Canetas de emagrecimento
Todo profissional da comunicação, um jornalista, um ensaísta; mais que esses emissores de notícias e opinião, outros publicitários e colunistas quando se valem das Ciências (com C maiúsculo) nos seus comunicados, textos e pareceres, tais matérias passam muito mais curiosidade benfazeja, mais interesse e contribuição ao entendimento da sociedade e mundo.
Nessa análise da credibilidade do que se fala como artigos e pareceres, além dos braços científicos pertinentes, bom e desejável está em fazer intertexto com outros profissionais, outros pensadores dos ramos que se pretende expressar. Um jornalista por exemplo. Bom e saudável e creditável que ele tenha uma cultura vasta, abrangente, que tenha o pleno domínio do português e mesmo conhecimento elementar de um inglês, de um espanhol.
Se esse jornalista foge um pouco do simples comunicado, notas e notícias de seu múnus diário, recomenda-se que ele busque informações com outros especialistas e pensadores. Seria o exemplo de se falar sobre Saúde, Direito, Educação. Nada melhor do que essa conexão com experts e cientistas da área para mais embasamento e credibilidade do que se diz. Em nossa era de internet, grandes provedores e fontes selecionadas, existem de igual força as pesquisas e os ensaios de domínio público. Basta um bom escrutínio dos órgãos e quem assinou a matéria. Um bom exemplo são os insumos e fármacos em Medicina.
Um excelente modelo do que traz credibilidade ou má-fé, vieses e conflitos de interesse são medicamentos e outros objetos, instrumentos e formas terapêuticas. O quanto de charlatanismo, de falácia, de merchandising existem divulgados por certos laboratórios e tantos fabricantes. Essas questões cabem aos profissionais de saúde, médicos e outros agentes sanitários, clínicas, hospitais e os próprios órgãos públicos de saúde, que caem no lobby, nas aliciantes e persuasivas propagandas. Cabem aos médicos evitar o engodo!
De momento e chegadinhos de fresco temos os chamados medicamentos para tratamento do diabetes tipo II, que teve um desvio de indicação, como milagrosos na “cura da obesidade”. Quase ninguém das pessoas comuns tem essa noção de que tais remédios são excelentes no controle, não cura, do diabetes tipo II, este diabetes tem como causas principais a obesidade e a senilidade.
Sem citar marcas, a semaglutida, a liraglutida e a tirzepatida são os principais representantes do grupo dos medicamentos, com propagandas aliciadoras e em profusão para tratar os gordinhos e gordões (homens e mulheres). São as famosas injeções semanais em formas de canetas, em designs encantadores. O que os fabricantes não divulgam muito é o preço, cerca de 200 dólares a dose, muitos efeitos colaterais e nos estudos clínicos em cobaias, causam câncer de tireoide. Os riscos dessa automedicação são enormes. Trata-se de um medicamento que deveria exigir receitas de controle especial e restrita a médicos.
Os laboratórios Novo Nordisk, Eli Lilly e concorrentes vêm lucrando bilhões nos últimos anos com a venda desses alardeados e mentirosos medicamentos, tidos como os top models para quem não quer suar a camisa, comer menos e ter atividade física continuada, como a necessidade da escova de dentes e tomar banho diário, são rotinas de saúde e higiene. Exercícios físicos também.
Aliás, fazendo aqui um memento das terapias recentes no tratamento de obesidade. Doença que sempre representou o maior filão de lucros do comércio de remédios e dos laboratórios. Reboxetina foi usada como antidepressiva e também no controle da ansiedade por comida. Rimonabanto, substância que atuava nos receptores canabinoides, foi lançado como droga miraculosa no controle do apetite e ingestão alimentar. Foram banidos pelas autoridades sanitárias pelos gravíssimos efeitos colaterais e até morte. Como foram aprovadas? Claramente pelo lobby e interesse dos fabricantes.
Vieram outros: amfepramona, fenproporex. E com marcas sugestivas: fagolipo ®, absten plus ®, mazindol ® – Poucos lembram: em Goiânia, no Hospital das Clínicas/UFG, há a chamada Liga de Hipertensão. Era chefiada e supervisionada pelo experiente, professor e cardiologista doutor Paulo Cesar Veiga Jardim. Muitos pacientes da Liga (hipertensos e obesos) usavam essas drogas. Essas substâncias, usadas por mais de três décadas, comprovou-se com estudos e estatísticas americanas ser causas de gravíssimos danos cardíacos como arritmias malignas, doença de válvula mitral e morte.
Assim, sem mais delongas fica essa resenha. Parece que se ora soa exagerada, o tempo se encarregará da verdade real. Assim como caíram no esquecimento as retrógradas milagrosas substâncias que enriqueceram tantos laboratórios e mercado de medicamentos, as atuais canetas para emagrecimento podem, com o recrudescimento dos efeitos adversos, terem o mesmo destino de tantas outras do passado e banidas de uso médico. E não é demais citar que os tipos de charlatões mais perigosos são os profissionais de saúde (como médicos) e laboratórios.
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