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‘A lua e o teixo’ – Sylvia Plath

Esta é a luz da mente, fria e planetária.

As árvores da mente são negras. A lua, azul.

A grama chora e se ajoelha aos meus pés como se eu fosse Deus,

Arranhando meus tornozelos, murmurando sua humildade.

Vapor, névoa espiritual habita este lugar

Separado de meu lar por uma fileira de lápides.

Simplesmente não consigo ver onde vão dar.

 

A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito.

Branca feito cartilagem, incrivelmente chata.

Draga o mar como depois de um crime sujo; está quieta

Com a boca aberta em completo desespero. Eu vivo aqui.

Duas vezes aos domingos os sinos despertam o céu –

Oito línguas gigantes louvam a Ressurreição.

E, no fim, soberbas, badalam seus nomes.

 

O teixo desponta. Tem algo de gótico.

O olhar se eleva e vê a lua.

A lua é minha mãe. Mas não é doce como Maria.

Seu manto azul oculta corujas e morcegos.

Quem dera acreditasse no carinho –

O rosto da imagem suavizada por velas,

Derramando, só em mim, seus olhos meigos.

 

Tenho tropeçado no caminho. Nuvens florescem

Azuis e místicas sobre a face das estrelas.

Na igreja todos os santos serão azuis,

Levitando sobre bancos frios com seus delicados pés,

Suas mãos, as faces tesas de santidade.

A lua nada vê. É calva e selvagem.

A mensagem do teixo é escuridão – escuridão e silêncio.

 

Sylvia Plath (1932-1963) foi uma poeta norte-americana (que suicidou nova), premiada com o Prêmio Pulitzer. Poema postado recentemente em grupo de WhatsApp pela leitora/colaboradora Juracema Camapum Barroso (Brasília-DF), que comentou: ‘O poema acima é da Sylvia Plath. Distanciamento da Sylvia jovem para o amadurecimento. Onde medita sobre seu abandono espiritual. Os mitos cristãos são encarados com ironia. Humaniza os elementos’. E: ‘Uma das minhas preferidas’

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