PAINEL CULTURAL

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO é juiz de Direito titular da 9ª Vara Cível de Goiânia-GO.; graduando em Filosofia e em História; e, acadêmico de Jornalismo; autor de 15 livros de história regional, poemas, crônicas e Direito; ocupante de cadeiras no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), Instituto Cultural e Educacional Bernardo Élis (ICEBE), na Academia Goiana de Letras (AGL), Academia Goianiense de Letras (AGnL), Academia Dianopolina de Letras (ADL), Academia Aguaslindense de Letras (ALETRAS); e, membro da União Brasileira de Escritores (UBE-GO) – Seção Goiás; e, do Gabinete Literário Goyano. Contatos: @AbiliowolneyYouTube

‘O DIÁRIO DE Abílio Wolney’ [II – – SURGE ABÍLIO WOLNEY – O PRIMEIRO MANDATO DE DEPUTADO

[Em diferentes edições e capítulos, o JORNAL CIDADE publica O DIÁRIO DE Abílio Wolney, livro do articulista Abilio Wolney Aires Neto, lançado pela editora Kelps (Goiânia-GO.), em 2009

 

II – – SURGE ABÍLIO WOLNEY – O PRIMEIRO MANDATO DE DEPUTADO

 

Em 22 de agosto de 1876, nasceu Abílio Wolney [20, na Fazenda Taipas, município de Conceição do Norte, vindo nos primeiros dias da infância para São José do Duro, onde atingiu a adolescência nas fazendas do pai Joaquim Ayres Cavalcante Wolney.

O Cel. Joaquim Ayres Cavalcante Wolney nasceu em 07 de abril de 1854 na Fazenda Colônia, do distrito de Santa Maria de Taguatinga, então pertencente ao município de Arraias. Filho de Alexandre José Ayres e Maria Veneranda da Conceição, tinha como avós, Manoel Lourenço Cavalcante e Izabel Maria de Moura que, inicialmente, vieram de Pernambuco para o Piauí, onde se fixaram por alguns anos em Parnaíba indo depois para o Corrente. Com eles vieram a mãe de Manoel Lourenço Cavalcante e os filhos do casal, parecendo que a filha Maria Veneranda da Conceição nasceu em Pernambuco.

A família, por razões de natureza política, veio para a fazenda Registro, no município de Campo Largo, da província da Bahia. Conta-nos Osvaldo Póvoa que:

 

[…] o sobrenome Wolney foi adotado a pedido do avô Manoel Lourenço, que tendo lido o livro As Ruínas de Francisco Constanttino Chassebauf de Volney, que foi um homem de origem nobre, par de França, membro da Academia, nascido em Craon, sede do Condado de Mayenne, em 1757, gostou muito, tais as especulações filosófico-religiosas. Outro filho de Maria Veneranda também teria adotado o sobrenome Wolney. Tratava-se de Salustiano Ayres Cavalcante Wolney, que morreu sem deixar descendentes. [22

 

Os Cavalcanti têm sua história desde Guido Cavalcanti, chefe de escola de Florença (1265-1300), protegido de Dante Alighieri, contra quem se insurgiu quando galgou posição de mando. Séculos depois, foi Felipe Cavalcanti, filho do nobre João Cavalcanti e Genebra Magnelli, que se envolveu numa conspiração contra o poderoso Conde de Florença, cujo poder e prestígio obrigaram-no a fugir para Portugal e ainda, receoso de ser alcançado pelo braço do Conde, veio para Pernambuco, no ano de 1558. É desse Florentino que descendem os Cavalcante de Pernambuco, que vieram para o Duro.

Em 1801, os irmãos Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, depois Barão e Visconde de Suaçuna, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque e Luis Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque foram presos por conspirar contra o governo e tentaram a instauração de uma República com o possível apoio de Napoleão Bonaparte. Eles foram presos. Em Olinda, onde está Manoel Lourenço Cavalcante, estava um dos focos da conspiração. Temeroso de ser preso, Manoel Lourenço fugiu para o corrente do Piauí, já casado com Isabel Maria de Moura, onde devem ter nascido seus filhos. Em 1839, ele entrou em ligações conspiratórias com os Balaios do Maranhão, sendo por isso denunciado ao governo do Piauí. Fugiu para Campo Largo, na Bahia, onde fixou residência. Nessa ocasião veio até esta região para arrematar a Fazenda Colônia [21. Regressando a Campo Largo, doou parte da fazenda a Maria Veneranda da Conceição, sua filha, casada com Alexandre José Ayres. O casal veio morar na Fazenda Colônia onde nasceram todos os seus filhos.

