federal – Relatório ao Ministro da Guerra”.

[216 Veja o nosso livro O Barulho e Os Mártires, onde estão reproduzidos todos os depoimentos, pareceres, decisões e demais peças do processo judicial de 1918.

 

[Continua na próxima postagem quinzenal, com a publicação do Capítulo XVI

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