PAINEL CULTURAL

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO é juiz de Direito titular da 9ª Vara Cível de Goiânia-GO.; graduando em Filosofia e em História; e, acadêmico de Jornalismo; autor de 15 livros de história regional, poemas, crônicas e Direito; ocupante de cadeiras no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), Instituto Cultural e Educacional Bernardo Élis (ICEBE), na Academia Goiana de Letras (AGL), Academia Goianiense de Letras (AGnL), Academia Dianopolina de Letras (ADL), Academia Aguaslindense de Letras (ALETRAS); e, membro da União Brasileira de Escritores (UBE-GO) – Seção Goiás; e, do Gabinete Literário Goyano. Contatos: @AbiliowolneyYouTube

JOSÉ FERNANDES, o professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal de Goiás

Ao assumir a Cadeira 26 do Instituto Cultural e Educacional Bernardo Élis Para os Povos do Cerrado (Icebe), da qual é Patrono José Fernandes, coube a este articulista a tarefa de atualizar a biografia desse valoroso homem, tal a sua importância no meio cultural e a relevância dos seus serviços prestados à humanidade no espaço onde foi plantado para assumir a cátedra do magistério e produzir literatura em diversas obras e artigos durante os melhores anos da sua vida.

Nascido a 18 de março de 1946, em Alto Rio Doce, Minas Gerais, José Fernandes era graduado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Viveu uma existência cheia de atividades, escritor consagrado, poeta integrante de várias instituições beletristas do Estado de Goiás e morreu no dia 22 de fevereiro de 2018 deixando uma biografia que vale a pena ser lida como exemplo de vida.

Foi professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de 1973 a 1983, e da Universidade Federal de Goiás, de 1983 a 1995, quando se aposentou.

Professor convidado do Departamento de Letras da Fundação de Ensino Superior de Rio Verde.

A partir de 1966 passou a ser docente da Universidade Salgado de Oliveira (Universo).

Por ocasião do seu retorno à outra vida, escreveu o jornalista Euler Belém [1]:

José Fernandes era um intelectual clássico. Não sabia de tudo, mas sabia de quase tudo (inclusive latim). Conhecia literatura brasileira e internacional como poucos. Falava com facilidade sobre escritores díspares, situando-os, com perspectiva abrangente, tanto no contexto histórico quanto no literário..

E acrescenta:

Há modas. Uma delas: há pesquisadores que se especializam no estudo de teorias, mas conhecem muito pouco de literatura. José Fernandes era um intelectual diverso – conhecia literatura e teoria literária como poucos (viveu para o mundo da cultura). Falava sobre existencialismo como se fosse o assunto mais simples do mundo.

Conhecia tão bem a literatura dos grandes escritores portugueses e brasileiros, como Camões, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Erico Verissimo, Osman Lins.

Escreveu belamente sobre a prosa do escritor goiano Ursulino Leão.

Era um grande crítico e, também, um grande leitor. Apreciava postar poesias de qualidade no Facebook. Apreciava filosofia e sabia muito sobre, por exemplo Jean-Paul Sartre.

Além do crítico, é preciso lembrar do José Fernandes poeta, capaz de altos voos, de rara sofisticação. Manejava a linguagem como poucos.

José Fernandes foi colaborador do Jornal Opção. Escreveu ensaios notáveis, um deles sobre Ursulino Leão. Homem brilhante, fará falta.

Politicamente, era um crítico contundente dos desmandos nacionais (Euler de França Belém).

Livros de José Fernandes:

+ A Polifonia do Verso (coautoria com Orlando Antunes Batista), de 1978.

+ O Poeta da Linguagem, de 1983.

+ O Poeta do Pantanal, de 1984.

+ O Existencialismo na Ficção Brasileira, de 1986.

+ A Loucura da Palavra, 1987.

+ Dimensões da Literatura Goiana, de 1992.

+ O Poema Visual, de 1996.

+ Técnicas de Estudos e Pesquisas, de 1999.

+ Assombramento, de 1999.

+ Cicatrizes Para Afagos, de 2001.

+ O Selo do Poeta, de 2005.

+ Água Mole, de 2005.

+ A Linear do Ponto G, 2011.

+ Foi revisor da Revista da Academia Goiana de Letras.

Por ocasião da sua morte, dentre outras pessoas, escreveu Suellen Moreira, mestre em literatura:

Um grande mestre foi brilhar nos céus; foi traçar seus versos em outra dimensão! Expresso meu carinho eterno pelo senhor e condolências à sua família… Admirável professor, amigo, crítico literário, poeta da linguagem, homem sensível, artista da palavra. Nunca esquecerei de sua atenção e amor na graduação em Letras, bem como na construção da minha dissertação de mestrado. Abriu pra mim sua casa, biblioteca, seu tempo, seu recanto familiar e prestígios na ética docente. Amo ler seus signos, navegar na semiótica das entrelinhas de seus escritos… Prazer ter seu nome intitulado junto ao meu Ms. Carregarei para sempre. José Fernandes, descanse em paz..

A pessoa de Ivone disse:

Oh, amigo, a sua ausência está doendo muito. A sua poética será eterna.

Poucos literatos souberam tanto quanto José Fernandes. Estudioso de Manoel de Barros, José Fernandes escreveu o primeiro estudo científico sobre o “menino que colocava o rio no bolso..

No mesmo tom, anotou Sheyla Veneziani na mesma ocasião:

Meu professor amado! Que me fez encantar pela literatura!

José Fernandes foi um arrebatado tribuno e pronunciou centenas de Conferências no País e no exterior. Publicou inúmeros artigos em jornais, revistas nacionais e estrangeiras além dos seus livros.

Dentre os diversos prêmios literários recebidos, destacam-se o Troféu Tiokô, 1994; Medalha Colemar Natal e Silva de Honra ao Mérito, outorgada pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado de Goiás, Personalidade Cultural de 2004, conferido pela UBE-Rio de Janeiro.

Distinguem-no também os honrosos títulos de Cidadão Goiano e Goianiense, concedidos pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, em 18 de outubro de 2004, e pela Câmara Municipal de Goiânia, em 6 de junho de 2002..

 

Nota do articulista:

Fontes:

Jornal Opção, 22/02/18

Fernandes. José. Água Mole, Goiânia 2005, Kelps.

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