Niquelândia: mirando trabalho satisfatório com ganho ambiental, Rogério Pacheco assume secretaria

Novo secretário municipal do Meio Ambiente niquelandense, Rogério Pacheco comenta em entrevista temas variados sobre a Pasta e afins, mais as características do trabalho dele, adepto da coletividade.

Rogério Pacheco: “Agradeço a confiança do prefeito Eduardo Moreira de nos conceder essa oportunidade em Niquelândia, Município de grande extensão territorial, mas também grande na questão cultural, na questão ambiental” – Fotos (Arquivo), inclusive da home: Divulgação

 

Para o secretário em Niquelândia, se o meio ambiente tem um ganho, toda a comunidade é beneficiada

 

Ambientalista sangue verde, Rogério Pacheco (dir.) avalia que trabalhar em equipe e através de parceria são fatores fundamentais para obtenção de sucesso

 

“Temos algumas décadas de vida, né?!? Delas, quase 40 anos trabalhando com as questões ambientais, e eu já ganhei oportunidade de trabalhar, realmente, em vários Municípios”, salienta o novo auxiliar do escalão central da Prefeitura de Niquelândia – Imagem: Superintendência de Comunicação/Prefeitura de Niquelândia

 

Afirmando estar empenhado em “conseguir fazer um trabalho satisfatório, para que o ganho maior seja o ganho ambiental”, Rogerio Augusto Pacheco passou a comandar em Niquelândia, maior localidade territorial de Goiás, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, após convite do prefeito Eduardo Moreira (Novo) e detalha: “A gente fala no passivo ambiental: é aquele processo que, ao final de todos os procedimentos, o meio ambiente tem um ganho e, com isso, a comunidade em geral seja beneficiada”.

Secretário nas duas últimas gestões uruaçuenses (Turismo; e, Meio Ambiente), ele – gestor ambiental e pós-graduado em Licenciamento e Auditoria Ambiental –, também lembra (e relembra), em entrevista ao JORNAL CIDADE, trabalhos empreendidos na oportunidade, além de outros desenvolvidos anteriormente.

Leia a entrevista com Rogério Pacheco, que, segundo a Prefeitura, ‘reconhecido por sua competência, responsabilidade e visão estratégica, chega com o objetivo de fortalecer as ações de preservação, promover o desenvolvimento sustentável e implementar projetos inovadores que beneficiem toda a população’.

 

Como se sente com a oportunidade de atuar em mais uma gestão municipal?

O sentimento de atuar em mais uma gestão é de gratidão, pela oportunidade de a gente trabalhar com aquilo que – independentemente da minha formação acadêmica –, sou apaixonado. É ambientalista mesmo, sangue verde! Eu agradeço a confiança do prefeito Eduardo Moreira de nos conceder essa oportunidade de estar prestando serviço em Niquelândia, Município de grande extensão territorial, mas também grande na questão cultural, na questão ambiental. Uma oportunidade que eu só quero agradecer mesmo, e pedir a Deus poder ter saúde para conseguir atender de maneira excelente.

 

Ser secretário de Meio Ambiente do maior Município goiano em extensão territorial é um diferencial a mais. Comente.

A gente procura atender com a equipe. Hoje, graças a Deus, nós temos uma equipe multidisciplinar, formada com técnicos, como engenheiros ambientais, biólogos, engenheiros, florestais, técnicos em mineração. Eu estava atuando como gestor ambiental – havia passado em processo seletivo realizado no início do ano –, mas, realmente a gente procura atender as demandas. Têm as demandas induzidas, aquelas que vêm do Ministério Público [MP], de denúncias, e as demandas espontâneas, quando fazemos diligências, em parceria, ainda mais devido ao fato de o Município ser muito grande. Parceria com o Corpo de Bombeiros, com a Polícia Ambiental, com o próprio Ministério Público, para podermos atender as demandas. Também fazemos uso de tecnologia, como o monitoramento através de satélites, úteis, da mesma forma, para fazermos visitas in loco. Mais a atuação na questão da educação ambiental. Quando comecei a trabalhar na Prefeitura de Niquelândia, fizemos uma bastante diversificada Semana do Meio Ambiente, com participação de escolas, e aqui tem também o Colégio Militar [Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Paulo Francisco da Silva]. Acreditamos muito que tudo começa pela educação, e a questão ambiental não é diferente. Olhamos, ao mesmo tempo, a questão de alguns programas e projetos, para darmos conta de prestar atendimento.

