O cérebro dos aproveitadores
O bicho humano é um animal político e social. Assim falou Aristóteles, O Filósofo. Aristóteles foi tão sábio e tão notável que foi cognominado O Filósofo. Esta perífrase a ele respeitante, foi, por exemplo, exaltado até por Virgílio, o cisne de Mântua. Esta titulação a Aristóteles é de poucos conhecida. Não para aqueles e elas que leem e não ficam colados em celulares, em Redes antissociais com todas as suas burundangas e anexins de futilidades e vazios.
Não é sem razão ver aquele pai padrão, sensato e educar, ralhar com o filho. Aquele filho já guapo e erado sujeito, repimpado e engordado que só fica online, grudadinho 24 horas nas mídias digitais. De tanto digitar houve um internauta que perdeu as impressões digitais, os intitulados pela psiquiatria como fomofóbicos e nomofóbicos. Socorra-me Deus, Eli, Eli, por que desamparaste os seus filhos das Redes? Verte razão, se bem pensado, porque gente que não estuda livro físico ou e-book de forma séria está fadado a danações da contracultura, à ignorância.
“Apague esse celular garotão, você já passou dos 30 e fica grudado nessas teletelas. Tome jeito ou não vai dar em nada”. Tipo aquele guapo sujeito que tem até bons livros ganhados de parentes e aderentes que um dia pensaram e o imaginaram que daria em alguma coisa. O indivíduo gastou erários da família, escolas de primeiro escore, passou de ano e isto também não é nenhum mérito. Fez curso superior de certo valor, enrodilhou o diploma e o guardou como relíquia.
E assim, já repimpado e engordado, tomado de antracitos, adiposidades e antracoides, anfractuosidades curvilíneas, possui na vitrina bons e variados tomos, tomados de amostra grátis de incentivadores parentais. Todavia, e em vias de fato com certos detalhes, estanques, novinhos em folha, poeirentos nichos de nifas de dermatófitos. Coisas do tempo. Gozado, não? Já o celular e mídias sociais andam sujos, riscados como andrajos de obreiros. Vá lá entender.
Com estes singelos e tacanhos prolegômenos e átrios de estímulo deixo minhas prolfaças e loas a todos que leem, que independentemente da formação escolar continuam em seu aprimoramento e evolução intelectual e moral. O importante é ter deixado o pitencantropo e se tornado naquele representante do sapiens, superior, racional e resolutivo, obreiro, produtivo. Isto, sim, digno de loas.
Referindo-se então ao O Filósofo e por falar sobre o homem (gênero). Para quem ler este artigo. Diz lá Aristóteles, homem social e político. Atente-se para os adjetivos social e político, porque eles ganham em importância. Social, porque o bicho humano necessita da companhia de outras pessoas, da interação com outros indivíduos da espécie e do grupo. E dependente, de maneira vital, de outras espécies animais no seu entorno. Mas, põem-se condicionantes. De preferência que essa interação seja regida de mutualismo, de cooperação e não regida por adjetivos de comensal e sevandija. Nada de vida ancilar, necatorideos, lupanar ou duodenal. Basta né!
Animal político. Esse qualificativo traz um significado polissêmico. Todavia, alguns merecem destaque. Dois sentidos ganham relevo. Tome-se o radical polis, cidade, cidadão e já tem um imenso valor participativo. Seria a estadia ou existência do sujeito no mundo, no meio social onde inserido, a família. Ser o indivíduo partícipe como membro do grupo e habitante da polis, cidade. Político vai nos remeter também às ciências da Administração do País, da Nação, do Estado. Todos somos políticos na hora de votar e decidir quem serão nossos governantes, nossos representantes no Congresso, nas Câmaras legislativas, nas Governadorias, etc, etc.
Quando se fala em um animal social e político pensamos que há um padrão do que seja normal, solidário, honesto e saudável. Toda relação social deve ser regida e fundada na norma do mutuário. Jamais com espírito de folgança, proveito, privilégios (primeiro o príncipe) e nessa conduta tirar vantagem do outro. E tal e qual comportamento se verifica em nossos entornos sociais.
E então entra-se para quem observa e estuda, entra-se no campo do patológico, do parasitário, do predatismo, do coitado, do desadaptado ou desafortunado, socialmente.
O bom e saudável do convívio humano é haver um equilíbrio nessas interações. Desafortunado ou infeliz é aquele ou ela, o sujeito ou sujeita, pessoa que chega em uma festa, um encontro gastronômico, um almoço, etc. E esse infeliz carece de tratamento diferenciado, privilegiado, de escora moral ou emocional.
Outro modelo encontradiço e cediço, os estudiosos e sociólogos sabem disso. O sujeito é convidado ou combinado para uma rega-bofe. Muita vez o sujeito já é um bofe. Imagina regado então. Em um bar, um restaurante, um espaço de alimentação. Todos se refestelam, repimpam do melhor e dos sabores a gosto. Se empanturra esse sujeito de vaca, de galinhas, de bebidas e chocolates. Mas, se sente leve e solto. Vai embora saciado e empachado. É o tal caráter, né! Não divide a conta dos gastos. Bom demais, não? Comer, se fartar, repimpar, empanturrar às custas de arrimos e capachos. Índoles de Pindorama, latina. Ai, que preguiça!! Macunaíma pura. Eli, Eli, lama sabactani.
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