Por volta de 1853/1854, já na Fazenda Colônia, Manoel Lourenço Cavalcante esteve em constantes atritos com religiosos da Missão do Duro, por questões de terra. Sua mulher Izabel Maria de Moura Cavalcante morreu em seus braços no dia 15 de abril de 1854 em São José do Duro. Ainda na década de 1850, Manoel Lourenço voltou para o Corrente do Piauí, onde morreu”. [22a

 

Manoel Lourenço Cavalcante – 1837 [23

 

O Cel. Joaquim Wolney carregava no sangue aquela inquietude, aquele espírito do bom aventureiro em busca de novas emoções, de novos horizontes, que sempre foi o estigma dos Cavalcante. Herdou boas extensões de terra a nordeste da província de Goiás, deixadas pelo seu avô, Manoel Lourenço Cavalcante, para os seus pais, e adquiriu outras durante a sua vida de homem muito trabalhador, pontuando as fazendas com casas-sede. Deu a elas, em número de quinze, os nomes de Sucupira, Porto Franco, Caetana, Buracão, Açude e Duro, no município de São José do Duro; Morro Branco, Jardim Colônia, Monte Alegre, Cabeceira Verde, Barreiros dos Timbós, Caraibal, Fundão, Jardim e Terezina, no município de Santa Maria de Taguatinga, nas largas extensões fronteiriças com os gerais da Bahia. Registros dão conta de que as fazendas ocupavam uma área de 124 quilômetros quadrados.

Nelas, relata Álvaro Mariante que,

 

[…] a par da agricultura, explorada na região, fazia-se grande criação de gado bovino, que abastecia a própria zona e parcialmente o Estado da Bahia. Era avaliado em 16.000 (dezesseis mil) o número de reses de propriedade de Joaquim Ayres Cavalcante Wolney. Traços da operosidade deste velho sertanejo faziam-se notar não apenas em suas propriedades como também ao longo dos caminhos que o viajante percorria. Em suas fazendas a indústria agrícola da região tinha já um certo cunho de adiantamento que não se encontrava na outras. Nelas se produzia tudo que os hábitos e necessidades do sertão exigiam, de sorte que seu proprietário, além de dispensar o concurso dos outros produtores da zona tornou-se-lhes grande fornecedor. Valados limitando propriedades, grandes e sólidos currais, encanamentos de água para labores agrícolas e domésticos encontravam-se exclusivamente em suas fazendas. [24

 

Alma de bandeirante, o velho Wolney era semeador de fazendas, vivia na montaria tocando o gado, fincando currais em suas terras naquele obscuro sertão, que pouco interesse despertava aos latifundiários goianos, fosse pela distância e pela falta de estradas, fosse porque, em razão disso, as terras eram praticamente doadas pelo Império, bastando para adquiri-las formular requerimento ao setor da Província de Goiás, que, de resto, procurava alguém suficiente para representante na região, assegurando o domínio do decadente império português-brasileiro.

Instalado o município de São José do Duro, em 1890, em virtude da morte de João Nepomuceno de Sousa, o Cel. Joaquim Ayres Cavalcante Wolney ocupou a chefia da administração como segundo Intendente (Prefeito) do recém-criado município.

Teve os seguintes filhos: Abílio Wolney, as gêmeas Josina e Josiniana, Ana Custódia e Joaquim Ayres Cavalcante Wolney Filho, o Wolneyzinho.

Historiadores atribuíram-lhe o mito de um senhor dono de feudo, com restolhos escravocratas, um suserano, enérgico senhor de muitas terras e gados, um capitão-mor que gostava de andar encourado como um vaqueiro qualquer. Tinha sala de armas e um velho canhão de bronze para sua defesa na Fazenda Buracão, “sua muralha, sua torre de domínio e de comando”. Nos tempos do Império, era liberal, de Partido. Seguiu sempre a direção política do coronel Joaquim Fernandes de Carvalho.

Na República, fez parte da dissidência de 1895. “Gostava da caça. Tinha uma saúde de ferro, só mais tarde abalada por uma úlcera”.

Apesar de suas ligações políticas, por nada deixava o torrão onde vivia, onde projetou-se e onde se fez criador de gado apascentado nas vastidões nativas dos sertões das gerais. Mantinha, por outro lado, forte vínculo com a Bahia, onde tinha amigos e muito prestígio.

Prova disso é que ele mesmo e seu filho, por conta própria, construíram em 1891, 300 quilômetros de estrada, ligando a Vila do Duro a Barreiras-BA, por onde os homens da região trafegavam com seus carros de boi, levando mercadoria para venda e comprando outras e gêneros para a subsistência. Mais tarde, Abílio Wolney reabrirá a estrada para o tráfego de veículos.