 

O senhor já se identificava com Niquelândia, através de distintos trabalhos, e, atuando na própria Pasta que agora assume. Isso facilita o trabalho?

Sem dúvida! Tenho uma trajetória com atuação em várias representações, inclusive trabalhando pela Agência Brasileira de Meio Ambiente e Tecnologia da Informação [Ecodata], e muitas vezes prestando serviço para o governo federal, através de Ministérios, principalmente do Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Integração Nacional, tive a oportunidade de estar trabalhando no Município de Niquelândia, pelo qual tenho um carinho muito grande. Lecionei aulas aqui por bastante tempo, na época do projeto Na Rota da Biodiversidade do Cerrado, quando capacitamos várias pessoas, no aproveitamento do cerrado inteiro. A gente teve a oportunidade de fazer muitas amizades aqui, que eu mantenho até hoje! Além da questão de estar conhecendo parte da localidade, como eu citei aqui, é maravilhoso o Município! A gente olha muito pela questão hídrica, a questão do cerrado também, aproveitamento dos frutos do cerrado, o cerrado em pé. Mas, principalmente a questão hídrica. O rio Bagagem, que nasce em Formosa [cidade goiana do Entorno do Distrito Federal]… Tem o sítio Bagagem, que tem o nosso amigo Manoel do Muquém [Manoel Alves Gomes Júnior, professor do campo e agricultor], que faz trabalho extraordinário. É uma unidade de conservação, onde ele tem um viveiro. É uma reserva também, com proteção, onde o mesmo recebe alguns animais silvestres da região, em parceria com o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], e faz ainda parte da agricultura familiar de Niquelândia. Ele fez recente parceria com uma empresa da China, conseguindo recurso para construir um viveiro para 100 mil mudas. Tem uma Associação, com funcionamento de uma Feira, todas terça-feira, da qual eu sou cliente. É muito diversa a questão ambiental no Município, além do Legado Verdes do Cerrado, da Votorantim [Reserva Privada de Desenvolvimento Sustentável gerida pela empresa – ou sua empresa ligada, Reservas Votorantim, somando 32 mil hectares], parceria da Votorantim Metais [que, fundida com a peruana Milpo, se transformaram na Nexa Resources], com a CBA [Companhia Brasileira de Alumínio], onde nasce o rio Traíras, e percorre 94 quilômetros dentro desse espaço. O local de captação é logo abaixo, o fornecimento de água para abastecimento público de Niquelândia. Tudo, bastante protegido. Estamos articulando com alguns parceiros para a realização de estudo ambiental sobre o rio Bacalhau, que nasce na zona rural e corta toda a zona urbana, visando realizar a recuperação deste importante corpo hídrico…

 

…Uma riqueza ambiental dentro de Goiás, no meio do Brasil…

…Então!… E, a gente já entrou em contato com o Ministério Público, para darmos seguimento, aqui, ao Ser Natureza, que é um projeto do Ministério Público, através do qual conseguimos fazer trabalho importante em Uruaçu, cercando 100 nascentes do rio Passa Três. Fizemos de tudo para ajudarmos nas causas dos recursos hídricos – esse fechamento, cercamento de nascentes também envolveu córregos, sempre em parceria com o Ministério Público, com outras instituições. Tem que ser em parceria, pois não fazemos nada sozinhos! Sobre essa oportunidade de trabalhamos na Pasta do Meio Ambiente, igualmente a questão não é só a parte burocrática, mas também o ato de a gente estar deixando um legado. É algo que eu aprendi com a prefeita Marisa [Araújo, de Uruaçu – gestões 2001-2004 e 2005-2008], pois ela sempre falava: Não sou prefeita, eu estou prefeita. Da mesma forma, a gente não é secretário municipal, a gente está secretário. O objetivo é maior quando termina o mandato: a gente deixar um legado. Um bem maior para a comunidade em geral dos Municípios pelos quais a gente passa…

 

…Voltando ao seu currículo em si, sua atuação tem histórico bem amplo!

