‘Mauricinho Hippie’ – Da Redação
Mauricinho Hippie, um versátil e talentoso artista importante e de grande valor em Goiânia, com ampla atuação na cena da capital ao longo de cerca de 30 anos.
No domingo 10 de novembro de 2024, morreu Maurício Vicente de Oliveira, o Mauricinho Hippie, artista importante e de grande valor em Goiânia, com mesclada atuação na cena da capital de Goiás entre as décadas de 1960 e 1990.
Na reportagem Mauricio Hippie, o Homem que Coloriu Goiânia, o jornalista, compositor, escritor, poeta, produtor Carlos Brandão – outro gênio com atuação em Goiânia –, publicou em 30 de julho de 2011 no Jornal da Imprensa (o texto completo pode ser acessado aqui!):
Maurício, com 12 anos, foi estudar acordeom, influenciado pela família, numa escola badalada na época, Academia Mascarenhas. Ficou lá por seis anos. Ainda fez teoria e solfejo, no antigo Conservatório da UFG. Fez ainda o curso livre de artes, na Escola de Belas Artes, mas parou no primeiro ano. Ao final dos estudos, tocava piano, acordeom, órgão e violão. Fazia pinturas e desenhos, além de muita poesia. Mesmo tendo estudado música, ele conta que compôs apenas quatro ou cinco músicas.
Uma delas, Guerra Nuclear, defendida no palco do Cine Teatro Goiânia, durante o 1º e único Festival Universitário de Música Brasileira. Nesse festival, Maurício mostrou sua canção vestindo uma roupa preta e envolvido por um terço com imensas contas prateadas. Nas mãos uma cruz negra, gigante. Nem precisa falar do frisson que isso causou naquele final dos turbulentos e criativos anos 60. Quase 20 anos depois, assistindo Nina Hagen, cantora alemã que carregava uma cruz durante seus shows, no velho Estádio Olímpico, Maurício virou pra esse repórter e brincou: “Brandão, se lembra da cruz que eu usei no festival? Humilhava essa da Nina”.
Ousado, contemporâneo e criativo, Mauricinho Hippie logo se tornou uma personalidade na cidade que o acolheu, logo que veio de sua terra natal, Araguari, com cerca de nove anos. Sus incursões pela música ainda o levaram a dois grupos: Santofício, ao lado de Wanda Almeida e Adalto Bento, e “um grupo musical do Mauri de Castro, que se chamava, se não me engano, Aroeira”. As pinturas e desenhos, ele vendia nas feiras. Falar em feira, Maurício foi um dos fundadores da Feira Hippie.
“A gente expunha as mercadorias, somente artesanato e artes plásticas, no Parque Mutirama. Foi lá que começou a Feira Hippie. Eram cerca de 20 a 30 pessoas. Me lembro que o artista plástico Tancredo Araújo era um deles. Depois a Feira se mudou para a Praça Cívica e em seguida, para a Avenida Goiás. Eu fui até a fase da Avenida Goiás. Depois parei, quando a feira deixou de ser hippie”, comenta. As poesias de Maurício renderam um livro, As Bruxas, lançado no final dos anos 80. “Cheguei a ensaiar duas peças de teatro, ‘Gimba’, com Cici Pinheiro, e ‘Apocalipse’, com Carlos Fernando Magalhães, mas não fui até ao fim, não cheguei a me apresentar”.
Da Redação do JORNAL CIDADE, via editor-geral Jota Marcelo. Com fonte citada (Carlos Brandão)
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