O Cel. Wolney era mesmo um apaixonado pelo trabalho. Não respeitava nem mesmo os dias santificados. Quando lhe diziam:

– Coronel, hoje é Quinta-feira Maior.

Ele respondia:

– Melhor. Pode-se trabalhar mais.

Por suas qualidades morais, longamente apuradas na existência patriarcal do sertão, o velho já havia sido Juiz Municipal, Delegado de Polícia e, também em 1890, exerceu o cargo de Conselheiro Municipal [25 em São José do Duro. Em 1892, já era Coletor Estadual e, em 1894, foi eleito Intendente [26 do município, cuja sede não passava de uma Vila com aproximadamente 30 casas. Nessa gestão, promulgou a Lei Orgânica nº 1, de 15 de setembro de 1894 e outras revolucionárias para a época.

Casado com Maria Jovita Leal Wolney, filha do Cel. Custódio José de Almeida Leal e Ana Benedita Teles Fernandes, foi morar na fazenda Taipas, do município de Conceição do Norte, de onde mudou sua residência para o distrito do Duro, ainda pertencente ao citado município, tornando-se rico fazendeiro. O Cel. Joaquim Wolney era ligado aos Teles Fernandes de Conceição do Norte e um cidadão sério, inteligente, dinâmico, comandante, consultor, de uma visão extraordinária, o que fez dele um homem rico, algo venerável nas barbas brancas que lhe davam um ar paternal, sempre cercado de familiares e homens também muito ricos.

Basta dizer que, em Conceição, o Coronel José de Almeida Leal, irmão de sua esposa, era um homem rico e político de prestígio, assim como o seu cunhado João Batista Leal, também grande fazendeiro, que adiante vai se casar com sua neta Anna Custódia Wolney. No distrito de S. José do Duro, para onde mudara sua residência, tinha como amigos e confidentes, além de parentes mais próximos, Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa e João Rodrigues de Santana, igualmente ricos fazendeiros.

De sociedade com o filho Abílio Wolney e às suas próprias custas, construiriam depois, em 1897, um conduto de água com bicas de coqueiro, numa extensão de 1.400 metros, tendo utilizado postes de até dezesseis metros de altura, posteriormente substituindo as bicas por encanamento de metal, com o que os postes perderam sua utilidade, mas permaneceram durante meio século como testemunhas da fibra do seu construtor. [27

A sua patente de Coronel veio com o Decreto 4.527, de 30 de agosto de 1902, do Presidente da República Campos Sales, que o nomeava Coronel Comandante da 4ª Brigada de Cavalaria da Comarca da Palma, com sede em São José do Duro. A patente respectiva foi expedida e assinada pelo Presidente Rodrigues Alves no ano seguinte.

 

Casarão dos Wolney. Foi construído pelo Cel. Wolney e seu filho Cel. Abílio Wolney.

 

Perspectiva lateral direita do Casarão, na Rua Cel. Abílio Wolney em Dianópolis (TO). A sua frente está para a atual Praça Cel. Wolney, antigo largo da Vila do Duro.

 

A fazenda Buracão, situada a duas léguas da Vila, é um vale cercado por morros, verdadeira fortaleza do Coronel, o dono do Casarão, uma das principais edificações da Vila.

Para o Duro veio na companhia dos irmãos, Eliseu, Manoel Ayres Cavalcante e Alexandre José Ayres Júnior, tendo o segundo construído outro Casarão no lado oposto do largo da Vila. Tinha outros irmãos, Salustiano, Belina, Orminda e Isabel Ayres Cavalcante, que tudo indica ficaram na companhia do seu pai, que morreu na Fazenda Colônia [28 em 14 de julho de 1887.

E se o velho Wolney vivia naqueles cafundós, no deleite da paz, tranquilo na felicidade de um sertão quase virgem, absorto da problemática da civilização, o seu filho começava a dar sinais dos pendores para a política. Aos 16 anos de idade, Abílio Wolney inscreve-se eleitor e se faz um articulador nato, com um discurso fácil, carismático e pedindo ao pai que o levasse a conhecer a capital do Estado.