Temos algumas décadas de vida, né?!? Delas, quase 40 anos trabalhando com as questões ambientais, e eu já ganhei oportunidade de trabalhar, realmente, em vários Municípios. Tive a oportunidade, quando estava à frente, como agente de desenvolvimento do projeto Na Rota da Biodiversidade do Cerrado, de trabalhar em 22 Municípios de Goiás. Como era? Ia à frente, depois dos instrutores, para capacitar as pessoas tirando proveito do cerrado em pé. Isso, ensinando, principalmente nos assentamentos, a pessoa fazer, principalmente, o viveiro das mudas nativas, depois fazer o aproveitamento dos frutos do cerrado, que é um bioma maravilhoso, através da fauna e da flora, em especial a questão dos frutos do cerrado. Fazer o aproveitamento do pequi, do baru, da mangaba, da cagaita, da mama-cadela, além de mais de duas mil e quinhentas espécies de plantas medicinais…

 

…Como é a questão de ser pai?…

Além de proporcionar tudo isso que relatei, e muito mais, o cerrado é o pai das águas, nele é onde nascem as principais nascentes que fornecem a água para o Brasil todo, principalmente a bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins. É onde que a gente está inserido…

 

…Seu trabalho englobou também outras Unidades da Federação, e distintas gestões municipais. Comente!

Pude trabalhar também no próprio Distrito Federal, lá no Arco das Nascentes, e em parte de Minas Gerais também, mas, mais focado na região Norte de Goiás. Sou grato também em função das oportunidades que tive de trabalhar em Uruaçu nas gestões do prefeito Valmir Pedro [2017-2020 e 2021-2024], na gestão do Lourenço [Filho – 2009-2012], e trabalhar com a Marisa, quando a gente teve a oportunidade de fazer parte da construção do Memorial Serra da Mesa, uma obra histórica e que ficou marcada nos governos dela, deixando o legado para contar a história do lago Serra da Mesa, desde o início da época dos índios, avá-canoeiros, outros índios, depois da questão do garimpo, depois da pecuária, depois da cozinha, do aproveitamento da água através das hidrelétricas. Isso está materializado naquele mosaico de pedras, na entrada do Memorial. Sempre procuro fazendo um bom trabalho, e como havia citado antes, para realmente, que as cidades tenham a oportunidade de trabalhar, que tenham o legado, que tenham o ganho ambiental. Não é só fazer, ficar despachando processos, lidando com a parte burocrática!…

Nota da Redação: sobre o Arco, trata-se de projeto de parceria socioambiental que visa proteger a segurança hídrica do DF, envolvendo o Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (CIRAT) e o projeto Arco das Nascentes do Paranoá. Em dimensão maior, Arco das Nascentes denomina também, segundo resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), espaço localizado ‘na região de confluências das 07 principais regiões hidrográficas brasileiras: Amazônica, Paraguaia, Paraná, Tocantins-Araguaia, São Francisco, Paranaíba e Atlântico NE Ocidental que contempla grande parte das áreas prioritárias para conservação dos recursos hídricos conforme PPCerrado/MMA’, em texto que considera, ainda, que ‘o Arco das Nascentes sobrepõe os estados de MT, MS, RO, GO, MG, BA, TO, PI, MA, e o DF no divisor de águas das principais regiões hidrográficas brasileiras onde estão localizadas as áreas de grande concentração de produção de soja no Brasil…’

 

Outro destaque no seu comando da Secretaria Municipal de Meio Ambiente uruaçuense, dentro dos governos Valmir Pedro, versou sobre resíduos sólidos.

