A família em risco de extinção
O progresso tecnocientífico e os avanços sociais têm levado a família à falência. O progresso científico, das tecnologias e os avanços das relações humanas (direitos humanos) vêm propiciando essa triste e irreversível derrocada da família como “célula mater” (Rui Barbosa) da sociedade. Vamos ao contexto dessa constatação e veredito, tendo a educação como redentora dessa sociedade em risco.
Tomemos a função de um professor. A missão do educador se compara a de um ourives. Buscando a origem do objeto de trabalho do ourives, a pedra preciosa, o ouro na sua forma mineral primitiva. Na origem, essa pedra ou precioso metal está entranhado na terra, numa rocha. Quebradas essas rochas, tem-se a joia em forma rústica, entre as gangas, na terra bruta.
Aqui o ouro é separado, lavado, retirada a impureza, a areia imprestável, aparada as arestas, e em forma bruta e rude enviado à oficina do ourives (hoje modernamente existem as fábricas de ouro e pedras preciosas). O que fará o ourives com esse precioso metal rude, agreste, feio, rugoso e imprestável? Dar-lhe forma, aparar-lhe as arestas, polir a sua superfície, torná-lo em uma joia brilhante e bela.
O que faz um educador – que pode ser o pai, a mãe, um tutor, o professor escolar –? O mesmo que faz o ourives na sua cuidadosa e curadora missão. A criança desde o seu nascimento se equivale a uma pedra preciosa em estado bruto e selvagem. Necessárias se fazem todas as fases educativas, como se fosse uma ourivesaria. De um ser bruto, absolutamente analfabeto e selvagem, torná-lo um indivíduo produtivo, independente e bom no sentido amplo que o termo refere.
Um outro comparativo que se pode estabelecer é a missão do educador com a missão de um adestrador de animais (potro, burrinho, cachorro). Tem muito de semelhante, tem muito em comum. Afinal de contas, nós humanos e os animais irracionais temos em comum uma constituição selvagem instintiva. A criança nasce com apenas instintos e reflexos. Reflexos relativos à manutenção da vida, da sucção (mamadas) e excreção involuntária (defecção e micção). Ela não tem nenhuma informação intelectual. Apenas a sensorial de que a proteção e o peito da mãe lhe farão bem. Crianças são incapazes, aéticas e indefesas. Totalmente dependentes.
Nesse sentido, a criança vai crescer como um animal xucro (chucro), cheio de nicas, manias e tiques selvagens e rudimentares. Para corrigir e limitar esses instintos e reações toscas e rudes, a mãe e o pai como primeiros educadores vão fazer esses reparos, essas correções a exemplo do que faz um adestrador ou amansador de um potrinho, de um cavalinho ou burrinho. Foi referido no prefácio desse artigo que os avanços científicos e sociais vêm permitindo a derrocada da família, ao esgarçamento das relações sociais e dos jovens com as instituições e com a família. E não sem razão.
Muitos foram os movimentos da juventude nas décadas do pós-guerra (dos hippies, yuppie, punk). Mais recentemente tivemos a primavera árabe (Egito, Tunísia, Líbia e Síria). No Brasil tivemos as passeatas por passe livre e universidades gratuitas. Todos esses protestos e reivindicações tiveram a simpatia, a adesão e louvores de Nações democráticas e ponto pacífico.
Em conclusão, sobre a educação dos jovens dos novos filhos das novas gerações. De muito tempo surgiram os intitulados grupos de direitos humanos. Também muito louvável essa crescente defesa dos direitos das crianças, dos jovens, dos cidadãos e das mulheres.
A educação regida pelo governo vem sendo debatida, com diretrizes errantes e nada consensual. Temos assistido a um rol imenso de chavões e clichês sobre direitos humanos. Os pais das novas gerações dos novos jovens têm se embalado nessas novas teses. São tantos direitos pregados em prol das crianças e jovens. Crianças e filhos criados (apenas) sem saber o significado do não e do sim. Estamos na iminência da extinção da família. Temos o risco de surgimento de pessoas criadas ao léu, sem limites, sem sentido de responsabilidade, trabalho e dever. Apenas direitos humanos. As pessoas andam embriagadas e aturdidas com os múltiplos recursos tecnológicos a tal ponto que elas vem perdendo a capacidade de abstração, de pensar criticamente sobre o entorno onde vivem. Tal realidade é bem perceptível e ostensiva nos jovens de nossa modernidade virtual e tecnológica. Quão triste esse risco rondando as famílias.
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