Repontava um autêntico autodidata, de uma voracidade sem limites quando se tratava de leitura. Mandava buscar livros em toda parte civilizada, e ainda tinha tempo de corresponder-se com o poeta Augusto dos Anjos. Carpinteiro, veterinário, filósofo, gostava muito de agronomia e dos cálculos matemáticos. Era seleiro, sapateiro e requintado fazedor de gibões e perneiras. Tudo ele sabia fazer, e fazer bem, embora jamais houvesse alisado bancos de escola ou de academia. [29

Estava evidente que o menino era precoce, um homenzinho conversador, loquaz, que vocacionado e embalado pelo pai, aos 18 anos de idade, candidatou-se e foi eleito para o primeiro mandato de deputado Estadual em 1894, rumando para a capital de Goiás, a fim de assumir e exercer as funções inerentes ao cargo. [30

O danado do menino foi mesmo, e foi contando vantagem, agora sonhando com uma carreira, que lhe acenava com os albores de Chefe do Poder Executivo no novel Estado, embora todos estivessem vendo que não passavam de arroubos do jovem deputado, que tinha o pai pasmado de admiração e orgulho. Era mesmo muita pretensão para um pequeno sertanejo empolgado, mas não seria dos temperamentos da sua ordem que se formavam os diretores de povos, os líderes políticos?

Abílio Wolney não tinha formação escolar além da primária e tudo o que aprendeu a mais foi como autodidata. Contudo, ousaria. “Ouvia do povo que era político, que nasceu feito”. [31

Construiria, ao longo da vida, uma biblioteca de mais ou menos 20 metros de armários e estantes de livros, com cerca, dentre outros, de 3.000 títulos, em idiomas como inglês, francês e espanhol. “Teve que aprender sozinho pelo menos o básico desses idiomas para ler os livros de História, Direito Comparado, Medicina, Agrimensura, Farmácia, Poesias e Romances que não estavam no vernáculo.” [32

E lá se foi caminho afora, arrebatado por aquela ideia, impressionando pela firmeza, nunca abalada, e seguindo para um objetivo fixo, com finalidade irresistível.

Não demora e vamos vê-lo um homem de palavra, que seria muita coisa na vida, capaz de morrer por um parente ou um amigo, pois era leal e incapaz de traições.

Deixava o Duro, onde ele e o pai, Joaquim Wolney, eram os conselheiros consultados por todos que os procuravam, cujas opiniões eram, em regra, seguidas ao pé da letra.

Debutava no parlamento. Ao chegar na capital, fez prova na Ordem dos Advogados do Brasil, tornando-se advogado sob o nº 33 de inscrição. Como Evaristo de Morais e outros grandes, foi um dos poucos advogados provisionados pela Ordem que não eram formados. Suas peças jurídicas seriam, como o foram, de redação escorreita, profundas no conteúdo jurídico, de base doutrinária e jurisprudencial, e embaladas na eloquência do seu patrono, que advogaria por toda a vida.

 

 

Cel. Joaquim Ayres Cavalcante Wolney, pai de Abílio Wolney (Acervo da Dra. Maria Jovita Wolney Valente).

 

 

Joaquim Ayres Cavalcante Wolney (Fotografia do acervo de Frederico Garcia Wolney, cedida pela neta Mariazinha Wolney Cavalcante).

 

Dizia sonhar com a Faculdade de Direito em São Paulo ou Medicina no Rio.

Não se divertia. Gostava de caçar e não tinha tempo para isso.

Gostava de pescar, mas não pescava. Adorava os seres humanos, os animais, os cachorros principalmente, e tinha verdadeira devoção pelas crianças.

Com os seus pendores de polímata, atuava com brilho nas diversas áreas do conhecimento, reunindo diversas qualidades, como se colocasse para trabalhar em harmonia áreas distintas do cérebro, que a melhor psicanálise hoje explica.

Foi assim que obteve licença dos Conselhos de Medicina e Farmácia para atuar nas áreas, depois de fazer cursos práticos na Bahia, inclusive para pequenas cirurgias, montando uma farmácia na Vila, onde dava consultas e passava remédios manipulados na farmácia que fez com aquisições em Barreiras, Salvador e no Rio de Janeiro, sendo o único médico e parteiro naquele ponto esquecido do Estado, cujos ofícios deixou em razão da eleição, ficando a farmácia com o empregado e primo Sebastião de Brito Guimarães.

A política era a sua paixão maior, e seria também o seu calvário. O nordeste goiano não tinha um representante no plano da política estadual, composta que, em tese, seria pelos chefes políticos regionais, elo entre o município e o Executivo Estadual. Era clara a inexpressividade do Norte, o seu abandono pelos poderes públicos, vocacionados ao domínio político da Capital.

Emergido de uma região esquecida, ligada economicamente ao sertão baiano, também pobre, Abílio Wolney exercerá dois ou três mandatos de Deputado Estadual na Cidade de Goiás – Goiás Velho – na sua antiguidade bandeirante, a Vila Boa imperial, fundada pelo Anhanguera, “irreverente cidade, impostora e sempre vivente à sombra do poder.”