Na questão do gerenciamento de resíduos sólidos, a gente também teve atuação grande, em Uruaçu. Questão importante, a da legislação do meio ambiente em todo o Brasil. Hoje é o gargalo da maioria dos Municípios! O gerenciamento de resíduos sólidos em Uruaçu, igualmente em todo Município, é algo sério! Por isso, trabalhamos muito para estarmos atendendo a legislação, tanto a Lei Federal 12.305/2010 [que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos {PNRS} e define instrumentos e diretrizes para a gestão integrada de resíduos sólidos no território brasileiro], quanto o decreto lei estadual 10.367, de 2023, que fala sobre o encerramento dos lixões [a meta: acelerar o encerramento de todos os lixões municipais em Goiás e a criação de aterros sanitários adequados, visando cumprir o prazo estabelecido pela legislação federal. O decreto estabelece prazo de transição para que os Municípios requeiram o licenciamento ambiental para encerramento, iniciem a reabilitação das áreas degradadas e implementem a coleta seletiva, sendo o objetivo inicial o requerimento das licenças até 2 de agosto de 2024, prazo que foi posteriormente dilatado pela Lei Complementar 196/2024].

 

Essa causa não está se estendendo demais em todo o Brasil?

Os preceitos brasileiros precisam ficar atentos sobre isso, para não terem problemas com a questão criminal, a questão de improbidade administrativa. Foi esse trabalho que a gente procurou realizar em Uruaçu, tentando executar com excelência no Município. Conseguimos estar cercando o lixão, colocando a guarida, construímos e inauguramos um dos maiores Centros de Triagem de Coleta Seletiva do Estado de Goiás. Uma área de 10 mil metros quadrados, com parte administrativa, com refeitório, com vestiários masculino e feminino. São dois grandes galpões, um para fazer a triagem lá mesmo, com as prensar, e outro para o depósito. Iniciamos também o processo da coleta seletiva, deixamos 70 ecopontos instalados. Iniciamos a coleta seletiva através do caminhãozinho. Capacitamos as pessoas que estavam trabalhando no lixão, tiramos elas do lixão. Criamos a Cooperativa, e demos início aos procedimentos para elas começarem a trabalhar no Centro de Triagem. Foram capacitadas através de um plano de negócio, via Sebrae Goiás [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas], depois em parceria com a Secretaria de Estado da Retomada, quando os capacitamos, em sala de aula, com ensino de qualidade, material didático, ar-condicionado, lanche. Viabilizamos um protocolo de intenções com o IFG [Instituto Federal de Goiás – Câmpus Uruaçu], através da Professora Andreia [Alves do Prado], então diretora, que nos deu total apoio. Creio que concluímos o gerenciamento de resíduos, entregamos de forma satisfatória. Fizemos muito mais. Isso aqui é um resumo! Ademais, fica a orientação para que os gestores tenham o olhar ambiental. É o que a gente está tendo também agora, fazendo esse trabalho em Niquelândia!

 

Mais alguma observação, filho do saudoso casal João Augusto Pacheco/Arminda Machado Pacheco??

Só agradeço, mais uma vez, o nosso prefeito de Niquelândia, pela confiança de a gente estar chegando, agora no cargo de secretário, para somar, para que realmente, enquanto estivermos atuando, possamos conseguir fazer um trabalho satisfatório, para que o ganho maior seja o ganho ambiental. A gente fala no passivo ambiental: é aquele processo que, ao final de todos os procedimentos, o meio ambiente tem um ganho e, com isso, a comunidade em geral seja beneficiada. Eu só tenho também que agradecer a oportunidade por esse espaço a mais no JORNAL CIDADE, veículo de comunicação do qual sou um grande admirador!

 

(Jota Marcelo. Colaborou: Márcia Cristina. Com correção e com acréscimos/alterações de dados)

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