SAÚDE DO CORAÇÃO

DR. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA

Construção Humana – FORMATAÇÃO DA PESSOA

O quanto de contribuição negativa e de desconstrução um pai e mãe podem estar proporcionando e oferendo a um filho? A um educando, a um adolescente e jovem? Se, o quanto de ruim assim fazendo, isto é: se tornando complacente, cúmplice e leniente com o seu comportamento, com as suas imaturas e rebeldes teimosas, suas atitudes antissociais, desadaptadas e desajustadas?

Vamos às possibilidades. Um pai ou mãe que tudo consente, que em tudo se mostra conformidade e dá suporte com o sim, o tudo pode, o tudo patrocina e apoia? Isto sim, em primeiro lugar deseduca e desconstrói esse próprio filho ou filha. E de igual efeito, esse pai ou essa mãe está sendo vítima do próprio engano. O chamado autoengano é bem estudado pela psicóloga do comportamento. Trata-se de um mecanismo psíquico de mentir para si mesmo (a). Aristóteles foi o filósofo que estudou o fenômeno categorizando-o como uma estratégia de perpetuação da espécie já nos animais. Inclusive entre algumas bactérias e animais menores.

Uma pessoa que dá acolhimento ao outro, seja a um filho ou quem ela quer apoiar e se tornar como uma escora e suporte para o comportamento impróprio desse terceiro não engana e mente para esse protegido; mas acima de qualquer dúvida, mente para si mesmo. Nessa forma de engano, essa pessoa cúmplice comete o pior dos autoenganos porque mente e engana a si própria. O filósofo Nietzsche foi um pensador que bem expressou essa estratégia de mentir para si mesmo. René Descartes e Fernando Pessoa foram outros pensadores que discorreram sobre o autoengano. “Será que não sou alguém que está sonhando?”, perguntou o genial Fernando Pessoa.

O autoengano conduz a pessoa a erros, a interpretação falsas do meio onde vive e outros convívios; e, até mesmo o seu estilo de vida social, porque ela se referia perante sujeitos espertos e folgados.

Para quem estuda e é aficionado de Filosofia há de lembrar de Sólon (638 a.C. – 558 a.C.). Ele foi um dos sete sábios da Grécia Antiga. Era legislador e poeta. Disse o seguinte sobre o autoengano: “Cada um de vós em separado tem a voz astuta da raposa, mas todos juntos sois um tolo de cabeça oca”. No fundo e na realidade ele quis referir as pessoas como hipócritas, medíocres, iguais ou piores do que muitas ao redor.

A psicologia cuida muito bem do comportamento de pessoas portadoras do chamado autoengano. No chamado viés de confirmação há o que se chama concepções e valores puramente subjetivos, contrários à razão e às ciências. O autoengano com seus vieses de confirmação estão presentes nas relações conjugais, nos laços e vínculos familiares, sejam estes de amor, de paixão, de ciúme, de inveja, nas intrigas familiares. Para muitas pessoas se torna muito difícil pensar, racionalizar a verdade e sair de seu casulo, de sua concha e casca de noz.

A política é outra seara de comportamento repleta de autoenganos. Muitos ideológicos fazem como teorizou Nietzsche = a verdade é igual tomar banho em água fria, entrar e sair rapidamente. Pensam no que acreditam.

Por fim, uma forma muito comezinha de autoengano se dá no entorno, na interação familiar. Ele pode ocorrer entre vários membros parentais. Temos nesse modelo aquele pai, aquela mãe, aquele irmão; não importa. Há muita vez nesse grupo o chamado alvo ou escolhido do autoengano. É o filho primaz que não precisa de mais aprimoramento, é o tal com inteligência acima da média, é aquele membro parental com tratamento diferenciado. Refere-se aqui, um modelo clássico de viés de confirmação.

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