Pagará caro por ter chegado tão longe…

O primeiro golpe veio em 1900, no intercurso da sua vida pública, quando foi eleito Deputado Federal, por Goiás e pela Bahia [33, todavia depurado numa conspiração de inimigos políticos.

Depois, em 1913, teria sido eleito para um quarto mandato de Deputado Estadual em Goiás, mas também depurado por fazer oposição ao grupo de Totó Caiado e seu cunhado, Eugênio Jardim, encerrando a faina político-parlamentar, após escorchado pelos donos do novo regime.

De volta à sua terra, vamos vê-lo, em 1918, nas trincheiras da resistência à oligarquia Caiado, no meio do ‘Barulho’ com as autoridades prepostas do Governo em São José da Serra do Duro. [34

Em junho de 1919, ingressa na ordem da Estrela do Oriente, loja maçônica na cidade do Rio de Janeiro, que frequentava nas viagens que fazia na capital federal.

É assim que viaja o nosso personagem embalsamado em livro, nos seus lances heroicos, entre esplendores e tribulações, certo de que as coisas assumem maior relevância quando relacionadas com acontecimentos de destinos humanos.

E o tempo, esse escritor intempestivo gravou, no decorrer da sua estrada, o registro da sua história…

Daí ser preciso reescrever a história do legendário Abílio Wolney, dando-lhe a grandeza que reclamava e merecia, convertendo em obra de arte a existência desse monstro sagrado; obra lírica, humana e épica, como épica, humana e lírica foi a sua passagem pelo dorso terrestre. [35

 

 

[20 O seu nome original seria Abílio Ayres Leal Cavalcante, conforme um Documento Escolar Primário e informal. (Assim narrou o Prof. Osvaldo Rodrigues Póvoa ao autor). Abílio teria passado a usar o nome Abílio Wolney ainda adolescente e prosseguiria utilizando-o na vida pública, no exercício da advocacia provisionada, em Escrituras, documentos oficiais e nos atos civis.

[21 Hoje, cidade de Novo Jardim (TO).

[22 AIRES, Voltaire Wolney. Abílio Wolney, Suas Glórias, Suas Dores, prefácio do prof. Osvaldo Póvoa.

[22a Idem.

[23 Pintura extraída do livro Os Cavalcante do Corrente, de Socorro Rocha Cavalcanti Barros, Grafiset, Teresina, 2003, pág. 14vº.

[24 Relatório Federal do Major Adjunto do Estado-Maior, Álvaro Guilherme Mariante ao Ministério da Guerra, com pequenas alterações pelo autor na conjugação dos verbos para o pretérito. A respeito, temos no prelo o livro O Duro e a Intervenção Federal – Relatório ao Ministro da Guerra.

[25 Hoje, vereador.

[26 Prefeito.

[27 PÓVOA, Osvaldo Rodrigues. Quinta-Feira Sangrenta, edição comemorativa do Centenário de Dianópolis.

[28 A antiga Fazenda Colônia passou a Fazenda Jardim, onde Abílio Wolney tinha parte e herdou outro tanto do pai. Hoje, aquele território é o município de Novo Jardim (TO), como já anotamos. Outra curiosidade é que a Fazenda Taipas, que também pertenceu a Abílio Wolney é hoje a cidade de Taipas (TO); e as terras do município de Porto Alegre (TO), de igual modo, foram de Abílio Wolney.

[29 MACÊDO, Nertan, Abílio Wolney, Um Coronel da Serra-Geral.

[30 Em 1894 nasceu o seu irmão Joaquim Ayres Cavalcante Wolney Filho, o Wolneyzinho, que, em 1918, aparecerá na arena de um grande fatídico.

[31 Colocações de Coquelin Leal Costa (Coque).

[32 Conforme noticia Nertan Macedo em texto avulso de 1975.

[33 A eleição pela Bahia é uma informação obtida por tradição oral.

[34 Constará do livro O Barulho e Os Mártires, do autor, a explicação das expressões “ali tem barulho” usadas pelas testemunhas nos autos do processo e demais pessoas, que das janelas e das portas de suas casas viram ou ouviram a alteração de vozes e a movimentação na porta da Casa de Audiências, no dia 16 de maio de 1918, no caso do inventário de Vicente Pedro Belém, conforme narrativa à frente.

[35 Metáfrase da carta do jornalista José Leal no prefácio do livro Abílio Wolney, Um Coronel da Serra Geral, de Nertan Macêdo.

 

[Continua na próxima postagem quinzenal, com a publicação do Capítulo III

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